A estela romana serve de pretexto para uma viagem no passado longínquo de Angueira e tentar estabelecer a origem dos povos ou tribos que a habitaram e que, em termos temporais, nos precederam e legaram muitas das nossas ideosincrazias.Todavia, nem tudo o que foi escrito por individualidades da mais elevada craveira intelectual corresponde à verdade dos factos. Assim, é comummente aceite a ideia proposta pelo Abade de Baçal(descrita no Livro sobre Vimioso) de que um certo general manifestara a intenção de ser sepultado no recinto da Capela de São Miguel, após confrontos violentos com os mouros. O achado no perímetro desta capela e a descoberta deste achado (estela romana) foi publicada sob a forma de um artigo no jornal Nordeste Transmontano de 13.07.1989. A descoberta deste achado começou por estabelecer uma ideia pre-determinada associada ao hipotético comandante militar e também a uma necrópole romana. A análise mais detalhada da estela foi levada a cabo pelo arqueólogo B. Afonso, indicando que o texto era ilegível, dada a sua degradação. Outros arqueólogos (Coimbra e Comenero, entre outros) referem-se a este achado, referindo todavia que a inscrição a existir era ilegível e, portanto, não poderia chegar-se a uma conclusão definitiva. Coimbra baseia-se na afirmação de Afonso sobre a ilegibilidade de eventual texto nela gravado inicialmente, tomando Coimbra e Comenero por adquirido que a ilegibilidade de eventuais gravações de texto não permitiriam avançar na sua interpretação e a sua história pareceria, a esta luz, totalmente perdida. Agradecimentos são devidos a todos estes profissionais na divulgação deste achado.Convém reconhecer que, à data dos factos , as tecnologias de análise envolvidas eram incipientes e hoje existem meios, acessíveis a todos, que permitem uma análise cuidadosa da estela - de mármore, seguramente proveniente das minas de Santo Adrião. Vou (V.E.) procurar interpretar esta estela marmórea contestando precisamente a ideia de ilegibilidade. Apresento uma foto adicional que revela, após tratamento de imagem,a existência de letras romanas (D.M.S.)que permite aos arqueólogos uma descrição e informação preciosa. Na verdade, são colocadas várias perspectivas que conflituam com quase todas as descrições da citada peça marmórea.Como o objectivo final reside na procura da verdade possivel, está pois de novo reaberto o processo da reinterpretação. Esta comunicação é, apesar de tudo, uma introdução preliminar mas que põe em evidência três consequências de relevo:
1. A estela apresenta duas letras legíves : D.S. que significa:Aos Deuses Manes.
2. Um dos membros a quem foi dedicada tinha uma idade provável de : LIV (54 anos)
3. Neste caso, a estela sustenta a tese de A.M.Mourinho que se inclina para o significado directo das representações inferiores relacionadas com actividade do membro homenageado, neste caso eventuais gladios romanos, contrariando o significado da simbologia das Portas do Além.
A estela encerra várias outras informações, que a seu tempo serão apresentadas. A estela romana aponta para o Séc.II ou Séc.III, apogeu da influência romana nestas áreas. Manifestamente, trata-se de uma pedra histórica com a provecta idade de, cerca de 1800 anos, anterior à chegada do Cristianismo.
Existem outras interessantes conclusões, para além das indicadas, que esta estela marmórea encerra. Constitui um património que, em qualquer circunstância, poderá ser alienado.