segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Abrindo caminhos em ...TEMPOS DE INCERTEZA


A nossa época testemunha, até à saturação, a primacia da alta finança sobre os demais valores, quer  de um passado remoto quer recente. As tensões do mundo moderno cada vez se agudizam mais. A vida das pequenas aldeias, isoladas, mergulhadas quantas vezes em princípios, usos e costumes medievais vão, invariavelmente sofrendo o impacto irreversível, da mudança provocada pelo fenómeno da globalização.

As convulsões sociais, económicas e políticas do Séc. XIX são quase e, apenas, objecto de estudo dos historiadores, ignoradas pelo comum dos cidadãos. Argumentos esquecidos, mas determinantes para a compreensão do mundo actual, de correntes económicas, contraditórias, de conceitos e valores opostos, da negação de qualquer valor, ético, religioso ou moral. As guerras religiosas na Europa já haviam levado o domínio da racionalidade e do humanismo, ao limite do absurdo.

As guerras mundiais, sangrentas, do Sec. XX, a nova partilha de poder com as consequências daí derivadas, determinaram o modo de viver de muitos povos, rasgando e redesenhando novas fronteiras, à custa de todos e para benefício exclusivo de alguns. As guerras mundiais GG1 (1914-1918) e  GG2 (1939-1945) não passam de afrontamentos letais entre os vários impérios, visando a superioridade de um império sobre o outro.

Na Grande Guerra (GG1) enfrentaram-se militarmente o império inglês e a crescente e próspera Alemanha. O domínio económico da Alemanha pretendeu impor-se ao domínio inglês, pela conquista das armas e da conquista de colónias, um pouco por toda a parte e, particularmente,em África. O vulcão tenebroso da GG1 apareceu sob um pretexto fútil, para fazer valer através da conquista militar uma cota maior no comércio e economia mundiais. Mas a guerra não é consentânea com impérios coloniais débeis e na inexistência de indústria. Na labareda de chamas da GG1, ateada pelos actores principais, arrastaram o mundo, através das suas alianças, previamente estabelecidas. Uma vez iniciada a loucura da guerra, todos os sentimentos humanos saíram de cena e todos os métodos, mesmo os mais absurdos, foram validados pelas nações. A industrialização da guerra permitiu o desenvolvimento de todo o arsenal de armamento. Os povos envolvidos contabilizaram por milhões os seus cidadãos, por  vidas interrompidas no seu curso normal.

A globalização do mundo começou efectivamente com as descobertas portuguesas e espanholas. A GG1 constituiu  na sua complexidade, uma fuga da Alemanha para acesso a novos mercados. A asfixia, segundo os alemães e a sua Kultur, tornava legítima a sua perspectiva mesmo através da acção militar. Com a  industrialzição, armamento e um poderoso exército pensou dominar outros impérios.  A destruição da frota naval inglesa, suporte do seu império colonial, só era possível pela existência de uma marinha alemã poderosa, capaz de enfrentar a máquina naval inglesa. Metodicamente preparou os seus plano Schlieffen, a regra e esquadro. Os resultados são conhecidos. A arrogância alemã  não adormeceu a  outra aliança, França -Rússia-Inglaterra. O nacionalismo exacerbado, a humilhação de pequenos povos, a arrogância de nações poderosas, a revanche, os ódios ancestrais, caldearam a guerra que iria acabar com todas as guerras. Como se viu , à GG1 sucedeu-se a GG2, de 1919-1945. Após um período de acalmia, novas incertezas surgem no horizonte. São os tempos de incerteza que hoje vivemos.

As previsões normalmente não coincidem com a realidade. O mundo actual assiste de novo, ao ressurgimento de toda a panóplia de argumentos que conduziram aos desastres apontados. O desfecho imprevisível da situação política mundial e da inabilidade política  evidente de alguns dos seus dirigentes, por exemplo, Trump e agentes menores podem fazer ressurgir palavreado antígo, que conduziu a holocaustos passados. O problema com Trump não é uma questão menor. Trata-se do Presidente da nação mais poderosa do mundo na actualidade, e uma decisão impensada sua pode facilmente transformar-se numa catástrofe gigantesca. A eleição improvável de Trump, transformou-se numa realidade assustadora. Ora a historia mostra como o voto popular pode também levar Hitler ao poder. Embora com contornos semelhantes, não se trata de uma situação análoga.

Resta a esperança da existência de contrapoderes suficientemente fortes que sejam capazes de contrabalançar o vocabulário e actos extremistas do personagem Trump. A ver vamos. Na América, o voto popular conduziu a um Trump. A França está ameaçada pela prima Le Pen. Na Holanda, há quem se reveja nestes dois espelhos . O Brexit joga em diferentes tabuleiros. Os pequenos países flutuam num mar de tormentas, sem qualquer horizonte seguro.

Mas se as ondas tormentosas podem afectar outros pequenos países, o nosso afundar-se-á com rapidez extrema. Os nossos políticos, em vez de estudarem as novas tormentas previsíveis e procurar novas soluções, que mais ou menos dia chegarão, divertem-se em palavreado inconsequente e obsceno. Vivem em tricas permanentes, em reinos que não existem mais. O falsário Passos Coelho parece já ter ultrapassado o cargo de Primeiro Ministro no exílio. Conspira com a inventona da chegada do diabo. O diabo troca-lhe as voltas e exige-lhe nova charada. E assim vai de patetice em patetice. Conspira na Europa e ameaça com déficite, à direita e à esquerda. A Maria dos Albuquerque nunca cumpriu o deficite, mas ataca. A ex-Ministra da Agricultura Cristas Rabo de Palha deixou a agricultura no estado letárgico em que se encontrava, há dezenas de anos. A autarquia de Lisboa movimenta muitos cifrões e ei-la na vanguarda do combate político. O guião do P. Portas foi lançado às malvas. Como toda a gente sabia, era música de fundo para embalar crianças. Este foi tratar da sua vidinha. Um seu ex-colega ministro, acusa-o de traição à Pátria.

Ultrapassado pelos acontecimentos, ataca na Caixa Geral de Depósitos. Tricas continuadas e sem fim. O papagaio Marques Mendes debita o que sabe e o que não sabe. A família PSD ataca Marcelo com fúria. Em vez de tratarem de fazer limpeza no jotista incompetente Passos Coelho e a sua camarilha  esperam que o seu recauchutado sebastião, que morreu numa incógnita praia africana, os conduza de novo à salvação  da Pátria. Os seus ideólogos de direita chique acoitam-se no jornal o Observador e tentam imitar e desculpar  os enganos do Trump.

A craveira intelectual dos acólitos de Passos Coelhos revela-se todos os dias nos debates na Assembleia da República. Têm rosto, nome e figura nas televisões. A política transformou-se em prática recorrente de chico-espertismo. Estas juventudes da treta, vadios da vida e ocos de pensamento, pensaram que a vida lhes traria o maná eterno.  Ao consagrado Relvas, o gestor das paróquias, restam-lhe as suas bem aventuradas negociatas. A corrupção, de esquerda e de direita, é norma neste país à beira mar plantado. O poder judicial vai dormitando à sombra da bananeira.  O cidadão português, médio, vai lendo os jornais de sangue e pernas desnudas. As televisões massacram com futebol e os seus insignes comentadores discutem as vírgulas dos árbitros.

O Portugal adormecido vai levantar-se de novo. As eleições autárquicas já estão à vista. Arregaçam as mangas com vigor inesperado. Os votos compram-se e vendem-se nas aldeias isoladas do mundo, mas que reclamam seriedade dos políticos. Como alguns  autarcas  dependem do exilado Primeiro Ministro, comem da gamela do partido. Nos outros partidos  procura fazer-se o mesmo. A tacharia alimenta os órfãos da família. É fácil governar com o dinheiro dos outros. E quando há esquemas envolvidos, sempre sobra alguma coisita para devaneios. Existe a garantia de que os filhos dos corruptos serão sempre gente séria. É um fartar vilanagem. Não há dia que a imprensa não revele novos casos de esquemas manhosos. Varrem todos os sectores: é negócio de sangue, é negócio de colégios, é negócio de banca, é negócio de banqueiros,  é negócio de vistos Gold, é negócio de PTs. É bancada  de Banif, de CGD, de BES, de Novo Banco, disto daquilo e daqueloutro. O povinho tudo paga. Para salvação da pátria e do castigo dos corpos do cidadão. Com mentiras inocentes de jotistas manhosos. O da Manta Rota nem se dignou ponderar o estoiro do BES. Nada custaria ao cidadão. Espere-se para crer, quando a tampa saltar.

A prosa parece corrosiva, mas não é. Qualquer pessoa de bom senso percebe que o país está economicamente preso por arames. Quem está a aguentar o barco, de forte rombo no casco-sempre com a dívida à perna, é o Banco Central Europeu. Esta dívida foi gerada pela Banca, pelos banqueiros da treta, e pelo endividamento dos particulares e das empresas. O cidadão comum não tem nada ou quase nada a ver com isto. A palhaçada da austeridade extrema e letal só poderia existir numa cabecinha vazia como a do Coelhinho mentiroso. e dos seus mandantes da Troika.  Pelo contrário, devia o PP ter dado o exemplo do trabalho sério e esforçado, durante a vida. Divertiu-se pela JSD com jotistas da sua igualha e tem a pretensão de voltar  como salvador da Pátria.  Não é preciso ir a Salamanca pedir o horóscopo.

Nem é necessário que o Presidente diga nada sobre o assunto. Toda a gente já percebeu que o ex-comentador Marcelo é bom de bola e que a investida contra Passos está à vista de todos. Quando chegar a oportunidade de dar a estocada no BE e no PCP não duvidará. Como os tempos são de incerteza, espera ele e muitos, a renovação  um novo centrão. Rui Rio, potencial actor, espera que lhe ponham o ovo no palheiro para daí sacar um pintainho. Em épocas difíceis, lidera-se. Escolheu o silêncio. Colocou o seu palheiro, há muito tempo, em chamas. Nada se espera daí. Por tudo isto, o país não tem canários à altura. Ao menos, a saída do Pafistão de cena e o envio da dupla PPC-PP para terras do demo, permitiram relaxar a sociedade pafista  das tensões existentes.

A questão do número do déficite estragou-lhe a anunciada vinda do diabo. Mas que ninguém se engane, a dívida só se paga se houver desenvolvimento que traga riqueza de valor acrescentado. Nem se engane o Presidente que com selfies se vai lá. No distrito de Bragança, não se exige uma fábrica Faurécia, apenas. Um equilíbrio sadio, deveria contabilizar dez a vinte Faurécias. Os campos abandonados da Cristas Rabo de Saia deveriam produzir e vender. O empreendedorismo de P. Coelho resume-se às noitadas extravagantes. A Alemanha industrializou-se pelo trabalho, sangue, suor e lágrimas. Nó seu próprio território e no dos outros. Esse caminho foi rejeitado por P. Coelho na juventude. Escolheu vida fácil de jota e a sabedoria  resultante de experiência feita evaporou-se em bebidas espirituosas. O Paulinho das Feiras, espertalhaço, logo tratou de tratar da vidinha. Pois, não.

A geringonça, de funcionamento difícil e caminho sinuoso, ou se aguenta ou não. Dito à la Pallisse. Os novos interpretes da Alt-Direita espreitam pelo buraco da fechadura, enviando as mensagens falsárias dos novos Trump e das Le Pen europeias.

Os tempos vindouros não serão fáceis, mas a realidade histórica constata que os pequenos países nunca tiveram a vida facilitada. Mas quando um pequeno país como Portugal tem minúsculos Guliver como políticos, estamos conversados. A diversão das autárquicas 2017 segue dentro de momentos. A bem da Nação, já não sei qual, aqui deixo o sítio de um excelente filme: Ladrão de Bicicletas.