sábado, 3 de abril de 2021

 PÁSCOA , em tempos de pandemia COVID-19

03 Abril 2021- 20 h

Os tempos são difíceis e a pandemia não está debelada: PRECAUÇÃO MÁXIMA

A pandemia grassa  pela Europa e países economicamente mais fortes também são forçados a aplicar medidas drásticas., como a França.Também zonas localizadas, de baixa densidade como o território de Vimioso, são afectadas pela propagação do vírus e a regra de oiro, mais simples e eficaz, é procurar evitá-lo, não potenciando a sua propagação. Quando surge, torna-se necessário tomar  medidas draconianas, se necessário, da responsabilidade das Autoridades Administrativas e da DGS.

O que está agora em causa? O concelho de Vimioso está (à presente data 03-04-2021) com uma taxa compreendida entre (140-240), acima do aconselhável de 120 casos/100 000 habitantes. Não se trata de qualquer extrapolação, é o resultado de um cálculo simples, aplicável a todo o país. Há toda a razão para criticar o critério, e de uma vez por todas  o microcosmos de Vimioso deve lutar pelo seu progresso, com visão de horizontes alargados. 

É perfeitamente natural que ocorram distorções de visão do poder centralista de Lisboa sobre a pandemia, as barragens e as autarquias locais. Sobre as autarquias locais, a autoridade local vergou-se ao aldrabão Relvas, sobre as barragens é a última gota  da atribuição da riqueza transmontana aos grandes interesses económicos. A apropriação dos lucros das barragens do Douro - riqueza de Trás-os-Montes pelos grandes interesses económicos não é de hoje. A esta continuada exploração das barragens deve somar-se a novel exploração mineira de lítio, esta última da responsabilidade do actual governo. Querendo ir mais longe, é a continuação do velho processo de exploração mineiro de Roma. Exploram  ouro, estanho e outros minerais. As populações ficam a chuchar no dedo, como meras cadeias de servidão para benefício do capital dominante.

A Roma dos imperadores floresce e os seus sucedâneos actuais corrompem. Dão alvíssaras aos que servem os seus interesses. Castigam os que dizem verdades. A Câmara Municipal de Miranda do Douro recebeu, por vários anos , um montante significativo de dinheiro da Administração da Barragem de Miranda do Douro. Convirá saber toda esta história. Toda a gente assistiu. Contrapartidas? 

O poder centralista de Lisboa não quer ser incomodado nem criticado. Define o conceito de riqueza, a seu belo prazer para tapar o sol com a peneira. Trás-os-Montes é entendida, por muitos, como pobre. É claro , já privada das barragens hidro-eléctricas e do valor do sector mineiro. Resta a agricultura de subsistência para comparação com a fértil lezíria do Tejo e os saborosos enchidos, para gaudio de alguns. Mas existe um problema. A visão errónea de Lisboa, está infiltrada nas Câmaras locais, onde os interesses mesquinhos ainda são mais visíveis. Só o rio Douro é importante? Que fazer com os seus afluentes e subafluentes? 

O rio  que banha Angueira, cuja designação custa a muita gente, não merece uma mini-hídrica na localidade que lhe dá o nome para garantia de aprovisionamento de água para verão quente e sequioso? Ou aparece apenas no folclore dos Vales de Vimioso ou ainda no esquecimento de uma mini-hídrica não aprovada? Ou o Rio Angueira irá mudar de nome? A água do Angueira e do Maças irá perder-se no Sabor. Território de barragens, de cruzamento de políticos filósofos e da mesma EDP. Tudo a bem da Nação, mas à custa das populações de sempre.

 Lisboa, apesar de tudo, atira algum dinheiro para regadio, mas com que resultado ? Os campos continuam abandonados. A candidatura a novos tratores ferve. Há dinheiro desperdiçado. Os políticos andam à solta, mas não se vislumbra uma escola Superior de Administração Pública, a sério. Basta fazer a tarimba dos partidos , todos eles, para serem administradores brilhantes. O resultado está a vista. Despovoamento e descrédito total da política. Há pequenas irritações cutâneas, mas acabam facilmente na bruma dos instantes impulsivos. Enquanto não houver posição firme, a começar pelas Câmaras para reclamar fábricas a sério, fixar populações e dinamizar a agricultura, tudo se esboroa no nevoeiro denso, num reino decadente e sem futuro. Se as aldeias se despovoam, para quê a existência de vilas e vilarejos? Ora, não calhava nada mal uma inspecção rigorosa aos gastos desnecessários, e não fundamentais, que vão por essas bandas.

Os problemas  deviam ir sendo resolvidos em tempos de paz. Agora os tempos são de contenção perante a pandemia Covid-19. As autárquicas vão seguir dentro de momentos, com os politiqueiros do costume. Vão embelezando praças em torno da igreja e promovendo a desertificação completa das aldeias. Vão, de novo, promover a gritaria nas ruas mais uma vez para tudo ficar exactamente na mesma.

A pandemia COVID-19 exige a todos  um grau de exigência maior e facultar às administrações locais o melhor desempenho possível. Agora trata-se de resolver o problema da Covid-19, que consta no mapa de risco como muito elevado. Aqui entronca, também, a literacia do meio sobre esta e outras questões. Toda a gente sabe que as aldeias de Vimioso sempre foram prejudicadas perante a vila. A questão dos transportes é evidente, não ignorando telecomunicações e escolas de ensino. Continua-se na mesma construindo paragens de autocarro para privados, mas não se obriga as empresas a fazer o percurso pelas aldeias. Muitos, dos que se passeiam pelos blogues, oriundos das aldeias sabem que a vida estudantil, em  Bragança ou outra qualquer localidade, foi dura e difícil. O despovoamento começou, logo por aí. Seguido da emigração maciça para o estrangeiro. Nada disto é novo. Ora é impensável, a concentração dos dinheiros públicos quase exclusivamente na vila de Vimioso. É tempo de se ir pensando em largar dinheiros públicos também nas aldeias, e aproveitar as construções para turismo rural. A CMV só vê termas em Vimioso e ignora o número de de fontes de água sulfurosa, existentes nas margens do rio Angueira.

Os habitantes das aldeias ainda não se aperceberam que, desde sempre levaram os seus dinheiritos, para a sede do concelho e é tempo de ter relações mais equilibradas. As ditas faceiras de Angueira têm dimensão, área suficiente  e qualidade para puder alimentar grande parte do concelho, em termos de produtos hortícolas de qualidade. Que se vê? Campos abandonados, sentimentos caprichosos de cerca de 50 tractores inactivos e produção agrícola quase inexistente. As populações e dirigentes da margem direita do Maçãs tomam as margens do Angueira, como simples fornecedores de lenha.

Também não é só atribuir a responsabilidade aos dirigentes camarários. Um dolce fare niente povoa os espíritos das aldeias. Excitados, por vezes, quando se trata de morder uns metros, no terreno vizinho. Há a produção de gado ovino e caprino, onde a erva não falta e o trabalho árduo de outros tempos pode ser contornado, com certa facilidade. Mas há, uma questão essencial: não havendo pessoas disponíveis, nada feito. Pode levar-se uma vida decente, com organização e método, ganhando um terço dos salários das grandes cidades. Pretender salários demasiado elevados, vai traduzir-se a breve trecho na morte de todos, caindo uns mais depressa que os outros. 

Entretanto, estar vivo e lutar pela vida, é o ponto essencial do momento para todos os países. A   Covid-19 está de novo a evoluir para pior, como a França e a Alemanha. O confinamento acaba de ser decretado por Macron. A evolução da pandemia não é igual para todos os países. Está desfasada no tempo.


França-Casos diários confirmados (CONFINAMENTO)

A  situação portuguesa é a seguinte ( em 3 de Abril de 2021).

FIG. 1- COVID.PORTUGAL - Relatório 397 DGS de 3 Abril 2021

A matriz de risco representada abaixo, indica:


FIG.2 - MATRIZ de RISCO


INCIDÊNCIA Naciona
l: 65,6 casos de infeção por SARS-CoV-2/ COVID-19 por 100 000 hab. Continente: 62,9 casos de infeção por SARS-CoV-2/ COVID-19 por 100 000 hab.

 R(t) Nacional: 0,97 

Continente: 0,97

Como se pode ver no gráfico da Fig.1, a tendência mostra um decréscimo acentuado até atingir no dia 04-03-2021, um número de casos diários confirmados de 280,  [Relatório 397_DGS], como número de internados hospitalares 512 (-1)  e em UCI 126 (-5). Estes são os dados positivos: Libertação de camas de hospital, libertação de camas em UCI e valor de R(t)=0,97<1.

TUDO pode mudar nas próximas semanas. No caso de Vimioso o perigo espreita, pois o número de casos em termos de % é muito alto : entre 120 e 240. Ora 120 já é valor muito elevado, e encontra-se no 2º quadrante da Fig.2. A representação a cores do mapa da DGS [perigo muito elevado] figura a vermelho carregado, o que significa também R(t)>1. Se na próxima semana nada se alterar, provavelmente haverá confinamento local, incluindo os concelhos limítrofes [Bragança, Miranda do Douro, ...]

*Ora o valor calculado para R(t) [de hoje, 3 de Abril] já é superior a 1. A interpretação é simples: Quando este parâmetro é superior a 1, isso significa que a pandemia não tem tendência para se extinguir e, pelo contrário, tende a aumentar. O objectivo do confinamento é fazer baixar este R(t), que atingiu o valor de 0.8, pouco tempo atrás. O cálculo deste parâmetro é feito pelos matemáticos-epidemiologistas e, portanto, objecto dos especialistas da área.

**A questão das vacinas é essencial para compreender  o que está em causa. Torna-se necessário discutir o parâmetro inicial R0, deixando o cálculo do parâmetro dinâmico R(t) aos epidemiologistas e apreender o significado de R0, com ele relacionado.

***De acordo com o programa desenvolvido para as epidemiologias, comum a várias delas [sarampo, HIV, varíola,  gripe espanhola, Covid-Sars2, ... ]  , um parâmetro essencial é conhecido por número de reprodução inicial do vírus:  R0 , que significa o número de casos secundários infectados a partir de um único infectado, considerada uma população totalmente susceptível [isto é: sem qualquer imunidade]  De modo simplificado, R0 depende de três factores  e é proporcional (ao risco de contrair o vírus), ao (número de contactos por unidade de tempo) e ao (número de dias em que um indíviduo infectado é contagioso-14 dias para o Coronavirus).

O risco de contrair o vírus diminui com o aumento da distância (distância aconselhada mínimo 1 m, lavagem das mãos,...), redução do número de contactos e isolamento.

**** Para o cálculo de R(t), dinâmico, é necessário recorrer a programas específicos e pode ser calculado de várias maneiras {que não vem agora ao caso}. E há incerteza, associado ao cálculo.

***** Compete ao SNS e DGS, definir os vários níveis de alerta, a nível local, regional e nacional. São estas entidades que controlam a recolha e tratamento dos dados. Assim, o caso de Vimioso deve ser objecto de especial atenção, já que são estas entidades que reconhecem uma situação de risco muito elevado. 

Espera-se que o período de Páscoa, lá por essas bandas esquecidas, decorra com normalidade. A situação vivida assemelha-se a um período crítico de guerra e só os resilientes e cumpridores de certas normas poderão furtar-se ao vírus Covid-19. A humanidade já passou por outros apertos, nomeadamente pela peste negra e pela pneumónica (ou gripe espanhola).

A dor, o sofrimento e a angústia não tem fronteiras. Representação de vida dura, de mãos calejadas sobre vetusto granito. A Páscoa deve ser tempo de esperança, tal como Rafael a viu.

Bercianos de Aliste (El país/Opinion)

Rafael (Renascimento)


Boa Páscoa para todos.