quinta-feira, 20 de outubro de 2011

De passo em passo a Coelho bravio

  • De passo em passo a Coelho bravio

Em textos anteriores, apontámos o estado a que este pobre país chegou. Existem razões externas, recentes e antigas, e outras directamente resultantes de políticas internas levadas a cabo por políticos cuja responsabilidade e competência técnica e política deixam muito a desejar. As razões externas apontam para as onerosas e iníquas guerras dos USA, como policias mundiais dizem eles, e que culminou com a crise do subprime e a falência do 3º maior banco mundial: o Lehman Brothers. Os centros financeiros transformaram-se em casinos e não para financiar as actividades económicas produtivas. As off-shores de interesse americano e ingles proliferaram e mantem-se activas. Perdia-se o rasto ao dinheiro. Os bancos convencionais aderiram. O declíneo industrial dos USA, no contexto da globalização, já é visível e a riqueza criada transitou do dito mundo ocidental (USA e Europa) para o oriente (China). A Europa implantou as suas fábricas na China, explorando a mão de obra barata e sem direitos individuais ou colectivos dos trabalhadores chineses. Os produtos de baixo custo e, muitas vezes, de fraca qualidade invadiram todos os mercados europeus, incluindo o mercado português, os célebres produtos "Made in China". A maioria dos produtos portugueses deixou de ser competitivo, caso dos texteis e outros, e as empresas de tecnologia de ponta portuguesas sempre rarearam. Os fundos europeus entraram em catadupa. Desconhece-se, por não haver interesse nisso, qual o seu destino final. Onde foi parar o dinheiro? Aos bolsos dos funcionários públicos? Carrinhos, carrões, jipes e jipões são uma pequena parte do imbróglio e do iceberg que agora nos ameaça de modo letal. Scuts e auto-estradas, foram o destino mais directo e simples desse dinheiro. O cidadão comum ficou à margem dessa luta leonina de parcerias público-privadas, onde a corrupção, o compadrio, os contratos injustos, o benefício dos privados e os gabinetes dos advogados consumiram os dinheiros europeus, apesar de tudo provindos da Europa. Não há desculpa, o erro básico da má gestão é  da inteira responsabilidade portuguesa, com todos os políticos portugueses em primeira linha. Tudo começou mal com os primeiros dinheiros chegados, atribuiram-se subsídios e criou-se uma rede alargada de subsidio-dependentes, incentivando o abate de actividades produtivas, entre elas a agricultura e pescas, cuja responsabilidade é direcionada quase inequivocamente a um único destinatário (actual -PR) , bastando ler a imprensa. Começou mal, e mal continuou. As Scuts e auto-estradas eram um tanque gigantesco para onde escorria dinheiro a jorros, e à altura da construção das primeiras, inteiramente justificável.  Mas é óbvio, que se as primeiras se justificam em plenitude, a avidez do poder político e da manutenção das clientelas do tacho levou à construção desmesurada de uma grande maioria delas, e claro empurrando como última prioridade zonas despovoadas,como é o caso da auto estrada de Trás-os -Montes. Repetição do destino final do combóio em Miranda-do-Douro. Nunca lá chegou. Quadratura do circulo e a primeira linha de mira para a aniquilação de toda a linha férrea-linha do Sabor, e semelhantes Tua e Corgo. Irónicamente, a construção da auto-estrada de Tras-os-Montes foi decidida in extremis pelo governo Sócrates, já praticamente em ruptura com tudo e com todos. Bragança recorda quem e como fez evaporar o combóio do Tua a Bragança.  O cidadão deixou de receber mercadorias de e para Bragança. Punhalada mortal. O Itenerário principal IP4 chegou tarde e a más horas. As vítimas mortais sucedem-se. Grande parte do seu trajecto segue o secular caminho romano. O actual PM, com todos os elementos do seu governo, está a perder uma oportunidade histórica, não percorrendo de camioneta todas as curvas e contra-curvas desde Justes a Bragança. É aconselhável a companhia de toda a família, pois é uma situação mais realista. Era uma lição experimental soberba. Perceberiam que não existe alternativa ao IP4, penso eu, a qual por sua vez vai se houver dinheiro para tal converter-se na  hipotética auto-estrada transmonta. Paga tal como foi dito de inicio, não fossem beneficiar mais que os reclamantes algarvios sobre a via do Infante. E de todas as até aqui utilizadas sem portagem (A23,A24, A25, ...).
De toda a prosa anterior, deve concluir-se que os cidadãos são todos iguais perante o imbróglio letal em que  todos os portugueses estão envolvidos. Os políticos mentem quando dizem que não somos todos iguais perante este cenário de crise (frase humorística). Todos somos responsáveis e igualmente responsáveis, espante-se!
Contrariamente aos que os politicos e as suas claques dizem, a começar pelo PM, os portugueses já percebem com nitidez a mentira e a falácia dos políticos. Jogaram com a boa fé dos portugueses mas esse tempo acabou e, agora, as afirmações dos políticos são e devem ser testadas e escrutinadas, sem dó nem piedade. Olho por olho, dente por dente. Há muita gente inteligente, que de boa fé delegou nos políticos, a gestão da coisa pública. Estupefactos e tardiamente acordaram lubridiados. O tempo agora vai ser de combate. Acho que a JSD fez bem em iniciar a fogueira inquisitorial de responsabilidades. Aliás, é pelas várias juventudes, que o descalabro português começa e se perpetua. Ficam isentas todas as outras juventudes individuais-sem idade, as vítimas, recorde-se.
A proposta de OE-2012 revela o carácter neo-liberal, liderado por um ex-lider JSD, que renega dia após dia, o que no dia anterior afirmara. Olhe-se para a imprensa, para a rua, para o cidadão comum e faça-se uma  retracto deste personagem, aliás não diferente de anteriores e posteriores de diferenciadas juventudes. É rotulado de pouca solidez formação académica, surgiu tardiamente com muitos anos-38, após a idade da morte de J.Cristo. Diz-se representante de todo o povo portugês, arrogando-se o direito de manipular a espada sobre a cabeça de todos os portugueses. De facto não é: o seu poder advém de uma fracção dos membros do PSD, multiplicado pela fracção dos portugueses que nele votaram. A democracia é assim. Dito e aceite. Porém, há valores fundamentais que transcendem este poder delegado.
1. A chuva que a providência divina, seja ela qual fôr, dá como prémio a toda a comunidade portuguesa, vai deixar de o ser. Esse maná vai ser destinado à venda e sua comercialização, por uns trocos. Genialidade monstruosa. A água, valor estratégico inestimável para uma comunidade, entregue a negociatas.
2. A ira do PM contra os funcionários públicos está a levantar clamores. A falácia do PM não colhe. Como exemplo, o Público de 19.10.2011 mostra que os funcionários públicos não ganham mais 10% que os  do sector privado. Quando fala de sacríficios para todos os portugueses, ataca-se o sector público de maneira brutal e liberta dos mesmos, os do sector privado. Bem prega frei João, bem os seus acólitos se esforçam para justificar tal acto. O PM refugia-se na plateia PSD para encontrar algum conforto e repousar o seu terno ombro. Muitas vozes da tribo apoiam com veemência, muitos ainda imberbes. Não lhes toca nos seus bolsos.Veja-se o que anda a circular pela Internet, a título de exemplo.
3. A transparência da publicação dos buracos em folha Excel-simples,como se indicou anteriormente,  para esclarecer os cidadãos atinge a espessura fina das nanotecnologias. Não se vê, como convém. BPN? Madeira? . . . Buracos desconhecidos, ficticios e provocativos? Aldrabice nas contas outra vez? Têm que explicar! Parece que o Snr. PR está a acordar, mas se não tem consequências no OE-2012, é irrelevante a sua opinião.
4. O cidadão comum fica perturbado perante a política tortuosa, que oscila entre a quase mentira e a mentira tout-court. Dada a complexidade dos temas tratados num orçamento de estado OE, é perfeitamente natural e compreensível a perturbação dos cidadãos. Mas já se está bastante longe do come e cala e da falta de compreensão elementar da entrada traiçoeira dos políticos na bolsa dos cidadãos. É fácil compreender que devido ao anterior governo Sócrates e ao do actual Passos Coelho, o salário do funcionário público foi reduzido de cerca de 25%, num periodo relativamente curto. O cidadão deve começar a exigir um factor adicional de 15% sobre os políticos, totalizando 40% como prémio total para  a incompetência técnico-política de muitos responsáveis e da graduação das mentiras pinoquiais. Decidiu o PM atiçar o sector público contra o privado.Não convence.
5. A matriz dos últimos governantes Sócrates-P.Coelho-Seguro aponta para a partidocracia reinante. Que tal sujeitar os putativos candidatos a PM, a um exame prévio ao estilo da École Nationale?  Há um senão, quem é o irresponsável que amanhã se candidata a PM? Hoje ainda gozam da impunidade política.
Claro que ainda há gente séria. A estes é devida a gratidão de todos, pelo esforço que, na actualidade, deve ser sobre-humano. Mas medidas orçamentais, geradoras de inequidade patente, que só o fundamentalismo cego não vê, não muito obrigado.  Basta! Para acalmar os ânimos não vejam no texto qualquer vinculação política. Mas pretende não ser amorfo.
Para quem estiver interessado pode aceder
  1. À proposta de OE-2012, clicando aqui.
  2. Salários e benesses de caras politicas conhecidas da TV: tente aqui
  3. Conclusão: individual !!!