quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Voando sobre flores de castanheiro ...

Muitas teorias chocam , em movimentos desordenados, turbulentos, de geometrias e palavreados variáveis, em período de eleições legislativas. De contornos, propositadamente não definidos, apresentam-se ideias simplistas para perturbar mentes adormecidas no tempo para  perpetuação dum porvir desajustado aos novos tempos de grandes acontecimentos, de grande complexidade e incertezas. Proclamam ao povo os políticos cá do burgo, os grandes dogmas para acesso ao mundo de um mundo novo e maravilhoso. Objectivamente, querem conquistar o voto do cidadão com o ilusionismo habitual de um futuro de paraíso cativante, onde todos beneficiarão do leite e do mel produzidos. Neste teatro eleitoral não faltarão políticos de falas mansas, uns gente honesta que pugna pelo povo genuíno que apenas conhece dos rios de mel e de leite, as amarguras de vida, eternamente repetidas. Outros, de pelejas combativas e verbo mentiroso praticam a eterna e sempre escondida malha da corrupção e da impunidade, as ideias interesseiras, as vilanias vãs e cobardes, quase sempre. Muitas delas a coberto das leis, talhadas a medida. Muitos figurantes disfarçam-se nos partidos políticos, cobrem-se de máscaras brilhantes,  quebrando todas as regras da decência, chupando o sangue dos inocentes como as velhas canções cantaroladas no passado. Apontam-lhe o caminho com as premissas das várias teorias económicas.

 O povo genuíno olha, retrospectivamente, para as condições de vida dum soldado da Grande Guerra de 1914-1918, relembrando alguns as suas memórias e o presente estado actual das suas vidas. Alguma coisa mudou, por certo, pois o mundo constrói-se em mudança permanente.  Todavia, os ventos da mudança sopraram sempre de direcção aleatória, mas quase nunca a favor do povo genuíno. Ao mesmo soldado, recrutado para as guerras foi sempre apresentado um prato de lentilhas. Aos soldados da I GG foi oferecido ,como prato de lentilhas, uma ditadura e uma guerra colonial. A caça ao voto nos tempos mais recentes tem sido feito por uma panóplia de  partidos políticos, cujo objectivo é o poder e mando sobre as riquezas do país. Quem manda pode e quem pode manda. A direcção do progresso, à custa de herculeos sacrifícios do povo genuíno, lá vai melhorando em certos aspectos. Por experiência eleitoral, o povo português já vai conhecendo os passarinhos e passarões da política, e já começa a perceber que nem tudo o que luz é ouro. Só através da cultura se pode desmistificar o palavreado oco e vazio de grande parte dos politiqueiros de ocasião. Justificam-se os partidos pela submissão ao voto em eleições, e é com base nisso que fundamentam as suas tropelias repetidas. Sempre a favor dos mandantes e contra os menos poderosos.

Esta conversa, desnecessária para muitos, é dirigida aos habitantes que frequentam a zona das flores de castanheiro, onde princípios básicos de vida são ostensivamente desprezados pelos papagaios cosmopolitas e não só. O voto deve exigir-lhes responsabilidades.

As teorias económicas, nos finais do Séc.XIX, assentam na obra de K. Marx (alemão) teorizada para o operariado do capitalismo industrial de Inglaterra. Ironicamente ,esta teoria foi implantada na Rússia rural de 1917, tendo um dos seus líderes sido financiado pela Alemanha. As matrizes dos partidos reflectem, de maneira difusa as envolventes económicas desta teoria e das suas muitas variantes socialistas, sociais-democratas e outras aproximações social democrata-cristã e as dissonantes correntes liberais. Este simples parágrafo, levaria a anos de estudo e trabalho, e a estudos inconclusivos sobre a melhor proprosta para o progresso da sociedade como um todo harmonioso. As teorias vão sofrendo as metamorfoses necessárias, com o evoluir do tempo e das nações. Os malabaristas da política acenam sempre com estas teorias, como pano de fundo. A maioria deles fazem destas teorias uma dogma de fé, deixando de considerar-se como método de aproximação à verdade para transformação em verdade absoluta.

Para não ficar por frases soltas, considere-se o caso da amazona Cristas que cavalga qualquer solípede na onda da democracia cristã. O ódio ao bloco de esquerda BE e ao PCP é distintivo de raça. Ovo de serpente em pantanal. Amante de bicicletas em territórios de planura marítima, defensora do meio ambiente. Esquece que foi Ministra da Agricultura , mas suas referências cristãs não a impede de alvejar de modo soez os cristãos militantes doutros partidos. Esquece, que deve começar, por catequisar os seus militantes. Por terras transmontanas, um candidato a uma certa Câmara ignorava o seu orçamento anual e tinha como modelo, dito em público, I. Morais. Belo exemplo, comentou-se então. O seu filhote, Nuno Melo defende a ideologia do Vox espanhol. Eis o verdadeiro retrato da Cristas: luta pelo pote público e à custa dos mesmos. Não poderia faltar o ressabiamento contra o Costa, líder duma geringonça que da água entornada do legado do Passos Coelho, e do seu antecessor Sócrates, conseguiu pôr certa ordem na casa, apesar dos reais beneficiários terem sido os mesmos de sempre : banca, EDP e poderosos ao leme da finança e dos serviços deste país. Além desses benefíciários directos, não faltam as comissões, taxas e taxinhas dos Bancos.

A geringonça, assim apelidada para acalmia dos derrotados Passos Coelho e a sua troupe, onde o CDS do P. Portas não faltou, acabou por contrariar as previsões  do impreparado Passos Coelho para a governação. As várias geringonças que dominam os partidos facilitaram o acesso à Presidência de Governos da República, tal foi o caso do PSD e das suas juventudes, formatadas e moldadas  em Universidades de Verão. Contou a militância como factor decisivo e não o trabalho intelectual, árduo e prolongado no tempo. Tudo à custa, dum povo amorfo que tudo aceita,  num laissez-faire, laissez passer.

Estes jovens turcos, desde Sócrates a P. Coelho, apoderaram-se do aparelho estatal, e enquanto ignorantes não confessos, associam os seus erros a um pobre povo, que nunca quis pôr estes abencerragens na ordem. Agora, perante os factos consumados, está perante problemas de muito difícil resolução: Dívidas acumuladas e tecido social fragilizado. A dívida gere-se e o povo viveu acima das suas posses, diz-se. É claro que o centrão PS-PSD permite e facilita a legislação da corrupção e de interesses instalados. A geringonça arranhou, ao de leve esta filosofia da degradação do estado e do erário público. Todavia, o povo não tem como desmontar as subtilezas das teorias económicas, a sua preocupação imediata e essencial consiste no ganha pão para os filhos e nas coisas mais essenciais da vida: saúde e educação. A crise da Cristas é ligeiramente diferente. Preocupa-se com o modelo de penteado, com a defesa da educação com colégios particulares e as diatribes incendiárias contra o Serviço Nacional de Saúde (SNS), que com dificuldades várias vai resistindo.
Por experiência, só tenho a elogiar o grau de profissionalismo dos profissionais de saúde no sector público, e disso é necessário ter consciência. Como também é verdade, existirem casos escabrosos mormente na província onde a ausência efectiva de meios humanos e materiais conduz ao desespero e impotência. Com lágrimas de crocodilo, lamentam os políticos canhestros, gordos e luzidios, o isolamento das populações, a desertificaçãoe outros problemas endémicos. Se é verdade que os políticos manhosos esqueceram a província, cada vez mais despovoada  e a sua fraca economia em detrimento dos grandes polos de Lisboa e Porto, tentam agora vender a ideia da regionalização. Será o prato forte para a nutrida alimentação duma nova etapa desses mesmos políticos manhosos.

 Ao que parece certo, as medidas recentes da facilitação dos transportes pelos polos desenvolvidos esquecem liminarmente que grande parte das aldeias, por terras frias do nordeste não têm qualquer transporte.Conhecem-se os autores do corte de combóio de Bragança e quem desdenha da auto-estrada construída. Neste mundo de desvario dos Trump, dos Blair, dos Barrosos maoistas, dos Boris Johnson entre muitos, sempre há alguém que clama por insignificâncias de longo alcançe. Um homem rijo, agarrado ao corte do duro granito, em frase solta apontou Salazar e Sócrates como intervenientes directos. Disse o que lhe ia na alma e, no entanto, sabia da emigração clandestina  O primeiro nunca foi julgado, a não ser pela história, e o segundo aguarda pela decisão da justiça.

Não são apenas os políticos da capital responsáveis pela divisão litoral favorecido, interior abandonado. No burgo das Câmaras fazem exactamente o mesmo. Embelezam o burgo camarário, metamorfoseam minúsculos recintos, de cascatas a jardins de sequeiro até exuberante paineis de azulejo. Deixam as aldeias ao capricho de aldrabões Relvas e não há nada que se mão resolva com uma simples delegação de poder.

Vende-se escola em silêncio, no caminho seguidista da F. Leite. Com obra feita se engana quem se puser a jeito. Há gente técnicamente competente no meio, que vê, observa e sabe, que o ribeiro ou regato infeliz do Pio não pode ser aprisionado. Regato semelhante em Alcanices tem tratamento diferente. A cruz da fonte do Pio foi testemunha de caudais imensos, por vezes testemunha solitária  e observadora temente.
As comunicações  e as infraestruturas de base são caprichos de selvagens que desejam, tal como qualquer cidadão deste país acesso a Internet rápida, a telecomunicações móveis funcionais, a canais de comunicação TV , dignos de registo.  Existem montes elevados, linhas de energia e prática excessiva de politiquês submisso ao poder central, aos bajuladores do poder de insignificantes relvas , que ora vão ora vêm. Porém, esta prática, vai levar à bebida do seu próprio veneno. Extinção do burgo, onde o próprio manto de castanheiro vai ser invadido pelo matagal romano de carvalhiço, as suas rotundas engolidas pelo tempo,as suas largas avenidas referências pontuais a animais perdidos no espaço.


A teoria do capitalismo industrial primitivo, já nada tem a vêr com o capitalismo actual globalizante, onde o capitalismo financeiro já se sente capaz de liquidar estados e nações, tal o seu poderio. A crise financeira de 2009 enredou facilmente Portugal nas suas malhas. Acompanhado pela crise da Irlanda (sector bancário) e da torturada Grécia. Membros em posição de fraqueza, de certo modo não protegidos pela EU, lançados para as mãos do FMI e para um regime de austeridade implacável. Independentemente dos responsáveis envolvidos e com responsabilidades directas no embróglio-Sócrates e a Europa da sugestão despesista do Estado, a crise recaiu implacável sobre os menos responsáveis: cidadãos portugueses. A teoria imbecilóide do Passos Perdido culpou de imediato o cidadão, afirmando que o cidadão viveu acima das suas posses, acrescida da proverbial asneirada da afirmação: ir além da troika. A historieta da governação do Passos Perdido traduziu-se na política agressiva contra o cidadão português, com incidência particular sobre os  funcionários públicos. Às lições magistrais de rectificações sucessivas do Orçamento de Estado, contrapõe-se o desempenho do vilipendiado Centeno, felizmente ficando o facto registado para a posteridade:

Passos e anjos da guarda pretoriana
A caça ao voto, preconizado por Rui Rui, tem de lidar com os antecedentes deste trio maravilha. O Rui Rio já tem histórias para contar sobre os anjos da guarda e é bom que haja aspirinas por perto não vá o diabo tecê-las. A teoria da vinda do diabo, fortemente apoiada pelo cristão CDS, era tida como certa numa conjuntura de geringonça. O conteúdo programático do trio maravilha prometia não o inferno mas o paraíso celestial para os apaniguados do Passos, aqui de sorriso largo e em posição petulante perante o divino. Acontece que fez mal as contas, não leu a constituição, a geringonça lá se foi aguentando, os dados económicos foram surgindo e o degelo das relações humanas lá se foi processando sem descontinuidades de maior. Como sempre, os méritos são seus e ao Governo da geringonça não pode ser atribuído qualquer mérito. Os politicos, em vez de falarem a verdade, refugiam-se em palermices tipo Passos e seus acólitos. O cidadão comum já começa a  perceber os mecanismos da ilusão dos partidos. O mérito é obviamente, em grande parte atribuível ao Banco Central Europeu e ao esforço dos cidadãos, materializados numa depauperação dos serviços públicos, na falta de investimento em sectores chave como o da Saúde (SNS), da Educação, do corte de salários (iniciado por Sócrates) e desenvolvido por Passos, à revelia das normas constitucionais. .Convirá não esquecer a situação do legado da pafiosa PaF, desde o emigre até ao desespero da falta de financiamento das Universidades. Todavia, dinheiro para os Bancos sempre existe e os Catrogas deste mundo continuam pulando com salários chorudos. E, todavia, nada se move. A Justiça , objectivamente, tem acusado à esquerda e à direita, mas julgamentos (com condenações ou absolvições) esperam pelos tempos do fim do mundo.  Todavia, não se esquece de dinamitar a acalmia de umas eleições legislativas, onde os reais problemas do país fossem discutidas. É claro que as polícias e o Ministério Público conhecem factos, não acessíveis ao cidadão comum. Os pasquins  a mando avançam com suspeitas, fundadas ou não fundadas, sobre todo e qualquer cidadão.

A tábua de salvação foi lançada ao PSD e CDS.  Rui Rio tomou a barca do Inferno, e à custa de mais alguns votos , vai desembarcar a um porto, por entre arribas ingremes e funestas, de onde provavelmente não escapará. Os portugueses já não vivem em tempos da pré-história, e sabem distinguir diferentes factos. O caso Tancos é, de facto um caso sério se traduzido à letra, mas retrata fielmente o nacional porreirismo, a intriga espertelhona, o ódio da PaF,  PSD-CDS sobre a geringonça. Quanto a tachos de clientelismo partidário estamos conversados. O centrão fala por si.

Que dirá Rui Rio de Durão Barroso quando mentiu nas Lages ao povo português sobre o armamento do Iraque, do Blair do partido trabalhista inglês, e do homólogo espanhol?  Para quem tem dúvidas, o Barroso voou directamente para a Banca Internacional, o Iraque destruído chora os seus mortos, a Líbia sofre a sua primavera política. Os vendedores alemães cumprem penas de prisão por corrupção em negócio de  submarinos.

O homem não é perfeito, e fraqueza e o erro faz parte de todas as actividades humanas. Porém, já os políticos, supostamente sérios, que tentam o aproveitamento político e  cínico, como no caso de Tancos, acabam por ser vítimas deles próprios. Bastava para tanto, afirmar que a última palavra é dos tribunais. Nem a desculpa de mau pagador o iliba, eu disse o que não disse, o PS diz o que não diz, disse que disse. E assim se constrói uma narrativa. O voto deve ser exigente e para evitar texto maçudo, diga-se em abono da verdade que Sério foi jogador do Belenenses e da Maria Luís e swaps sabe um dos vice-presidente do Rio de águas turvas, correligionário do trio maravilha, eterno deputado pelas terras frias transmontanas, onde o sol abunda, o dinheiro escasseia nos bolsos de muitos, o antigo castanheiro já se extinguiu e o novo aguarda  pelas políticas progressivas do meio ambiente. E que as vacas mirandesas se cuidem, não vá a população portuguesa seguir os doutos conselhos dum reitor populista. Assim vão os novos tempos.

É fácil prever o resultado das eleições legislativas, pelas terras frias do nordeste. Requere-se um voto exigente. A verdade absoluta não existe e é na diversidade de opiniões que muitas vezes nasce a luz. Mas claramente fundamentadas num reconhecimento da óbvia melhoria da situação económica do país, mas não necessariamente em termos individuais.