quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Boas Festas de Natal e Ano Novo 2013.
Buenas Navidad e Pascuas!

Atentos às prendas do dia de Reis!

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Angueira no fio da navalha ...

Angueira, enquanto entidade administrativa autónoma, é colocada pelos mandantes  na situação de fim de linha - extinção. Antes de se proceder a uma análise detalhada do documento que está na base desta extinção, convirá fazer um pouco de história de como se chegou aqui. Prevendo que tal situação ocorresse foi colocado em circulação um abaixo assinado, aberto a todos os que desejassem subscrevê-lo,texto que aqui se reproduz ( 7 Outubro de 2012), ficando a responsabilidade da entrega do abaixo-assinado à CMV, Assembleia Municipal e Assembleia de Freguesia , a cargo do Presidente da Junta de Freguesia.  Dada a ausência de qualquer informação concreta sobre o andamento da situação de Angueira, e do desconhecimento generalizado da sua evolução à altura (outubro 2012) foi resolvido apresentar sobre a hora o documento que aqui se transcreve.
 Objectivamente, pretende marcar uma posição clara de muitos cidadãos, oriundos de Angueira, manifestando-se contra a sua extinção como freguesia autónoma e claro está, a probabilidade de êxito ou não depende de factores vários, que adiante se indicarão. A primeira etapa consiste na oposição clara e firme dos seus habitantes contra os "entendidos", cujo texto se pode obter através da hiperligação  abaixo indicada em :  UTRAT.

Abaixo assinado/Moção

Assunto: Junção da freguesia de Angueira no âmbito da Reforma Administrativa do Poder Local (RAPL).

Os abaixo assinados, naturais/residentes da freguesia de Angueira do Concelho de Vimioso, transmitem aos eleitos locais da Assembleia de Freguesia de Angueira, aos membros da Assembleia Municipal e ao Presidente do Município de Vimioso, para decisão em foro adequado:

1. A sua total discordância e oposição com a hipotética junção das freguesias de Angueira, Caçarelhos e Vilar Seco.

2. Fundamentam , de modo sucinto, a sua posição numa história quase milenar de Angueira, a sua tradição ininterrupta como freguesia independente , a ausência de relacionamento relevante de cargas de tradição, cultural, comercial ou outra, com as restantes.

3. O êxito de qualquer mudança de ordem administrativa com perspectivas de futuro da actual freguesia está relacionado com a preparação das futuras gerações, onde o desenvolvimento económico e social , a inovação tecnológica e, de modo genérico, a melhoria geral de vida dos seus habitantes deve processar-se através de uma gestão próxima e eficaz, sendo que as mudanças que se perspectivam traduzem uma clara e ilegal regressão que afronta as directrizes constitucionais que asseguram uma efectiva gestão local e um efectivo exercício do poder local.

4. Estes objectivos, em vez de ser potenciados em tal junção, são, pelo contrário, fortemente reduzidos, alterados ou suprimidos, pelo que a junção do trio Angueira-Caçarelhos-Vilar Seco, ou qualquer outra junção é liminarmente rejeitada.

5. Dada a especificidade geográfica e as condicionantes da população predominantemente agrícola desta localidade, o desenvolvimento e progresso desta freguesia , com futuros iguais direitos e deveres às demais freguesias, deve passar obrigatóriamente pelo Municipio de Vimioso, com recurso aos seus meios técnico-administrativos e respectivas infra-estruturas, com dependência directa do Município de Vimioso e não uma junção artificial e do tipo mecanicista.

6. A imposição de qualquer tipo de junção da freguesia de Angueira deve, além do mais, ficar condicionada e obedecer à integral aplicação da legislação a todas as autarquias do País.

Angueira, 7 de Outubro de 2012


Nome                                                                                          B.I. / C.C
  • Assinaturas...                                                                                                                                                                   
O Presidente da Assembleia Municipal de Vimioso informou (anexo II da UTRAT) que não foi elaborado qualquer documento sobre a reorganização administrativa do território.

Clique na hiperligação UTRAT {hiperligação UTRAT},para uma versão completa do documento [sigla UTRAT :Unidade Técnica para a Reorganização Administrativa do Território], . Esta Unidade foi criada para o efeito pela maioria PSD-CDS  tendo votado contra a criação desta Unidade os restantes partidos : BE , PS e PCP. 
Face do documento da Unidade UTRAT.

A lei quadro de base  é a lei nr. 22/2012, de 30 de Maio, resultado da inspiração do mui digno e respeitado ministro Relvas. De acordo com esta lei, estão previstas extinções de freguesias com um número de habitantes inferior a 150 (Angueira tem 116), e de acordo com a lei pretende-se, com a junção,  ganhar escala e dimensão demográfica adequadas, com um mínimo de 500 habitantes. A argumentação para a extinção referida , de acordo com os tais entendidos:
  •  No ponto 2 (v) diz a douta Unidade que 335 se aproxima do mínimo indicativo referido (500). A soma de Caçarelhos (219) e Angueira (116) dá para a proposta da "União de freguesias de Caçarelhos e Angueira 335 <500> No ponto  2 (vi) referem que são duas freguesias onde ainda se fala o mirandês.
  • Justifica a UTRAT no ponto 2 (vii),  a grande afinidade entre as duas freguesias através da existência do gado bovino mirandês.
  • As freguesias distam cerca de 7 Km, existindo ligação rodoviária entre elas (2.(viii)).
É , no mínimo caricato, afirmar que 335 se aproxima do número indicativo 500, se fala mirandês, e a única afinidade se baseia no gado bovino de raça mirandesa. Estamos entendidos, quanto a tão douta sentença. É omisso no que respeita aos transportes públicos para a nova sede. Seria inócuo, se mais uma vez não estivessem a entrar no bolso dos cidadãos.

No seu artigo 9, indica-se a consequência da junção de freguesias:

"Agregação de freguesias"

1 — A freguesia criada por efeito da agregação tem a faculdade de incluir na respectiva denominação a expressão «União das Freguesias», seguida das denominações de todas as freguesias anteriores que nela se agregam.

2 — A freguesia criada por efeito da agregação constitui uma nova pessoa coletiva territorial, dispõe de uma única sede e integra o património, os recursos humanos, os direitos e as obrigações das freguesias agregadas.

3 — A agregação das freguesias não põe em causa o interesse da preservação ...
 
 
A ANAFRE ( Associação Nacional de Freguesias)  pronunciou-se contra esta lei, e um sem número de concelhos onde se previam extinções manifestaram a sua oposição a esta lei. Estranho é o comportamento da Assembleia Municipal de Vimioso, quer por falta de pronúncia quer por falta de informação às populações afectadas. A luta contra esta lei continua, a diversos níveis, destacando-se várias previdências cautelares apresentadas pelos munícipios afectados, e da posição do Tribunal Constitucional sobre a inconstitucionalidade desta lei (promulgada pelo PR - Cavaco Silva).
 
Uma análise dos membros da Comissão Técnica (UTRAT), cujas assinaturas constam do respectivo documento, mostra à exaustão o método anti-democrático como Passos Coelho, o seu imediato Relvas, e a restante banda funciona. A própria comissão está incompleta, já que muitas instituições se recusaram a fazer parte de tal unidade. O Prof. Doutor M.Porto diz não concordar com a lei, tal como é referido na imprensa (Assembleia Municipal de Coimbra). Não concorda, mas assina. Procure o diabo adivinhar. O 2º. signatário, Prof. Doutor M. Froufe  da U. do Minho, tem paredes meias com o gabinete do Prof.Doutor Carlos A. Amorim. Adivinhe um outro diabinho, tanta proximidade. E por aqui ficamos.
 
A ANAFRE prevê uma poupança de cerca de 6,5 milhões de euros. Admitindo que tem de haver contenção de despesas, o FFF devia, apenas, garantir o pagamento do Presidente da Junta (~270 €) e fazê-lo depender directamente do Municipio e não de uma qualquer outra freguesia. O caminho seguido nada resolve, apenas agrava o problema. A implementação desta reforma vai sair certamente mais cara. Este montante é da mesma ordem cd grandeza do imbróglio Relvas e do Parque de estacionamento Municipal de Tomar.

O superdotado Relvas não resolveu o problema da extinção das freguesias em Tomar, tal como o Prof. M. Porto, o não resolveu em Coimbra. Assim vai o desgoverno deste país.

Conclusão: Como sempre, procuramos dar a informação relevante necessária a uma decisão individual. Os habitantes de Angueira, creio, sabem as consequências do que os espera, caso esta lei 22/2012 seja aplicada. Esta lei não foi imposta pela troika, é da responsabilidade exclusiva da coligação PSD/CDS, fere os interesses dos cidadãos, atraiçoa de modo vil os anseios das populações, transfere o património das freguesias extintas para a nova entidade administrativa, incluindo zonas ribeirinhas, administração das águas, bens e equipamentos, baldios e tudo o resto.


É imposta, contra os cidadãos, por um Relvas, individuo  sem qualquer ética ou valor moral, contra a vontade de um povo soberano, protegido (e vice versa)  dum P.Coelho, joguete de vários interesses que não os cidadãos dum país livre. 

Só há uma saída, que é barrar o caminho a estes indivíduos, cuja filosofia se lhes conhece, e numa nota divertida, voltarmo-nos de novo para um herói da antiguidade, cuja estátua aqui se deixa.  Se o objectivo desta lei é, acabar, em definitivo, com a autoridade e soberania portuguesa sobre este território, então voltemo-nos, de novo, para o território dos nossos antepassados, atirando os Relvas e seus executores para o rio do esquecimento.

Fig.1 - Estátua de um gerrilheiro  na praça de Zamora.

Este liderou a revolta de todo um povo, contra o massacre de lusitanos, seus pares, a coberto de falsas promessas do poderio romano.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Cómodo no Poder

O actual Cómodo português no Poder embrenhou-se, definitivamente, no Reino nevoento da debilidade mental. A sua corte esmaga fiscalmente um povo que, apesar de contratempos recorrentes na sua história, soube sempre reerguer-se, baseado na vontade firme, solidária e esforçada de um povo unido. Excluídos foram sempre os patrioteiros de ocasião, fustigados até pela Roma beneficiária da traição, não pagando aos traidores de todo o povo da Ibéria. A história repete-se e os sinais dos tempos obrigam a escolher o campo da acção. As intrigas da corte decidem, por vezes, a sorte dos povos, mas só os valores supremos  da liberdade e da verdade pode justificar as atribulações da vida humana. Neste período, difícil e de gravidade extrema, mais exigente, criterioso e responsável tem que ser o padrão de rigor dos actos individuais. Para desmontar as intrigas da corte, fundamental se torna desmontar as falácias do actual Cómodo português e seus sequases da maioria política que sustenta o OE_2013.  [Aceda à proposta de OE_2013, clicando aqui.] . Só existe uma via: a da cultura progressiva e activa de todo um povo face aos pretensos peritos da clientela do governo actual. São indicadas neste texto, várias ligações Web, que permitem uma abertura alargada da temática actual que nos pulveriza os projectos de vida, faz explodir a  paz social, conduz à situação depressiva grega  e leva, invariavelmente, um povo à submissão total à finança  estrangeira e à  colonização por países bárbaros, sem ordem, moral ou ética. 
As falácias continuadas de P.Coelho já começam a ser detectadas por grande parte da população e a prática discursiva de acrescida austeridade é contestada nas ruas, repudiada por políticos da sua coligação (Ferreira Leite, Bagão Felix e muitos outros) e o seu anjo negro Vitor Gaspar, exterminador fiscal dos pobres e cândido anjo para ricos, remete-se já a um prudente silêncio e omissão das suas falhadas teorias neo-liberais. Já reclama o apoio dos seus mentores da geo-finança e da globalização.Falhou redondamente a meta de 4,5% de déficite para 2012, e continua no segredo dos deuses o déficite final para este ano que seguramente cairá no limite 5,7-7% do PIB. O abaixamento desta cifra para 5% requere venda extraordinária do património. Facada mortal do ultraliberalismo pacóvio, comandado por um indíviduo cuja ambição de poder o leva a P.M. de um país quase milenar, sem estatura intelectual e preparação para o cargo. Várias personalidades o afirmam e, portanto, a solução dos problemas do país já não passa pela sua manutenção e o centro de gravidade tem que passar para as mãos do Presidente da República. Também este governante não está isento de culpas, presentes e passadas, e só com conversa não vai lá. O exemplo de comunicação via facebook revela uma ignorância completa sobre o estado da arte das telecomunicações no país, com televisão digital terrestre TDT incluída. Não convence ninguém. Muita da corrupção do BPN passou por ex-colaboradores seus, mas a factura está a ser paga, de modo formalmente cruel, por inocentes que nada têm a ver com o assunto. A paciência de um bom povo terminou e a paz social, atirada à rua pelo dirigente do seu partido, tem que regressar à colectivade das consciências individuais. Já não se trata de gestão da partidocracia, mas da sobrevivência com dignidade de todo um povo. Para minimizar as consequências da falta do OE_2013, é imperativo que o P.R. assuma ou não as suas prerrogativas constitucionais.
Como sempre estes textos são consequência de reflexão individual, enquanto cidadão comum, e apontam para os textos fundamentais da análise. O actual P.M. Passos Coelho acedeu ao poder através da partidarite, sem cultura juridica, económica, intelectual ou profissional relevante. O chico espertismo, da golpada e contra-golpada no interior de um partido político, não é condição suficiente para cargo de tamanha responsabilidade em condições normais quanto mais em situação de gravidade extrema. Desnecessário se torna salientar a contradição entre o afirmado em periodo eleitoral e a acção política, manifestada no OE_2012 e no agravado OE_2013.  Nesta incongruência cabem todos os argumentos: má-fé, ignorância, oportunismo, ideologia ultraliberal, imbecilidade, impreparação política e tudo o que se quiser. Mas sabe o que quer: destruição completa de um projecto de sociedade. Rompeu um acordo com o eleitorado, feriu a boa-fé dos cidadãos, rasgou unilateralmente contratos entre individuos e o estado e revela uma incompetência proverbial no exercício do cargo. Os argumentos do empurra culpas para os seus antecessores Guterres e Sócrates não colhe.O OE_2012 é da sua autoria, o falhanço é colossal e é responsabilidade do seu governo e de Vitor Gaspar.
Ora esta politica induz claramente a um segundo resgate,que subrepticiamente vai negando precisamente com argumentação oposta. Ao menos, não se engane outra vez.
A debilidade intelectual do P.M. surgiu nas falácias continuadas no tempo: os portugueses viveram acima das suas posses,a responsabilidade do memorando da troika é da responsabilidade do PS, esquecendo que o seu partido PSD o assinou e, portanto, corresponsável, a ideia peregrina de ir além da troika, a noção fantasiosa do bom aluno europeu, a imbecilidade pueril de considerar-se acima da decrépita Grécia, o altismo revelado nas plateias europeias para a definição de um novo rumo (reunião de Itália, Espanha, Irlanda) e a inconsequente fraseologia da refundação do memorando, do estado ou de qualquer outra coisa. O seu descrédito é total, e está já estampado nas ruas, a seu pedido.O cidadão português concedeu-lhe toda a liberdade: votou livremente, aceitou austeridade contida, clamou por transparência nas contas públicas e privadas, exigiu ordeiramente clareza nos objectivos da austeridade pedida e consentida, e a equidade das medidas foi-lhe imposta pelo Tribunal Constitucional que facilitou ao seu governo, grosseiramente, a inaplicação do acordão em 2012. Aleivosamente, tenta corromper o acordão com o OE_2013, revela um ódio primário  ao trabalho, privilegiando o sector da alta finança. Recuou na TSU, que teve a vantagem de mostrar à saciedade, a componente ideológica que o anima e o nome dos seus mentores, os tais borges, mexias e os desclassificados falsos licenciados.O bom Povo, de que tanto se orgulha, tem uma peculariedade: vê com clareza a essência de uma nação quando a crise o impele à acção. Foi assim na crise de 1383. O povo de pé descalço escolheu o caminho duro da luta, para salvar a essência da liberdade de uma nação, contra os interesses instalados e poderosos pró-Castela.
O povo vê, com perfeita nitidez e clarividência, o circo Relvas e não aceita que um P.M. do seu país não tenha a coragem de repor a verdade integral. Serve veneno ao povo, quando o serviço público de TV se encontra sob a autoridade de uma sombra política. Felizmente, a TDT não alcança muitos cidadãos portugueses para gáudio  e satisfação de certas empresas de telecomunicações. Existe no povo ultramontano, um conjunto de felizardos que conseguem captar os clássicos canais, mas sempre que estes quiserem informação pagam. Os miseráveis do Vitor Gaspar voltaram aos tempos das catacumbas, da ignorância servida e do silêncio absoluto. O sinal analógico foi, o digital não chegou. E viva o licenciado Relvas!
Retomemos,agora, o relatório da 5ª avaliação da troika (em inglês), carregando em Relatório5Avaliação.  Do ponto de vista do Governo, tudo vai de vento em popa. Só a cegueira do bom aluno, aprendiz de feiticeiro, vê a única saída da desgraçada situação económica pela via de mais austeridade sobre o pobre português que viveu acima das suas posses. A asfixia económica do funcionário público, identificado como alvo prioritário de ataque, não esquecendo os perigosos reformados, já começou há muito tempo e não como se pensa em 2010, 2011 e 2012. As falsas elites políticas são grandemente responsáveis pela actual situação. Amontoem-se temas como a corrupção e os seus circuitos, a inoperância dos tribunais, o sector da banca, as offshores, a saída fraudulenta de capitais, a arrogância desmedida de políticos de pacotilha, condenados por tribunais e afrontando decisões judiciais, as várias parcerias PPP, a elevação súbita de recem licenciados a assessores, pagos principescamento e o pagamento da ignorância dos políticos com as comissões dos borges, dos abre-portas e similares. A destruição da orgânica dos quadros do estado funciona. Afinal, a triplicação de organismos paralelos compensa, os tachos da amizade garantem a reeleição. Na verdade, institui-se o reino onde todos são primos uns dos outros, excluido claro está o povoléu. Esse mesmo é o único na mira do exterminador fiscal implacável. As medidas humilhantes para o seu desprezado povoléu resultam, mais uma vez, da falta de transparência e da origem cristalina das condições impostas do exterior. Neste aspecto, o P.M. é um executor invertebrado, mas determinado no massacre do objectivo primordial. Os credores querem o seu dinheiro de volta, quanto antes e sem condições. O povo na sua admirável sabedoria, mais intuitiva que a de muitos politiqueiros e deputados da nação,não lhe regateou a oportunidade de cumprir escrupulosamente a obrigação de devolver o dinheiro emprestado, não só dos festins dos partidos do arco do poder, mas também de todas as corrupções, desvarios bancários, fuga de capitais e tutti quanti.  O P.M. mente, não conta a verdade, e a cobardia política já começa a surgir. Transparência no equacionamento dos problemas, divisão clara das dívidas pública e privada, montantes da dívida por sector de actividade, distribuição equitativa dos sacrifícios, mobilização geral, discutida, dialogada e consentida. Traiçoeiro nos seus actos, irreflectido nos seus posicionamentos, mendigante merkeliano, capitula  perante a troika e hostiliza, até ao limiar da sensibilidade humana o povo português mais humilde. Governa no reino dos miseráveis de Vitor Gaspar. A governança actual de um povo é, deveras complexa, e o contributo de todos. nos vários ramos do saber, era indispensável para a procura de um caminho justo para o problema do défice e da dívida. O seu caminho é claro: pesados sacrificios recaem nos mais débeis, os banqueiros aplaudem, Ulrich incluído. Os corruptos passeiam-se por todo o lado, os submarinos ora emergem ora imergem, e os sagrados mercados tudo resolverão, nem que seja num país exangue, exausto, mergulhado num lumpen do proletariado qualquer onde sobressaiam as cabeças iluminadas e redentoras duma pátria inexistente. Castigo exemplar, cínico e prepotente da globalização e seus agentes, mascarados de troika, para uma nação, pequena mas com história limpa, mesmo com aflições financeiras cíclicas. De um P.M. esperava-se um líder de uma nação em crise, não de silêncio perante os fortes e tirano perante os fracos. Como já nada se espera, de um P.M fugidio e temeroso do seu povo, é tempo de  good by! Sob pena, de demência colectiva. A necessidade individual do compromisso assumido do retorno financeiro aos credores exige um posicionamento sério e ajustado.  O juro médio assumido no memorando da troika é da ordem dos 4,5%, enquanto a poderosa Alemanha se financia a juros da ordem de 1%. Contas elementares e simplificadas permitem verificar a bondade das medidas do empréstimo. A Alemanha financia-se a 1% e empresta a juros mais altos. Para um empréstimo de 1000000 €(um milhão de euro), a três anos, e um juro de 4,5%, isto equivale ao pagamento respectivo  (aproximado)de :

Empréstimo €          Taxa  (4,5%)                 Taxa (1%)             Diferencial
 1000000 €                             
PagamentoMensal        29746 €                       28208 €               1538,8 €

PagamentoTotal        1070889 €                   1015491 €              55398 €

JurosTotal                     70889 €                       15491 €               55398 €

Remete-se o leitor para uma análise detalhada do relatório do FMI. Observando os gráficos e os montantes do débito envolvido relativamente a Portugal, difícil é concluiur que, pelo caminho seguido pelo P.M. alguma vez se possa pagar os juros, para não falar da própria dívida. Ora se é justo admitir que, não pode o país expor-se directamente à declaração de um não pagamento, já não é válido dizer que o caminho seguido é único. Não é, pelo caminho seguido que conduziu ao aumento do defice e da divida (119% PIB) para este ano de 2012 e ,muito menos com a dose reforçada para 2013. Ora é aqui, que um verdadeiro líder de um povo se revela. Então de que nos serve ser bom aluno se, manifestamente, é impossível cumprir as nossas obrigações para com os credores quando se cortam salários (fonte constante do rendimento) e se destrói a econonomia com o encerramento de fábrica após fábrica tal como se viu em 2012. Se vende ao desbarato, tudo o que há para vender. A treta do empreendedorismo e da competitividade só colhe quem quer. A única saída de Passos Coelho é o fisco e o confisco dos cidadãos. Não tendo elasticidade mental, só resta ao P.República o demitir ou o povo tratar do assunto nas ruas. A destruição do país não pode ser permitida. Resta a travessia do Rubicão.  Claro que o dinheirinho vai de volta para os homens da troika, e obviamento a pleiade de estados e especulação desenfreada. É claro que o P.M. sabe disto e escolheu o lado errado. O beija mão de Merkel sempre lhe permitirá juntar-se aos portugueses, jovens, inteligentes e respeituosos que, forçados a emigrar, o repudiam. Peça-lhe um lugar de limpa-passeios na Estugarda dos Mercedes, nas gélidas noites de Inverno alemão. E não aceite viver acima das suas posses, exija-lhe, apenas, um simples Trabant.

 Embeleze-o com uma grande roda emblema  da mercedes, mas emigre! O povo português agradece. Entretanto, questione  a poderosa europa se um pequeno país, apesar de cumpridor tem de sofrer até à exaustão. Então, para que serve a UE e as suas cambiantes siglas? Aproveite a vinda de Merkel e pergunte-lhe a paridade da moeda da Alemanha dos Mercedes e dos Trabant no tempo da reunificação alemã!

Trabant - Carro para a posteridade

E que esteja atenta à resposta do seu homólogo Kohl, como as verbas astronómicas da reunificação foram aplicadas.
De qualquer maneira, a história mostrou que a Marcos Aurélios podem suceder Cómodos, fortemente afectados pela demência. Até lá pelas bandas da Germânia, estas interrogações fazem sentido. Como cidadão, o meu único crime apontado ao peito, resume-se a ter vivido acima das minhas posses. De facto, Portugal não esquece os Willy Brandt, o acolhimento na sua pátria ainda incerta, a compra - a pronto da tecnologia alemã via WW e produtos menores. Directamente muitos portugueses não beneficiaram de um simples euro. Exigem-lhe, agora,  facturas para as quais muitos não contribuiram. E as ideias avançadas do Instituto Alemão, num tempo de uma triste pátria. Considera grande parte do povo português como ofensivo e humilhante.  um tratamento menor com o único filtro da economia e dos mercados financeiros. Tudo isto, se assemelha a uma  das fábulas de La Fontaine. A liberdade de um lobo faminto, em tempos incertos, e a tranquilidade podre num qualquer colonato estranho, será objecto de escolha de todo um povo. Já mostrou ser indomável, muito para além do espectável, e se a Europa poderosa apenas nos tolera, então o destino fica traçado. Para bom entendedor, meia palavra basta.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Na hora da verdade ...
A hora da verdade aproxima-se para o PM - Passos Coelho com a recente visita da troika- 5ª. avaliação. Passos Coelho, continua no seu estado dormente, num turpor arrepiante. A arrogância materializada nas celébres medidas de austeridade para além da troika e a sua incompetência política devem, pois, ser analizadas com base nos objectivos propostos: controlo do deficit situado a 4,5 % do PIB e o processo capcioso da taxação  dos funcionários públicos, posto em cheque pelo acordão do Tribunal Constitucional.
As facturas que lhe irão, certamente, ser apresentadas já não serão simples opiniões, mas factos e números. O seu célebre e falso manso dizer "além da troika" traduz-se num falhanço redondo do objectivo do déficite 4,5% (2012), sendo o déficit apresentado de 5% , e como foi admitido pelo Ministro das Finanças - Vitor Gaspar em circuito fechado de cerca de 6%, exigindo um orçamento rectificativo e o acréscimo de austeridade consequente.

A conclusão, em termos factuais, é simples:
  • Falhanço do objectivo da troika 4,5% (2012)
  • Manifesta falsidade na equidade de repartição de sacrifícios.

A sua propalada equidade na austeridade foi declarada inconstitucional pelo Tribunal Constitucional (Vêr o acordão, clicando em texto TC).  O povo português sofrido concedeu-lhe o apoio, apesar da falsidade eleitoral que defendeu para a chegada ao poder. Os funcionários públicos e reformados apontaram-lhe a inequidade da medida. Ainda ficam contas a ajustar com o saque dos subsídios de 2012. A sua intolerância, o misto de altivez-fanfarronice e rigidez de raciocínio levaram-no a um buraco sem saída. A sua mesquinhez, a sua casmorrice e vingançazinha, revela-se em toda a sua plenitude em jogar numa nova e capciosa interpretação do acordão do Tribunal Contitucional, quiçá jogando no novo e actual colectivo de juizes.

Desbaratou o património do país, vendeu-se a um país estrangeiro com a venda da posição da EDP, liquidou a portuguesa Cimpor, espreita a oportunidade para acabar com o que resta. Brinca ao esconde-esconde com a RTP, encena com a marioneta António Borges, despacha o mais que provável assistente Relvas, da Universidade de Verão PSD para Timor e afasta o Zé Povinho dos verdadeiros problemas nacionais. Muitos portugueses independentes não se revêm num tal PM, liquidador da herança patrimonial de um povo, quase milenar, desempenhando o papel de submisso figurante servil a interesses estrangeiros. Fez subir a dívida pública,extorquiu dinheiro com displicência e  falhou rotundamente o seu objectivo prioritário do déficit. Eis um exemplo singular de economês, em consonância com o eduquez que  caracteriza o PM. Personagem saída das juventudes PSD, com a complacência do Presidente da República, de avisados barões do PSD e o delicodoce suporte de comentadores políticos dessa área, nomeadamente da TVI. O seu primarismo na abordagem da gestão de um governo, revela à saciedade a sua impreparação  para tempos de crises de tal monta.  Da responsabilidade directa do universo PSD, devem levantar-se as vozes dos que não partilham da política ultraliberal, assumida por Passos Coelho. A questão já passou do foro meramente partidário, para o foro da consciência individual e colectiva.  Ampliou a amargura dos desempregados e as tragédias humanas inenarráveis a que a sua leveza de espírito conduziu. A troika aponta-lhe a responsabilidade do cenário apocalíptico. Humilhou a boa-fé da maioria dos portugueses e vilipendiou o seu saber secular. Sem apelo nem agravo, a um tal falhanço político deveria suceder a consequência lógica: zarpar para o estrangeiro, uma das suas tiradas ambivalentes.  Transformou um desejo sofrido da saída deste imbróglio, num território sem chama e sem esperança. Feito este preâmbulo, que traduz pensamento independente de um cidadão comum, conseguiu destruir o consenso social sobre a grave crise que o país enfrenta. Aos apelos de demissão,às fundadas cartas abertas de cidadãos vários, à indignação sofrida e ainda contida  da  componente racional deste país responde o PM com um cinismo atroz e um desprezo preocupante. À estrondosa derrota do  objectivo prioritário do deficit e da despesa pública, tem que responder o PM ,Vitor Gaspar e a sua corte de ultraliberais. A  política ultraliberal desta corrente ideológica, destruidora da capacidade letal de um país deve ser liminarmente  rejeitada com base na sobrevivência última do país. Passos Coelho não merece um só segundo de reflexão, por se tratar de um conjunto vazio. A situação é demasiado grave, existindo, em primeira linha uma primeira defesa num Presidente da República defensor da Constituição e , em caso extremo, o povo forçar a sua demissão.
Do orçamento de estado OE_2013 vem mais do mesmo. Aumentando a dose de austeridade sobre os mesmos, reformados e pensionistas incluídos, massacrando a componente do trabalho e privilegiando o capital. Escravizando um território, onde havia uma nação livre, que vive um momento difícil da sua existência. Situação à qual o cidadão português não virou a cara, predisposto à resolução das contas públicas e consequentes sacrifícios,  mas que o PM - Passos Coelho delapidou por burrice na aplicação do princípio da equidade, por inépcia e fundamentalismo neo-liberal. Conduziu Portugal à encruzilhada real de uma nova Grécia. Como o PM Passos Coelho cristalizou só resta esperar pelas geladas da noite e como alguns dos actuais governantes não têm vergonha na cara, só resta esperar que a Natureza  siga o seu percurso e os portugueses honestos lhe apontem o caminho do exílio. Agora o problema é o próprio PM-Passos Coelho e todo o governo. Em vez de liderar um povo para um combate importante contra forças externas, os credores, levou o povo para a rua e agora o povo tem que assumir nas suas mãos o destino do país. A encruzidada actual é de natureza ciclópica, e não pode estar liderado por um piegas Pedro - travestido no Facebook.
Durante a escrita deste texto, sucederam-se, de modo galopante, factos e posições inesperados, citando em particular a intervenção televisiva de M.Ferreira Leite. Surpreende pelo assombro das posições e, eis um exemplo, de como a componente honesta e justa de um país se pode manifestar, não calando a ignominia de Passos Coelho.  Reflecte, claro, a defesa do Presidente da República  apontando à rebelião dos deputados PSD contra o orçamento OE_23013.

O povo português não tem obrigação de perceber as manobras políticas mas entende na perfeição as mentiras e os raciocínios falaciosos do actual PM - Passos Coelho, impreparado para o cargo que exerce. Como o rei vai nú, deixemos de vez o rei e passemos ao conteúdo programático do servil personagem. Há argumentos que podem ser apresentados com clareza e citámos um artigo publicado no El País em 15.08.2012, escrito em linguagem normal para castelhano, mas sensivel para alguns portugueses (Clique na palavra un cañón  ou na versão portuguesa um canhão). Como sempre, requere uma análise crítica, do foro individual. Em termos simples, introduz o conceito de economia financeira por oposição à real, à coisificação do cidadão transformado em simples número, ao papel dos serventuários Passos Coelhos, à obediência cega aos ditames da econonomia financeira liderada por homens de fraque-troika, representantes do FMI, BCE e especuladores financeiros, reais mas de rosto invisível, e suas delegações europeias UE, Barrosos e  merkolândia.

O momento actual é critico para Portugal, e todas as palavras têm que ser devidamente ponderadas. Nesse sentido,a fundamentação ou invalidação dos actos do  governo têm necessariamente que ser ponderados. A acintosidade da medida sobre cortes de salários, em particular sobre pensões e reformas, gota de água para a implosão do OE_2013, pode basear-se na leitura enviezada do acordãoTC353/2012 do Tribunal Constitucional, por parte de Passos Coelho e Cª. De notar, que este já havia sido precedido pelo acordão 396/2011, julgando constitucional os cortes sócraticos . Dignos de registo são os votos de vencidos de alguns aspectos dos acordãos, por parte de alguns dos Senhores Conselheiros.  Em escritos anteriores, referimos a falta de equidade da medida e o grau de proporcionalidade, amplamente desenvolvidos nos acordão 353/2012 do TC. Manifestamente, estes principios são completamente ignorados no previsível OE_2013. Já basta ! Deriva de raciocínios simples. A  provento de trabalho igual, deve corresponder contributo para austeridade igual. E a tributação do capital foragido? O Vitor Gaspar lance as suas teorias para o cesto dos papeis. Talvez queira garantir 13 mil milhões de euros lá para Setembro 2013. Será?
Os tempos são de brasa e o desenvolvimento politico da situação vai ocorrer à escala do minuto. Preferimos, pois, dar alguns elementos de trabalho para reflexão.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

As falácias do Passos Perdidos ...

As falácias de Passos Coelhoso sucedem-se inexoravelmente no tempo. A sua argumentação é a costumeira: culpas no seu antecessor, sócrates engenheiro e não filósofo. Tem-nas de facto, é verdade, mas a verdade proclamada pelo PM é meia verdade e substancial mentira. Ponha a funcionar a Justiça e condenem-se os culpados e ilibem-se os inocentes. Todos os nomes potencialmente envolvidos estão contidos no alfabeto português, e em simples siglas: BPN, PPP, Freeport e folhetins de corrupção deste teor. Se o alfabeto português não chegar, adicionem-se caracteres estrangeiros das várias linguas vivas.  Ao governo anterior deve associar-se  o anterior do anterior, ... numa cadeia sem fim. Até ao responsável pela destruição da pesca, da agricultura e de parte da indústria. A outra parte já havia sido destruída nas brincadeiras da Lisnave e diversões afins. Deste ponto, podiamos regredir até os Descobrimentos e porque não às conquistas africanas. E já agora ao Afonso Henriques. Claro que quando se é fundamentalista, culpa-se em exclusivo o governo anterior. Agora a responsabilidade política é sua. Veja-se um pequeno esboço de algo que circula pela Internet. Sem tabus, veja o antes e depois em política, apontando para esta ligação. Surgem figuras, nomes e números bem cifrados. Isto é parte de uma longa lista e não se esgota aqui! Requer julgamento próprio, sempre obrigatório, e tire-se a conclusão individual.

Para completar o ramalhete, compare-se algumas afirmações do PM, a responsabilidade de outros agentes políticos e as consequências nas favas de hoje, que o pobre povo português (alguns estão isentos!) está a pagar com língua e mentira  de pseudo neo-liberais, seus acólitos. Veja-se quem figura nos retratos, veja-se se aparecem filosofos socráticos, banqueiros duvidosos, ou tipifique-se a casta. Procure-se descortinar algum príncipio de entidade sagrada, divina e intocável. Por definição, os deuses não podem estar sujeitos à justiça divina e, portanto, a justiça divina só pode ser aplicada sobre os pobres seres humanos.  Comece pelo seu próprio partido o PSD, figuras de algum relevo condenados pela Justiça Portuguesa e pela mesma ilibadas por prescrição dos crimes económicos. Deixe o PM de ser um lamechas e ponha ordem na sua tribo. Transforme as suas meias verdades, em verdades cristalinas e, então o povo perceberá, sem os seus apelos.  Procure-se, então, a justiça nas entrelinhas e indague-se se o problema é de prisões mal dimensionadas, pecando por excesso ou por defeito de área.

O pensamento político do PM é de tal alcance que os portugueses ainda não conseguiram compreender. Diz o próprio, repetindo esta balela até à exaustão. Emigração (falácia 1), virtualidades do desemprego(falácia-2). Os seus sequazes apoiam sem rebuço; argumento invariável: descontextualizão das suas palavras. Mentiradas, diz o pobre Zagalo. Explicou Zagalo porque se pirou para o Brasil. Os restantes povoadores do reino piraram-se para França, em tempos mais recentes. Alguns dos seus filhos foram para a cidade, trabalharam, lutaram, sofreram e, agora, um colador de cartazes vem dizer-lhes que viveram acima das suas posses. Roubando-lhes o produto do seu trabalho. Devido a algum problema mal resolvido do PM, ataca os funcionários públicos roubando-lhes, é o termo exacto, os salários que lhe pertencem. Parte da classe média, média-baixa, abatida. Uma refinada falácia vem de António Borges, moralista do abaixamento de salários. Uma refinada mentira das afirmações do PM, em periodos idos. A emigração regressou em força. Pois, pudera! Com tão poucas fontes de receita e tantos sumidouros!  O povo sabe que o PM vive num mundo fantasioso e etéreo!

As virtualidades do desemprego estão à vista. Provávelmente, o PM alguma coisa terá lido algures, mas certamente não percebeu. Ou  alguém lhe dá dicas ao ouvido, e volta a não perceber. Fernando Torquaz conclui por falta de conteúdo do PM, com propensão para a imbecilidade. Num país, tecnologicamente desenvolvido, como a Alemanha, o desemprego não é desesperante e a mobilidade do trabalhador é assumida com naturalidade. A densidade fabril é relativamente uniforme e diversificada. Construídas ao longo do tempo, com guerras de permeio. A Alemanha tem todo o direito de dizer que a sua juventude actual não tem que pagar eternamente vícios e desvarios passados. Mas guerra não significa apenas retrocesso humano, também significa avanço tecnológico. Faz valer agora os seus trunfos, daí tirando chorudos dividendos. Para a história ficar completa é necessário rever o após 1ª. guerra mundial até à chegada ao poder do nacional-socialismo. Não é tarefa fácil, mas as lições estão nesse período.
Para que conste, sou partidário do pagamento integral da dívida, mas não aceito a falta de transparência acer4ca de: quem deve a quem e quem paga. O PM verga o seu povo face ao poderio alemão. Dizer à Deutchland uber alles, que passámos anos a comprar berbequins Bosch e que o investimento alemão em Portugal é bem vindo. A Alemanha tem-se comportado como país amigo e com investimentos significativos como a Autoeuropa. Pagar a dívida aos credores, sim, vergar um povo, não. Não se pode dar liberdade aos mercados especulativos, especuladores individuais, bancos americanos, franceses e alemães, entre outros. A Alemanha pode deixar países mais pequenos totalmente indefesos, está no seu direito, mas os pequenos povos registam e não esquecem. E também sabem que a Alemanha é beneficiária líquida do actual sistema. E se pobre gasta dinheiro alguém lho empresta, e quem lho empresta é inteligente. De boa conta, lhe enviaria de volta dois submarinos.  É tempo de se investir na Europa! São livres da escolha e é pura estultícia lembrar à Alemanha que é pequena ao nível global e demasiado grande perante nações europeias debilitadas. A Alemanha sabe e sempre soube. A lider Merkel não tem o monopólio do pensamento alemão, terra de poetas e filósofos. Tanto produziu Marx, Engels, Goethe ou Heideger, entre tantos outros.  E a China não dorme. Luta por uma quota do comércio mundial, perdida durante anos, mas à custa de salários baixos e trapaças humanas internas. Humilhação de povos, não. A questão é simples de equacionar, mas difícil de resolver. Mas um PM mostrar subserviência ignominiosa, também não. Claro está, que ser mais troikista que a própria troika, permite ao PM ser levado pelo guião, sem esforço, sem coragem e sem conteúdo. Muita gente já pensa que lhe serve de muleta, pois chegou a PM vá lá saber-se com que programa e visão. Anda à deriva, navegando erraticamente sobre as ondas. Pela porta dos partidos políticos, neste caso PSD, de colador de cartazes na incontornável JSD, do chico-espertismo rasteiro, politiquice de bando, associações divertidas, alianças singulares, promoções angélicas de correia e peças teatrais melo-dramáticas.  É claro que o Zé Povinho lhe percebe as manhas, não pactua com as suas falácias continuadas, lhe reprova o discurso liberal e a ileteracia política. Pode ser considerado bom aluno, diferente é dizer que é inteligente. Olhar para o desemprego, e perscrutar a alma das suas vítimas, é acto de inteligência. Fia-se na virgem dos mercados financeiros e não corre! Prefere desde já prometer o paraíso celestial. O abismo está a afastar-se, diz! Vá a qualquer café dum burgo ignoto e fale com os actuais desempregados, vítimas da sua política de terra queimada. Este povo percebe, não conseque ainda descortinar o objectivo final da sua teoria dos mercados, das suas desregularizações, da entrega das jóias da coroa ao estrangeiro ou melhor dito do que resta: TAP, CGD e restantes migalhas.

O enredo da aldabrice, das meias verdades, das secretas está a seguir o seu caminho. Falta maturidade política, e vai conduzir a um desastre completo para o país. A tão propalada transparênca, no período eleitoral, esfumou-se num ápice. Sem coragem, sem metas, sem programa próprio. Apenas lhe resta o guião da troika e o ódio de estimação ao funcionário público. Pieguices não, atire-se resoluto aos salários milionários, a começar pelo negociador troikista, o sortudo Chiang Katroga, não esquecendo  o António Borgesy e os gestores diamantíferos das PT, das EDP, dos banqueiros e similares. Estranho conceito de equidade na austeridade.  Alguem da sua tribo, não é tão explícito, e prefere dizer : o corte dos salários tem de fazer-se nos salários acima da média. Para não alongar ainda mais o discurso, ataque os cifrões dos mexias, dos bavas, dos espíritos, santos e impuros, e de uma fila interminável de falsos administradores, politiqueiros de origem e gestores de fim de linha.  É fácil colocar aqui os indiciados.

Então, as virtualidades do desemprego são fantasias, manobras de diversão ou ameaça fundamentalista. É falácia para o bom entendedor, mas para o desempregado real, as suas afirmações destilam cinismo, insensibilidade, fraqueza e bestialidade.  Mas não sem sentido angélico,  de correia de transmissão. Falácia continuada.  Propapalada, candidamente, por qualquer Teresinha de berloques, de muitos Marques Mentes e feros Menezes.  Aqui reside a genialidade do mandarim português.

Fig.1 - Falsa moeda
A costumeira tirada sobre a vivência  acima das posses do povo português é mais uma das falácias a que recorre.
Um cidadão médio português, previdente, deveria ter vivido sob a alçada de uma troika individual, consentida. Foi o caso de Fernando Torquaz. Outros de facto, não pensaram assim e os seus devaneios foram activados pelos bancos, para benefício próprio e de enchimento de envelopes de gratificação fechados, com destino certo. Aventureiros, banqueiros, especuladores, controleiros de dinheiros offshore, esses não viveram acima das suas posses. Claro está, que não pertencendo ao povoléu, estes ficam foram do povo português. O valor facial da moeda não significa o mesmo para um banqueiro falsário, ou um funcionário público, honesto mas não acrítico.  Até ao limite do não reembolso das poupanças, se aí chegarmos e que o PM, à beira do abismo, ajuda a dar um grande passo em frente.

Fig 2 - Face da mesma moeda, sem pin.
 A justiça, que cada vez vai sendo mais adiada,  não coloca cada macaco no seu galho. E o povo descrê. Admite Torquaz a sua incompreensão por tamanha mansidão do zé povinho. Suspeita, porém, C. Elói desta mansidão. Desconfia de touro manso.

Outra falácia do PM, ao falar de equidade na austeridade. O reconhecimento da aceitação das suas bondosas medidas de austeridade é refalsada mentira. Torquaz e Zagalo não aceitam, são forçados a aceitar. Cidadão médio português, com troika continuada ao longo da vida, sem dívidas, tendo pago pendularmente os juros e o capital pedido unilateralmente pelos bancos, precisa de uma explicação clara, sem ambiguidades, sem trapaça, com honestidade sobre o destino do dinheiro extorquido e dos sacrifícios ultra-humanas para uma grande parte da população. A desmontagem do imbróglio e da falácia é complexa, mas possível. Há raros exemplos de clareza e de divulgação de temas económicos no meio audio visual e da imprensa escrita. Decidiram lutar pela verdade. Ao cidadão comum não se exige compreensão exaustiva dos temas económicos, dada a sua complexidade. A compreensão integral dum documento técnico-jurídico, do tipo PPP (Parcerias Público Privadas) só está ao alcance de alguns. Da área da economia, da área do Tribunal de Contas, do Banco de Portugal, da Magistratura e quiçá, apenas, em aspectos parcelares. As TV são caixas de ressonância, de diapasões desafinados. Teste simples: quem leu tantas páginas do relatório, em tempo tão curto? Afinal, como de costume, leram as conclusões.
Fernando Torquaz, cidadão comum que nos verdes anos roubou cerejas, labutou honesta e esforçadamente, não aceita o folhetim das falácias, balelas, ou piadas piedosas. Na ausência de justificação pensada do PM, vai procurar conforto na sua própria tribo PSD, sob o tema crescimento, coesão, emprego jovem. Recebe os aplausos de figurantes menores e toma a nuvem por Juno. Fernando Torquaz não estava nesse comício. Como figurante menor, fala para os seus apaniguados e confunde a parte com o todo.  Toda a gente percebe!

Neste mundo de complexidades, a sistematização de ideias economico-financeiras devem ser procuradas nos livros da praxe. A cultura é cara, e os tempos são de crise. Já que o PM não explica o destino do dinheiro extorquido, seguindo uma táctica manhosa, foi Torquaz tentar perceber e procurar uma possivel resposta. É pelo estudo e pelo trabalho que estes demagogos neo-liberais, de ideais baseados no vil metal, têm que ser combatidos e corridos do poder. A questão principal é mesmo essa : a ambição  desmedida de poder. Os designados partidos do arco do poder governativo distinguem-se, apenas, pela tonalidade. Se um diz mata, o outro diz esfola. A troika que cá está chegou pela mão de ambos. E a troika é um espelho meu do FMI e do BCE e dos subtis mercados. Actualmente, o PS está a resolver os seus traumas. Mas a factura é apresentada ao mesmo destinatário, pelo alternante poder.

O PM como não perdeu tempo nem fez algum esforço intelectual para ser autónomo para a tomada de decisões vitais para a sobrevivência do país, paga a preço de ouro o lendário António Borgesy, moralista de gema, que cavalga um povo extenuado e sofrido. Insulta o seu povo, mostrando cobardia perante  semelhante gente e trapaçeiros Relvas, tão do seu agrado. Aqui se semeia mais uma ambiguidade.  E se Portugal conseguir sair deste imbróglio, não se apresse a colher os louros. Há demasiadas lágrimas de inocentes que foram no engodo da vida fácil. Outros há, que merecem um castigo exemplar. Entretanto o discernimento do povo decerto surgirá e, por vezes, os povos também exigem pagamentos de facturas. Não se iluda.  É tempo, agora, de castigos, retaliação e punição  do povo, e obviamente de exercícios de patinagem artística de polítiqueiros a deslizar sobre lama escorregadia!

A compreensão da dinâmica politica e da sua evolução requer períodos mais ou menos prolongados sobre temas relevantes. Na verdade, nesta crise todos deveriam ser críticos ferozes do sistema económico. E só a fundamentação teórica sólida o permite fazer. Sugere-se a leitura dos seguintes livres elementares, mas muito informativos:

1. A tragédia do euro, de P. Bagus (€12)
  [Pode fazer a descarga grátis em inglês, clicando na palavra aqui ].

Este autor defende ideias ácidas contra o euro, a sua criação, e a possível queda trágica. É representante da corrente liberal austriaca.

2. Portugal : Dívida pública e Défice Democrático (€5), P. Trigo Pereira

Uma análise destes livros, embora introdutórios, permitem uma melhor compreensão dos temas candentes que pesam sobre a cabeça dos portugueses. A questão do euro é uma questão central. É um problema clássico de qualquer moeda. Um dos capítulos analisa o conceito de moeda e a sua evolução histórica. O euro debate-se entre os dois modelos de governança da Europa, de concepções e lideranças distintas. O consulado Merkel-Sarkozy e o novo consulado Merkel-Hollande são apenas duas facetas de interpretações diferentes do papel do BCE (Banco Central Europeu) e do seu papel na Europa. Em termos simplistas, Alemanha Industrial  e França socialista, e a disputa do poder sobre toda a Europa.  Guerra actual: Disputa do controlo do  Banco Central Europeu, criado à imagem do Bundesbank, e do seu novo papel numa Europa moribunda, e cuja discussão é despoletada pela crise das dividas soberanas (Grecia, Irlanda, Portugal). A Espanha está agora sob fogo. Podem ver a remake do mesmo filme socrático, num partida da direita espanhola. Rajoy, de seu nome. [Clique em carta de Rajoy enviada aos burocratas da Europa]. Lá como cá, as falácias e as inverdades são imutáveis. A transferência da responsabilidade dos bancos privados e  seus produtos tóxicos  passa para a órbita do Estado ! É um dejá vu, nova cilada BPN. Os problemas da Espanha (sistema bancário - bolha imobiliária ) são da mesma ordem dos três  paises  já intervencionados, ou poderá vir a ultrapassá-los. Soube-se agora de um pedido de intervençao europeia da ordem de 100 mil milhões de euros. Alterou-se a escala dos alvos e problemas especificos associados. A procissão ainda vai no adro. A Itália aguarda a sua vez, e os célebres mercados já começam a cercar a Itália. A Grécia ditará um novo ponto de partida.

Outra falácia do PM consiste na divinização dos mercados. O mensageiro V. Gaspacho aplica, sem apelo nem agravo, a política de austeridade sempre sobre os mesmos. Obviamente , do ponto de vista dos mandantes - FMI e merkolândia, a equivalência entre pessoas e números é obvia. Claro que estes subordinados mandarins brilham tanto mais quanto mais depressa devolverem o dinheiro emprestado, de opaca origem e adquirido de modo sinuoso. Não são emprestadores honrados, são especuladores de ofício. Vampiros que chupam o sangue das suas vítimas em directa proporção ao seu estado de fraqueza. Os mandarins não ficam sujeitos às suas próprias regras de austeridade. Katrogas, A. Borgesy e outros antigos FMI por aí perdidos e achados.  As jóias da coroa, também têm que entrar no pacote a preços irrisórios (EDP, REN, ANA, ...).  Não esquecendo os dinheiros das caixas de pensões, vindas da parte do trabalho e parte do capital. O lixo fica para o país (transportes, combóios, ...).  Dos TGV já tratam eles, emprestam agora, massacram depois. O TGV passa por um interlúdio. Só espreitam a oportunidade. Sugá-los até à exaustão, vendendo um território em talhões, onde a escravatura se insere no território dos seus antepassados. Onde vai ser obrigatório tomar de novo a bandeira da liberdade. Que residerá no crescimento económico, com a inteligência nacional, com sangue suor e lágrimas. Onde a trapaça e a imbecilidade partidária não seja consentida. A fauna politiqueira deve ser enviada para um retorno às escolas.

Todo o governante deveria merecer o respeito devido ao seu exercicio na função nobre da política. Porém, Passos Coelhoso exerce-o numa base superficial, sectária e fundamentalista,  num rectângulo de paredes baças. Faz jogo de sombras, alterna com Relvas, joga nas secretas, é falso mandarim, é mandado, e o receituário da troika é o seu limite. Debitar empreendedorismo, mistificar subsídios jovem, acenar-lhe com euros de servidão, negar-lhe o emprego estável, convidar à emigração, elogiar cinicamente a mansidão dum povo inteligente é , em última análise, mera metodologia de passos perdidos. Entretanto, vai-se pilhando o país. E já agora, as matriarcas romanas e as beldades romanas embelezavam a sua vida com os nobres metais da Ibéria, suportadas pelas férreas adagas dos seus leginários. Contentes andam os futuros mineiros do Alentejo e de Trás-os-Montes. É pelo emprego que vem a sua satisfação. A dignidade da sua família. O pão na mesa. Não se iluda com a sua troika, esta já aponta baterias contra as organizações de trabalhadores, os mesmo que reclamam empregos com dignidade. Não discutem, porém, o valor do ouro extraído com o suor das suas vidas arrastadas pelas minas e, com sorte, sem velhice perturbada pelas doenças associadas. A vida humana não pode ser contabilizada, apenas, por cifrões.Foi o PM que incentivou  os portugueses a não serem piegas. Devolvida a mensagem, mostre a sua raça ou emigre, a pedido de muitos portugueses, para  inicio de estudos gregos.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Vendedores de jóias e pins na lapela . . .

Os vendedores de ilusões do Passos Coelhoso assentaram desta vez arraiais em Caçarelhos. Os deputados da Nação acordaram com o estrondo da queda dum anjo. Fernando Torquaz ficara intrigado com tão inesperado acontecimento e, para sua própria segurança, procurou albergar-se debaixo do velho capote de Calisto Elói. As ondas televisivas perturbam a mente, reconhece Torquaz, mas a queda dum anjo ultrapassa a sua racionalidade. Não seria antes um Objecto Voador Não Identificado (OVNI) que aterrara ali? Duvida dos seus próprios sentidos e, por instantes, perde a noção do real, pilotado pelo seu imaginário. Já não atina se de facto é a queda real dum anjo ou o despropósito do esvoaçar de anjos assexuados em território sagrado dos representantes da Nação. O que teria levado ao descontrolo alar da queda dum anjo no Parlatório? Os sons que acabara de ouvir traduziam alguma metáfora?  Seria pura ficção ou crua realidade?

Fig.1-Cruzeiro de Caçarelhos
Alvejado fora V. Gaspacho, mas ao menos esse tem existência real, pausada e bem cruenta, fala inglês e diz que não mente. Admite apenas, certos lapsos. Torquaz reflecte a sua peculiar especificidade temperamental. Atordoado com o impacto de tal acontecimento - A Queda dum Anjo,  depressa se recompôs voltando ao seu estado frio e racional. Calisto Elói, fora deputado pelo círculo de Miranda, figura literária de C. Castelo Branco, amaldiçoado da celebrada corja de políticos que, já naquela época, batiam no zé povinho com bravura desmedida. Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda, nascido no distante ano de 1815 em Caçarelhos, era um rude erudito transmontano, ridicularizado no seu estado angelical pelas suas polainas e vestimentas de corte único, quando se apresenta no Parlamento.  O seu nome espanta qualquer bárbaro , pelo exagero de tantos nomes e pelo recorte de tantos "de" e "e". O pragmatismo germânico prefere a aglomeração de palavras e duas palavras são suficientes para caracterizar um índividuo.Os livros dos seus avoengos permitiam-lhe julgar os tempos da Roma Imperial, e tipificar os Dioclecianos, Calígulas e Neros dos tempos modernos. A sua vida não tinha lugar na história. Desposara novo a morgada de Travanca e, claro, a sua fortuna saira reforçada. Em Caçarelhos, as suas cogitações eram ouvidas com submissão e os seus ditos eram religiosamente registados. Era claro no seu pendor político. Fundamentava as posições nas antigas Cortes de Lamego. Primazia absoluta para o antigo, velha legislação, cartas forais e veneração da pura casta genealógica lusa, transmissores dos altos valores pátrios. Claro está que os fidalgos comarcãos não lhe suportavam o olhar altivo, de um  puro sangue genealógico. Um seu tio-avó perdera todos os seus anos à descoberta de actos indignos da fidalguia lusa, mas raramente descritos.  Legara a Calisto Elói um livro de memórias intitulado: Livro-Negro das Linhagens de  Portugal. Exibia a sua eloquência e dominava, a seu belo prazer, velhas linhagens com temas arrasadores.  Apontava vícios perversos como mancebias, adultérios, coutos danados e temas assim. Não se opunha ao progresso, não viesse o progresso importuná-lo a ele. Era homem inofensivo, esolhera a leitura dos clássicos para seu conforto existencial numa Caçarelhos intemporal e delegara, imagine-se, a liderança das courelas à sua dedicada esposa.

 O mestre escola e o boticário não partilhavam o seu ideário político , mas não conseguiam esgrimir os seus argumentos ao ponto de importunar Calisto Elói. O morgadio e os seus proveitos completavam a supremacia sobre os tímidos rivais. Tão superior era a sua erudição sobre o mundo romano, e temas abrangentes da nacionalidade que, numa mordomia sua da festa de São Sebastião, fora apontado  para a governança de Miranda. Aceitara a alcaideria, mas as suas teses fundamentalistas assentes num passado longinquo, de pronto tiveram uma reacção dos vereadores de Miranda e o inevitável abandono, de moto próprio, de Calisto Elói. Governassem, pois, os restantes. O seu morgadio permitia-lhe, com desafogo de vida, prosseguir a sua cultura clássica e o casamento sem amor com a morgada de Travanca. A sua erudição era tal que nas redondezas se apontou o seu nome para lídimo representante como deputado da Nação pelo círculo de Miranda. Na verdade, para os ilustres agricultores possidentes, o então representante de Miranda andava perdido por Lisboa, com vida devassa e beberragem vínica a rodos, e os seus eleitores não conseguiam localizá-lo na selva lisboeta. As cunhas e influências  ficavam assim bloqueadas por falta de destinatário.

O teste decisório dos livros antigos ia fulminando o erudito Calisto Elói. Fiado pelas virtualidades das fontes de água lisboetas, descritas nos seus livros de referência, levaram-no, num ápice, a leito prolongado. A suposta formusura das faces rosadas das mulheres da capital do reino atribuída às fontes lisboetas levara-o ao desprezo e chacota da madre dum colégio de freiras, de rostos lívidos e desconcertantes. Calisto Elói não era desprovido de inteligência, mas a desconexão dos seus pressupostos mentais e a realidade era abissal. Causa e efeito eram divergentes. De decepção em decepção, foi tomando conta do pulsar malévolo da capital. Nas suas andanças pela procura de habitação condigna, bateu com fragor no lamaçal de Alfama, nos comentários jocosos da populaça, no ridículo do provincianismo asumido e para cúmulo, meteu-se em locais onde marinheiros, libertinagem e vidas amorosas sem destino definiam as suas regras. Cais do Sodré, próximo dos estaleiros de caravelas. Manifestamente os seus primeiros passos na capital desenrolaram-se todos em contramão.  O mundo lisboeta afastava-se da idílica Miranda e a chacota fazia parte da lei da selva. Gozado fora também pelos comerciantes, arautos do progresso, ao procurar o Chafariz dos Cavalos soterrado havia muito pelo terramoto de Lisboa.

Tal foi o percurso da sua vida experimental fora dos distantes serros do Pedriço, que bordejam Caçarelhos. A estreia do desconhecido parlamentar Calisto Elói no Parlamento, que nem a figura ridícula da sua indumentária nem a protecção manifesta do Abade de Tibães o fez vacilar, desencadeou um forte impacto, cativou os seus correligionários e tirou, do sério e da galhofa, os seus opositores políticos. Portugal estava alagado, dizia, numa onda de corrupção e compadrio  e a Pátria teria que ser salva por homens virtuosos, impolutos e eruditos. A filtragem obrigatória de toda a actividade parlamentar tornara-se imperativa para C. Elói, remando contra o escárnio e os regulamentos do Parlamento e as ímpias leis, exploradoras infames de impostos sofridos. A luta era desigual, impiedosa e desproporcionada. A mesquinhez dos parlamentares, seus pares, não lhe poupariam o atrevimento de provincianismo prímário. A força de Calisto Elói residia no conteúdo e não nas formalidades da praxe. A sua altivez não vergava perante os seus pares, de ética e moral, duvidosas. Tinha um profundo desprezo pela maioria deles, fazendo valer a força moral derivada dos seus maiores.

Considerava-os como invertebrados sem capacidade de posicionamento vertical, sendo o seguidismo cego e a bajulação do chefe  a única prática social. Fora apontado para parlamentar dos seus eleitores, como melhor protecção contra as investidas selvagens das traiçoeiras imposições de impostos. Requeriam quebra das décimas, e na posição avançada do tio Zé do Cruzeiro, a abolição total de todos os impostos. Se a capital não provia de estradas, de cultura e de um mínimo vislumbre de futuro, force-se Lisboa a tercer armas, tal como D. Teresa - mãe do infante Afonso fez no encontro de Ricobayo (Rio Esla). Os seus eleitores perdiam a vida dura em serras inóspitas, altaneiras, sem vislumbre de protecção, divina ou terrena. O seu primeiro acto político na Câmara procurou dinamitar a fórmula do seu juramento. Sendo monárquico legitimista,  decidiu colocar entre aspas o seu juramento e a sua erudição leva-o à conclusão que não poderia exigir-se juramento a quem potencie perjúrio. Caso próprio. Calisto Elói não se ajustava ao regulamento vigente. A boa fé, segundo os seus valores, devia substituir o juramento. O Abade de Tibães, transmontano como ele, já rodado em história política, convenceu o seu amigo, de que aquela fórmula de  juramento era uma mera palhaçada. Do perjúrio livrava-o ele, bastando ser fiel à religião, constituindo o juramento livre passagem directa a ateu. Ganhava todos os direitos de zurzir no rei e nas leis, a seu belo prazer, e simultaneamente ser seu defensor. Claro está que o acesso a prebendas e mordomias, públicas ou privadas ficavam garantidas, e a carteirinha individual protegida pela imunidade parlamentar e pelo segredo.

 A celeuma do juramento criou burburinho na Câmara, aplausos e apupos sucederam-se para aumentar o ruído de fundo. Os legitimistas viam nele um português à antiga, audaz, erudito e honrado e,  por se tratar de uma ave de arribação, a oposição delineou uma estratégia para o queimar em lume brando. Habituados à prática da mentira, esmeravam-se na procura de falácias e não faltaria tempo para enlear Calisto Elói em enredos perigosos. Mais cedo que tarde. Um novo Dom Quixote lutando contra moinhos de vento.
A entrada no mundo da cultura e da civilização, ou do mundo pecaminoso da devassa segundo C. Elói, foi acompanhada de perto pelo Abade de Tibães. Este convidara-o,certa vez,  a uma ida ao teatro onde se desenrolava a peça lírica Lucrécia Bórgia. A devassa diva exacerbou a quietude dos pensamentos reflexivos de C. Elói sobre o conceito de Arte greco-romana. A esta mistura explosiva, juntou o Abade o argumento do subsidio  estatal, com impostos da Nação. Perante estes factos, praguejou contra tudo e contra todos, não poupando sequer o amigo Abade. Pela mesma altura, reclamou um deputado- Dr. Libório um subsídio análogo para o teatro de Sâo João no Porto. A talhe de foice, esgrimiu os seus argumentos contra a camara, dita civilizada. Contaram-se sussurros, vaias, apupos, bravo, bravíssimo  e apoiado. Intrépido, assume-se como provinciano e demodée, e enfrenta sem vacilar a trinitruante turba parlamentar.  Em nome da vossa justiça e opulência, alimentem o circo lisboeta dos deputados, paguem principescamente do erário público as devassas Lucrécias Borjas, taxem , sisem, espoliem,  liquidem de vez os miseráveis do país. Em nome da vossa justiça, condenem igualitariamente a sociedade portuguesa, como iguais devassos e gastadores, em desiguais terras e comendas. Condenai ao purgatório desta vida o contribuinte das serranias e ilibai os corruptos.  C. Elói, picado no espírito pela luxúria do reino, fustigou a Câmara de deputados com violentas diatribes verbais. O Abade de Tibães não conseguiu manter o homem nos estribos. Fora provocado num debate  da legislação sobre importação e direitos de objectos de luxo.  A previsivel humilhação na Câmara apontava para os desajeitadas vestimentas do provinciano.  A sua mente era vergastada por um pensamento constante. Lá pelas serranias, tratava eu bem destas bestas. Com qualquer arreio de animal digno desse nome, a dignidade humana seria reposta no acto. Despercebida passou esta frágil propensão ao Abade de Tibães e correlegionários amigos. Enveredara de novo pela argumentação clássica. O garboso Dr. Libório, deputado pelo Porto, assumira posição oposta ao de C. Elói. Gongórico e de discurso inócuo, iludibriava a Câmara com a sua retórica, para enlevo da maioria. Percebeu a inutilidade do dito cujo e pela primeira vez, formata a sua opinião sobre a maioria.O luxo vira-o o ilustre deputado do Porto, nos palácios de França, nas sumptuosas damas dos Champs Elisée, nas caleches da civilizada Paris, nas jóias de exuberantes madames.  "O luxo é o espantalho dos ânimos sandios e cainhos", disse. Afrontava, assim, o digno representante C. Elói. Tomara o veneno da víbora, tão receado pelo Abade de Tibães. Não habituado às tiradas poetico-filosóficas do Dr. Libório, à vacuidade do pensamento do citado, fugiu-lhe uma clara vitória no debate. Perdeu-se nos meandros da legislação sobre a Justiça. Vencera a suposta relação entre luxo e riqueza das nações.  Alguns aplausos se ouviram quando contra-argumerntou que quando  o luxo é maior, é proporcionalmente menor o número de ricos. Para alimentar o luxo há que responder com corrupção e devassa moral. Às sociedades de luxúria segue, invariavelmente, o ciclo do  declineo. E  a independência dos povos evapora! Assim cairam Roma, Pérsia, Egipto e o império Português, entre tanto impérios. Argumentos fracos para a Câmara.

Cioso da vitória, o Dr. Libório não se dignou sequer refutá-lo. Não descia ao nível do miserável e provinciano C. Elói. A imprensa governamental vilipendiou-o, preparando-lhe a cicuta mortal. De boa fé, admitiu que não era assim que se tratava um deputado da nação e se desreipeitavam os seus montesinos eleitores. Se tivesse que partir, partiria pelo próprio pé. Iria contar os factos aos seus eleitores. Todas as senhorias, condes, viscondes, fidalgos, burgueses e quejandos se haviam juntado no festim da humilhação de um homem, digno dos seus eleitores. Calisto Elói enfrentara a Câmara e ganhou, apesar de tudo,  a consideração de muitos deputados. As forças políticas presentes tentavam agora arregimentá-lo à sua tribo. Acercaram-se os deputados governamentais, com promessas de dividendos correspondentes à sua preclara inteligência. Desta tentação o procuraram livrar os correliginários da oposição, com o argumento das novas voragens de impostos governamentais que se adivihavam. Politicamente correcto, ia dizendo que quer uns quer outros não falavam português vernáculo. Nenhuma das seitas parlamentares lhe inspirava qualquer confiança. A meliflua teia ia, paulatinadamente, enredando C. Elói. A queda dum Anjo, sem mácula como é devida a um anjo, estava prestes a cair. C. Castelo Branco adiciona ao integro C. Elói, a incerteza dum coração de 44 anos. Uma vaporosa brasileira daria a C. Elói a vivência amorosa e o descongelamento da rispidez de preceitos, à custa dos cobres do morgadio e da destruição do casamento sem amor.   Assim, tentou interpretar Fernando Torquaz a citação no Parlamento da Queda dum Anjo.
A prosa já vai longa e termina por aqui o primeiro acto. Estamos "em vida fictícia como país independente", no dizer de Camilo. Deixou ao leitor a evolução da vida de C. Elói. Será contemplada no 2º. acto, com figurantes de pins na lapela , vendedores de jóias e rasgadores de bandeiras [A leitura do livro  "A queda dum Anjo" merece uma leitura atenta. A descarga do livro electrónico (*.pdf) é grátis, podendo ser acedido clicando aqui ].

As dificuldades financeiras do país são demasiado óbvias, mas o posicionamento do PM face às actuais dificuldades é perfeitamente previsível, por acefalia congénita e massacre continuado dos mesmos. Divirta-se clicando agora. Tempos de peste negra.

terça-feira, 20 de março de 2012

Zagalo, caçador furtivo ...

Zagalo estava na mira do insidioso guarda Fusqueto. Personagem maléfica, exercia o seu poder arrogante de modo discricionário e autoritário sobre a timorata população. Zagalo não fugia à regra e, na sua actividade furtiva, o silêncio era lei. Por vezes, quando a tarefa era exigente em termos operacionais, requisitava os serviços de Roberto, empurrando sempre Torquaz para uma tarefa desviante.Este ainda não tinha valência para uma actividade clandestina, nem a firmeza de carácter de Roberto. Também este ainda não revelava traquejo de emancipação. Zagalo não confiava em nehum deles, e por coerência, nunca lhes revelava os reais intentos de qualquer operação. Pelo contrário, dava-lhe pistas falsas para obter a sua cooperação. Avisado andava Zagalo. O guarda Fusqueto não ocultava o objectivo claro de enjaular  Zagalo. A discricionaridade dos seus actos levava à conclusão que havia informadores dissimulados que lhe forneciam informação confidencial. Zagalo movia-se numa teia de interesses mesquinhos e era alvo de atenção redobrada, em todo o instante e lugar. Qualquer passo em falso, ser-lhe ia fatal. Todos os seus passos aparentavam normalidade, e nas suas deambulações recorria ao seu pacato jumento para a deslocação às pequenas parcelas de terra, estrategicamente situadas. Nalgumas tarefas, de média perigosidade, recorria ao Roberto para o transporte da fusqueta , convidando-o a cavalgar o pacato jumento. Em caso de emergência, ambos voariam com o vento perdendo-se numa nuvem de poeira. Fusqueto já falhara cinco tentativas de apanhar os transgressores. Não se apercebia, porém, do ardil magicado por Zagalo. De início, provocara-o intencionalmente e havia-lhe facilitado a detenção por três vezes, com o resultado previsto: ilibados por falta de objecto material do crime (a fusqueta). Aumentou a parada, e após as cinco tentativas falhadas seguintes, acabara por desistir. Roberto largava a fusqueta no meio da mata carvalhiça e daí a fusqueta seguia oportunamente para o local do crime. Era tudo o que Roberto sabia. A partir daqui, existia um vazio total sobre a operação. Em caso de sucesso, era convidado para uma comezaina, em local nunca repetido. Zagalo recorria, na sua ideia, ao principio de menor risco. De todos as deambulações com Roberto,  a fusqueta só era envolvida raramente. Tinha uma noção vaga de segurança, mas eficaz. Ambos sabiam que fusqueta, na realidade, significava espingarda, termo que quase se confundia com Fusqueto. Assim, a mente não se olvidava da lembrança da perigosidade do transporte. Em caso extremo, da improvável intercepção por parte do guarda Fusqueto mostravam os seus  argumentos de rapazolas espigadotes e destemidos, e as tentativas falhadas avivavam-lhe a prudência. Invariavelmente, chamavam o cão do vizinho acusador, por eles conhecido e apelidado de  Fusco. Interpelados, respondiam senhor Fusqueto, mas a graçola era subrepticiamente entendida como cão do vizinho, seu protegido. Este não requeria licença camarária, ao contrário de muitos outros, pois estava debaixo da protecção do discricionário guarda Fusqueto. Era animal de pleno direito. Este era amigo fiel de Zagalo, registava o seu tratamento carinhoso e fugia do verdadeiro dono como animal abandonado. Permanentemente em crise, era de Zagalo que Fusco recebia algumas migalhas. Formavam um verdadeiro trio de ataque.
 Zagalo andava submetido a um colete de forças. Vivia amargurado em casa, de telha vã. Alternava entre a casa paterna e o palheiro. Decidia-se pelo palheiro em frias noites inverniças, mas quando chovia não tinha alternativa. O ano era longo e os dias sucediam-se miseráveis. Circunspecto e pensativo, remoia a ideia da falta de comida à mesa dos seus desnutridos irmãos. Não cedia à pressão da caça furtiva, enfrentando se necessário fosse o temido Fusqueto. Na vida não vale tudo, custe o que custar. Argumentava com razão que a caça era de natureza pública e o poder viera a apoderar-se dela. A dignidade humana permitia-lhe a revolta e lutava por causa justa. Um dos seus pequenos irmãos invectivou o guarda, perguntando-lhe pela papeleta do cão livre. Esta ocorrência chegou aos ouvidos de Zagalo, vendo nele um seu possível sucessor. O uso da fusqueta nem sempre o conduzia a um final feliz. A espera, silenciosa e prolongada, em local estratégico e de visita frequente dos coelhos bravos exigia um protocolo de procedimentos exigentes. A segurança era vital e Roberto incumbia-se de seguir discretamente as saídas nocturnas de Fusqueto. Em caso de emergência, acendia uma fogueira de aviso, em local apropriado. O ruído da explosão ouvia-se a grande distância e, de imediato, havia que abandonar a posição. Falhado o alvo, a fusqueta era abandonada no matagal para nova investida. A alegria dos seus irmãos ficaria adiada, mas com temperamento férreo não desistia de lutar. Os estampidos nocturnos acicatavam o pensamento tortuoso do guarda Fosqueto. A guerra titânica entre gato e rato prolongava-se indefinidamente. O tempo de impunidade jogava a favor de   Zagalo e, por oposição, a respeitabilidade de Fusqueto decrescia. Já circulavam, em surdina, comentários jocosos, pois ninguem percebia o investimento governativo no malquisto Fusqueto. Mas lei é lei, e não havendo prova flagrante não há detenção, argumentava ele. Assim ia Zagalo vivendo livre, sem liberdade. Até os ecos dos disparos se terem desvanecido na mente de Fusqueto, ia recorrendo a métodos alternativos, ora semeando ao vento armadilhas, perigosas e traiçoeiras, pelos montes ermos da Serrica, ora colhendo os produtos apanhados em utensílios similares de outros colegas de actividade clandestina. Vigiavam-se uns aos outros, embora fosse uma operação arriscada. Fugiam à teia da lei e dos regulamentos de caça, voltando aos tempos idos dos caçadores-recolectores, obedecendo à única  lei da sobrevivência.
Zagalo não esgotava as suas variantes de diversão clandestina. Quando, por acaso, lhe caía em sorte uma perdiz, era ouro sobre azul. Sabia procurá-las na Mó e no Vale do Quadro, seguindo a pista e os trilhos do tio Planilha. Os seus irmãos viravam anjos e Zagalo era o seu deus. Divertia-se com a sua satisfação, mas não ignorava a vida cruel e repetida que a sua condição de pobreza os levaria. Não era um coelho qualquer que lhe apontava o caminho da emigração. Era qualquer outra razão que não sabia explicar com clareza, mas que entroncava na sua vida miserável e de infortúnio. Em tempos de desânimo, transmitia o seu rudimentar pensamento ao entendido Torquaz. Este, por sua vez, transmitira já buriladas as ideias mestras do Zagalo a um perdido primo lisboeta, estudante avançado de filosofia. Em termos gerais, revelara que as dúvidas de Zagalo fazim sentido e que muitas das suas dúvidas podiam ser enquadradas na origem da família, da propriedade e do estado. Advertiu-o, porém, da perigosidade destas ideias. Torquaz não compreendeu nada do assunto, nem sabia o significado de propriedade e de estado. Era mais reflexivo que Zagalo, mas o que lhe importava era a sua genuina colaboração com ele. Libertava-o da monotonia de dias iguais, fugia à intrigalhada da aldeia e, ademais, gozava da natureza em pleno. Acrescia ainda que não era exímio na acção, como frequentemente Zagalo recordava. Refinadamente, era indiferente às actividades de Zagalo e a sua tranquilidade residia mais no pensamento que na acção. A verdadeira felicidade de Torquaz revela-se na contemplação da estrela boeira e do céu nocturno, em tardes e noites quentes de Agosto. A sua mente voava para outro mundo quando observava os satélites artificiais a passearem pelo céu estrelado. Andava intrigado com a descrição dos movimentos dos satélites, pois via-os deslocarem-se em sentidos opostos.
 Não aprendera ele na escola que a terra era redonda? Seria possível uma qualquer inversão de marcha no extremo do firmamento?

Fig.1 - Laika aprisionada

 Seria possível que a historieta mal contada da Bela Laika , permitia supor que Laika era mais inteligente que Fusco? Era ela, porventura, que permitia inverter o sentido da marcha? Nada para ele fazia sentido.
Era problema a colocar ao primo distante. Sentia-se, porém, bem no seu papel, e cada macaco no seu galho. Zagalo executava o seu papel, de modo independente e sem constrições, e a sua colaboração
resumia-se a um simples observador, colaborante das tarefas apontadas e por si nunca questionadas. As mentiras inocentes de Zagalo ilivavam-no, em caso de recurso, e a figura de tanso não lhe desagradava. Porém, não comia nem engolia as meias verdades de Zagalo.
 Zagalo era, apesar de tudo, um amigo fiel e constante. Já o havia protegido, em situações perigosas de sova certa. A seu modo, Torquaz também não deixava cair temas no vazio: um dia haveria de saber. As vagas sucessivas de emigração eram-lhe familiares, numa delas viu desaparecer a sua inconfessada amada Margarida Rute. Zagalo não ignorava o caminho do exílio, mas debatia-se com a questão da carta de chamada e da  falta de crédito para a viagem. Problemas que não tem solução, resolvidos estão. O dia de sorte ou azar, um dia chegará, dizia cabisbaixo ao amigo Torquaz. Talvez o vento confidencie o segredo ao magnânimo Furriel que, dizia-se, servia de banqueiro do povo e da miséria. Fazia jus a uma seguidora desconhecida de Teresa de Ávila, de terras espanholas não muito distantes.  Na vida de Zagalo, a dureza da alma e o corpo fustigado não lhe toleravam pieguices. A sua actividade clandestina era o único projecto de vida, era objectivo e baseava-se em causa justa. Na sua ideia, ficara-lhe este eco de um sermão inflamado sobre a guerra, convenientemente explicado pelo padre da aldeia, seu amigo. Em conversa paroquial, segredou-lhe alguns príncipios de vida e consciente da sua possível perdição conversava com ele, regularmente. Zagalo sabia da fraqueza do padre, pois vivia amancebado. Eram companheiros perseguidos. A uma pergunta inquisitorial do bispo sobre a sua vivência, supostamente  marital e duas crianças, filhas de pai incógnito, respondeu secamente: são filhos de Maria Madalena e meus sobrinhos, senhor. Estimo-as, enquanto dádivas divinas e inocentes, como qualquer pai que se preze o faria.
Para Zagalo, o perigo eminente era-lhe indiferente, e se um homem tem de morrer, morra de pé. Queria lá saber de pieguices, coelho bravio não tem alma nem sensibilidade. Zagalo descobrira o príncipio do aumento de productividade pelos seus próprios meios. Os seus métodos clandestinos de produção, garantia de sobrevivência, eram bastante limitativos mas tinham o mérito de ser moderamente perigosos. Fusqueto perdera sempre os duelos.
Em circunstâncias não reveladas, Zagalo decidira refinar os seus métodos de caça clandestina. Pela mão de um amigo incógnito, cansado deste ofício pela recusa  muscular, em anos de frio e chuva continuados, chegou ao mestre da caça clandestina.



 Fig. 2 - Acompanhante clandestino de Zagalo

 Detinha terríficos animais, que punham em pânico populações inteiras de coelhos bravios, furões de seu nome. A productividade iria aumentar, conjecturava ele, e o risco de ser apanhado em flagrante no exercício da suas tarefas clandestinas garantia-lhe, pela certa, incontáveis anos de prisão efectiva. Não era a vida prisional que o amargurava, pois em semelhante situação o estado garantir-lhe-ia comida sofrível e telhado coberto. Era, isso sim,  o opróbio e escárnio da população, por mau desempenho. Consciente deste facto, negociou as condições do respectivo contrato com o mestre. As cláusulas eram severas para Zagalo, mas quem não arrisca não petisca. À cabeça, pagaria a pronto o valor estipulado para o bicho e toda a produção era taxada a 25%. Os arredondamentos da partilha (para cima) eram sempre favoráveis ao vendedor, caso o número fosse superior a cinco. Negócio de agiota. Como em  qualquer vendeta italiana, se a origem do bicho fosse revelada teria que pagar com pesada pena corporal. Perante condições tão leoninas, Zagalo apenas conseguiu uma pequena cláusula, envolvendo treinamento real de uma hora, em local desconhecido.  A sua vida  dependia do seu bom aproveitamento e a sua vida futura estaria para todo o sempre associada à sua real eficiência no mister. Cumprida a primeira parte do contrato, recapitulou, em noite forçada de insónia, todos os detalhes e os mais ínfimos pormenores do comportamento do animal. Iriam colaborar intimamente e o sucesso de um arrastaria o do outro e vice-versa. As dúvidas, entretanto surgidas, foram devidamente treinadas em exercicios reais. Afeiçoara-se ao bicho e sentia-se preparado para um exame real, de natureza logística complexa. A existência do bicho só era do conhecimento do mestre e de Zagalo. O segredo era vital e imperativo. A operação requeria a intervenção de Torquaz, Roberto e, obviamente, Zagalo. A Torquaz estava atribuída a tarefa menor de simples vigilância do local envolvente, lá para as bandas do Vale do Freixo  e, colocado em fraga altaneira de granito teria que alertar os meliantes com os reflexos de um velho espelho. Zagalo tratou de deixar um pequeno saco de castanhas, para passar o tempo e enganar o estômago. Ficara combinado que, mais tarde, haviam de juntar-se com um outro muito mais pesado saco de castanhas, surripiado mais uma vez ao tio Canavarro. Alertou que a operação era morosa, pois, só avançariam com a certeza absoluta de que o saque teria pleno êxito. Poderia até prolongar-se para além do anoitecer. Não desagradava a Torquaz a ideia de recontar mais uma vez as estrelas do céu. A tarefa atribuida a Roberto envolvia o controlo de uma rede, vagamente piscatória, com uma mensagem codificada: apanha e ensaca. Por caminhos estranhos, Zagalo deu ínicio às  suas aptidões, ganhas  no curso abreviado e na sua aprendizagem pessoal. O seu arrebatamento foi total quando, finalizada a operação, Roberto havia ensacado nove, no limite máximo do seu conhecimento. Números grandes de milhares, milhões, milhares de milhão e por aí adiante, eram-lhe perfeitamente irrelevantes. Esses números eram, apenas, linguagem de políticos corruptos e do trio, só vagamente, Torquaz sabia a sua real valoração. Não era coisa pouca para Zagalo aumentar a productividade de um, dois no seu melhor, para nove. Era obra! Fora bem sucedido desta vez, e supersticioso como era, entrara com o pé direito. Escondido o contrabando, trataram de carregar o saco de castanhas no dorso do seu dócil jumento e foram confraternizar com Torquaz. Deram-lhe a primazia  da escolha da data do magusto. A logística ficaria por conta de Roberto e Torquaz. Desconfiado de tamanha amabilidade, agradeceu, vestindo a pele de um actor menor como se fosse um imbecil. A partilha foi feita com o que havia sido combinado. Três pertenceriam ao mestre, ficando apenas seis disponíveis. Um ficaria cativo para venda clandestina, e decidira dar dois a Roberto. Este recusou, levando apenas um, pois sabia da precária situação  de Zagalo. A alegria voltara à casa de telha vã. Afortunadamente, Zagalo progredia para um domínio completo do métier, e a acumulação das sucessivas vendas clandestinas permitiu-lhe aforrar o suficiente para a compra de um bilhete de 3ª classe no paquete Vera Cruz. Por vezes, mostrava reluzentes moedas cuja origem Fusqueto adivinhava. Tudo parecia uma vitória antecipada de Zagalo, quando decidira despedir-se dos amigos com uma peixaria especial. Fusqueto preparou-se para uma vigilância apertada, solicitando a colaboração de colegas seus. Eufórico pela partida, baixara o seu grau de profissionalismo. Partira para o rio com uma rede piscatória, e se a empresa fosse bem sucedida a despedida seria de arromba. Vigiado por Fusqueto, foi encurralado pelo rio e pela sua equipa de guardas. Apanhado em flagrante delito, sofreu a humilhação das algemas e foi conduzido ao juiz com a acusação de violação da lei da pesca, desobediência  e tentativa de agressão à autoridade. Os colegas de Fusqueto viam na acusação de desobediência e tentativa de agressão, uma clara manifestação de abuso de autoridade. E disso deram conhecimento ao juiz, em declaração individual. Sumariamente, Zagalo foi condenado a uma pesada multa, mas ilibado das restantes peças de acusação.O flagrante delito estava lá e, nesse aspecto, a vitória de Fusqueto era clara. Após a leitura da sentença, o juiz  interessou-se pelo seu caso e, em tom amical, explicou-lhe as suas consequências. Mandou-o passar novamente pelo tribunal para regularizar a questão da multa. O montante fora coberto, por empréstimo e sem juros, pelo banqueiro do povo. Radiante, apresentou-se ao juiz na data aprazada. Cumpridas as formalidades, o juiz deu o caso por encerrado. Recordaria para todo o sempre o tom afável da sua douta consideração. O Snr.Zagalo  é agora um homem livre e, no novo mundo, use a sua liberdade com honradez!
Antes da partida enfrentara Fusqueto pela derradeira vez. Malvado, não passas de um homenzinho, enxertado em corno de veado, dir-lhe-ia.

Fig.3 - Velha locomotiva a vapor, alemã.

 A sua despedida foi calorosa, não faltando a petiscada de peixes magníficos do rio, obra dos amigos. Roberto piscou o  olho e balbuciou um até breve. Despediu-se de Torquaz, com um enigmático: até sempre, camarada. Poucos dias passados, galgava léguas no planalto mirandês, sentado no velho assento de madeira do combóio, espólio da 1ª guerra mundial. Rumava ao cais da Rocha Conde de Óbidos, onde o Vera Cruz o esperava com a bandeira da liberdade.