Perante o deslumbramento da publicação de um artigo no NYT, todo o pensamento colapsa, a veneração do autor cresce de modo divinal e o deslumbramento suíço ofusca o brilho das estrelas. É sabido, em terras lusas, que o paralelipípedo de canja suíça vende mais que o inexistente produto nacional. Pode aceder ao artigo (em inglês) do NYT internacional,
clicando aqui. A importância do artigo é manifestamente importante para o ego do autor, ridículo quanto ao conteúdo para o jornal NYT. Convém lembrar que a existência de umas centenas de burros em terras fronteiriças, não contempla os cerca de 400 milhões que vagueiam pelo globo e o artigo é omisso quanto aos seus pares na Europa. Falta a escrita contundente de C. C. Branco, mas historiemos a coisa! Ora se o articulista fala tantas línguas, natural é admitir que o mesmo animal zurra de modo semelhante em variegados espaços e paisagens, embora os homens os designem por nomes diferentes. Como a maioria dos Homens da citada fronteira não sabe falar outras línguas, é mais fácil observar imagens e indagar se as fotos são meros postais ilustrados, ou seja, se uma fotografia significa apenas tirar um boneco, em linguagem comum. Para uma revisão da matéria veja o sítio: The melancholy donkey [
clique aqui.], com referências em alemão, francês e espanhol.
Se na comunicação digital se pensa que vale tudo, há quem pense exactamente o oposto. A associação homem-burro no imaginário popular foi sempre objecto de piadas brejeiras. Pena é que que o NYT baixe a tão execrável nível. Shame on you RM. Veja-se uma possível resposta de pessoa indignada" INYT Jornalists' Zoology: Raphael Minder [
Not a donkey...no]. Não merece RM qualquer outra referência.
Na foto do artigo, o único figurante de rosto humano é G. Domingues. Homem (com H maiúsculo), de sorriso tranquilo e vida adivinhada. Ser real e, doravante, tratado como ser abstracto de certo grupo de dignos europeus. Dos outros intervenientes na foto, diz-se, oscilam entre o homem banal, bestial e peseteiro. Em comunicação digital, a foto não significa apenas um simples boneco. Separadas as águas, conclui-se que nem todos os burros são iguais. Há, pelo menos, que distinguir os sóbrios onde a palha é uma dádiva divina e os privilegiados das terras suíças, onde o verde domina. Aqui termina a parte lúdica da coisa.
Em tempos idos, o Instituto Alemão ajudou a abrir os olhos para o mundo através de certa pintura alemã, entre eles George Grosz. Um pintor maldito para certos sectores.
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Fig.1 - Eclipse do sol (1926) |
A Fig.1 representa uma das suas obras, intitulada "Eclipse do sol -1926", dos tempos da Republica de Weimar dos anos 1920. É de natureza manifestamente política e pretende retratar o fenómeno da guerra, do poder, da avareza, da corrupção,da desigualdade e de políticos acéfalos. O animal pretende representar um pessoa normal, ou um povo, de olhos vendados, seguidor obediente de políticos, acéfalos e dominados pelo bem nutrido detentor da indústria (alemã) ou finança e pelo, então, Presidente da República de Weimar. De olhos vendados, não consegue descortinar o simbolismo do canto inferior direito. Destino fatal. Os políticos desobedientes corriam o risco de ser passados à espada, como as manchas de sangue nela revelam. O eclipse do sol está materializado pela interposição do dólar (canto superior esquerdo) . Uma imagem transporta mais ideias que mil palavras e a transposição para os dias de hoje são óbvias.
O alcance do quadro atinge de maneira frontal os interesses instalados. Similares no passado e no presente.Transpondo para a dupla Homem-animal figurado, nada melhor que recorrer a velhas imagens da WWI (fica a cargo do leitor), O animal desempenha o seu papel em distintas tarefas, embora o Homem cumpra também o seu papel. Porém o papel desempenhado pelo Homem pode ser ambíguo.Não se pode transformar uma imagem digital, num simples acontecimento jocoso. A questão dos subsídios invocada é uma questão banal, e organizações protectoras dos seus pares existem em vários países europeus:: Suíça, por exemplo, e muitos outros que RM conhece. Acontece que a vida está difícil para todos. Incluíndo jornalistas, que obtém os seus proventos da publicação de artigos em jornais e leccionam cursos de comunicação digital em institutos espalhados por aí. Quiçá, em Madrid em qualquer IE.
Porém, ainda há gente em Portugal que não aceita, impávida e serena, a teoria cega da fé nos burros, onde jornalistas peseteiros propagam ideias de submissão, colhendo daí doces frutos à custa de Homens de H maiúscula.