quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Boas-Festas e bom Ano Novo 2020

Boas-Festas e feliz 2020


  • Giotto  (1295-99) - Basílica Superior de São Francisco de Assis


sábado, 14 de dezembro de 2019

Comenda de São Cipriano de ANGUEIRA (1515)

Angueira -  Comenda nova (1515) 

da Ordem de Cristo (Tomar )

Quando a idade da inocência ditava as suas regras,  não havia pausas para reflexão. A liberdade de movimentos requeria-se total, apenas enquadrada pelas regras rígidas vigentes  para a garotada nos anos distantes do pós-guerra, dos anos cinquenta do século passado. Os retratos das figurinhas do Estado Novo impunham-se, pelas vibrações desmedidas da régua flexível aplicada com vigor ao estudante básico mal comportado, avaliado pela norma vigente de então. Agruras da vida da ainda imberbe rapaziada, que os períodos festivos acabariam por fazer esquecer.

Havia, como não, os anjinhos puros, de asas brancas, que se passeavam pelas procissões rituais, tentando-se conjugar a vida do aquém e do além. Os mais voltados para a vida terrena, eram simples figurantes de procissões com a dignidade imposta pelo conceito de cruzada, transportando a cruz simbólica de cruzado da Ordem de Cristo, com sede na cidade de Tomar.
Fig.1 - Cruz da Ordem de Cristo

Esta Ordem de Cristo foi criada em Portugal a pedido de Dom Diniz ao Papa Clemente V, após uma vitória diplomática relevante para a tomada de posse dos bens pertencentes à extinta Ordem dos Templários. Ver a propósito o video RTP 2, sobre a Ordem de Cristo. Clique aqui: [Ordem de Cristo - Tomar ] .

As comendas novas surgem em Portugal, após a vitória diplomática inicial de D. Dinis com  o Papado, conseguindo transformar a antiga Ordem dos Cavaleiros Templários sediados em Portugal numa nova ordem: A ordem de Cristo.


 Não se refere aqui, a primitiva  Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão,Cavaleiros Templários da Ordem do Templo, ou ainda simplesmente Templários. Foi uma ordem militar de Cavalariacriada para protecção dos peregrinos europeus até à Cidade Santa de Jerusalém. Os estatutos da Ordem foram redigidos por São Bernardo de Claraval. As regras monásticas iriam ser seguidas pelos Cavaleiros Templários. Acontece que o pai de Afonso Henriques era primo de São Bernardo e, portanto, o parentesco com a influente figura de São Bernardo junto do Papado iria estabelecer uma sadia convivência entre os Templários e o início do reinado de Afonso Henriques, em Portugal, em flagrante contraste com a França.

Esta Ordem dos Templários tinha duas componentes: a religiosa e a militar. [Nas imediações de Angueira, a vila de Alcaniças , foi durante a Idade Média uma vila fortificada que pertenceu aos Templários , de que apenas resta a torre do Relógio]. Não esquecer também que Angueira dependeu do Mosteiro Cistercience de Moreruela. A vila fronteiriça de Alcaniças, registou um acontecimento histórico importante -Tratado de Alcaniças- firmado a 12 de Setembro de 1297 entre os reinos de Portugal e Castela. Na Península Ibérica, os Templários desempenharam o papel de combate ao invasor muçulmano, protecção dos territórios cristãos e preciosos auxiliares da conquista de território.
1 Charola do Convento de Cristo IMG 9454.jpg
Fig.2 - Charola do Convento de Cristo

A Ordem do Templo chegou ao 
Condado Portucalense ainda à época de Dona Teresa que lhe fez a doação da vila de Fonte Arcada (1126) e a doação do Castelo de Soure (1127), na linha limítrofe de separação dos territórios cristão e muçulmano, sob o compromisso de colaborar na conquista de terras aos muçulmanos. No reinado de Dom Afonso Henriques (1143-1185), a ordem dos Templários recebeu a doação do Castelo de Longroiva (1145). Pouco depois os cavaleiros da Ordem apoiaram o soberano na conquista de Santarém (1147) ficando sob responsabilidade da Ordem a defesa do território entre o rio Mondego e o rio Tejo, a montante de Santarém. A partir de 1160, a ordem estabeleceu a sua sede no país, em TomarDesde o início da nacionalidade portuguesa existiu uma estreita colaboração entre a monarquia e os Templários, permitindo a solidificação e conquista do território português. Gualdim Pais, mestre da Ordem, combatente templário na Palestina, ficou encarregado da construção do castelo de Tomar e de Almourol, para protecção da linha do Tejo contra o invasor muçulmano. A Charola de Tomar reflecte a ideia da arquitectura da  Basílica do Santo Sepulcro.


O processo de extinção da Ordem no país iniciou-se com a recepção da bula "Regnans in coelis", datada de 12 de Agosto de 1308, através da qual o papa Clemente V deu conhecimento aos monarcas cristãos do processo movido contra os seus membros. Em França, Filipe IV, o Belo (1307) levou à prisão a maioria dos Templários e levou a cabo uma política de enegrecimento da Ordem junto do Papado. Após várias peripécias e conflitos, Jacques de Molay, último grão-mestre da Ordem, foi  queimado numa ilha da cidade de Paris, em 13 de Julho de 1314. A Ordem dos Templários acabou por ser extinta pelo Papa Clemente V  em 1312.  Sobre os Templários caiu a acusação  de vários crimes de negação de Cristo, de práticas de iniciação pouco edificantes, de sodomia e de heresia. Os processos de julgamento não conduziram a provas suficientemente sólidas para acusação e condenação. Os processos dos Templários continuam ainda  hoje envolvidos em mistério, com abordagens nebulosas mesmo nos tempos actuais, adensando o mito do desaparecimento rápido, duma organização sólida e economicamente muito poderosa. 

Posteriormente, pela bula "Callidi serpentis vigil", datada de Dezembro de 1310, o pontífice decretou a detenção dos mesmos, mas não a sua condenação.



Em França, Filipe IV perseguiu e  prendeu a maioria dos Templários, culminando com a condenação à morte pela fogueira do seu grão-mestre. O rei Dom Dinis (1279-1325), a partir de 1310 procurou evitar a transferência do património da ordem templária no país para a Ordem dos Hospitalários  defendida pelo Papa, vindo a acabar por obter do Papa João XXII a bula "Ad ae exquibus", expedida em 15 de março de 1319. Por esta bula foi aprovada a constituição da "Ordo Militiae Jesu Christi" (Ordem da Milícia de Jesus Cristo, ou Ordem de Cristo ), à qual foram atribuídos os bens da extinta ordem dos Templários, contrariamente ao estipulado pelo Papa Clemente V (1312). A nova Ordem de Cristo,  após uma curta passagem por Castro Marim, com base na protecção e prevenção dos ataques de muçulmanos ao Algarve, veio a sediar-se, definitivamente, na cidade de Tomar em 1357. Em 1417, Dom João I ,obteve da Santa Sé, a nomeação do príncipe Dom Henrique para seu governador e regedor, e em 1421, pela mão do Infante, dá-se início à dinamização da Ordem de Cristo, modificando a regra de Cister para a de Calatrava, mantendo ainda a sua componente militar e religiosa. A sua visão estratégica conduziu Portugal ao seu zénite, respeitado e admirado por todos os povos europeus : Época das descobertas e expansão do Cristianismo pelas várias partes do globo.



A clarividência e a bem conseguida diplomacia junto do Papado, acabou por fazer reverter os bens dos Templários para a nova ordem de Cristo, e ainda forçando a Ordem de Cristo à autoridade régia. Inicialmente, a Regra da Ordem dos Templários obedecia espiritualmente à ordem de Cister (Mosteiro de Alcobaça), sendo modificada para a de Calatrava em 1421, como referido.

A Ordem do Templo durou cerca de duzentos anos ( 1118-1312), dependendo directamente do Papado e só respondendo perante ele.
Fig.2 - Actual Convento de Cristo (da Ordem dos Templários e  da Ordem de Cristo)
2. As regras e definições da Ordem de Cristo, foram encomendadas a Fr. Pedro Álvares Seco, compiladas em " Livro da Regra e Definições da Ordem de Cristo ". 


3. Os Templários, Bárbara Frale, Edições 70 Lda, (2007)



As comendas novas  de  D. Manuel - Rei e Mestre, entre elas a de Angueira e Palaçoulo, foram criadas na sequência de uma bula do Papa Leão X que permitia que uma renda anual revertesse a favor da Ordem de Cristo"

As regras dos Templários foram, então, veiculadas pelas faixas de cruzado, manualmente colocadas no pequeno figurante, nestes rituais de procissões, paredes meias com o rito pagão? A cruz que se transportava era apelativa e, que conste, todos caminhavam com garbo com tal distinção pelas ruas lodosas desta pobre aldeia, nos confins do mundo. 

Impunha-se a cruz  à rapaziada irrequieta e atrevida, numa faixa de linho, alva de neve, mas não se explicava a causa de tal tradição. Aparte a cruz, de geometria e significado preciso neste caso (Fig.1) , nada mais fazia desvendar um mundo de religiosidade extrema, conquista e aventura, saber e o trago amargo da morte dos Cavaleiros Templários.  Acontece que nunca há bela sem senão e nada acontece por acaso ou simples capricho dos deuses. Desta memória difusa, resta uma agradável lembrança e recordação.

A habilidade diplomática de D. Dinis fez com que se procedesse à transferência  dos bens templários para a nova Ordem de Cristo. Por posição conjunta de D. Dinis e Fernando VI de Castela, conseguiu-se que os bens dos Templários na Península Ibérica não fossem transferidos para a Ordem dos Hospitalários, como o Papado pretendia. Posteriormente, as ordens militares dos reinos ibéricos seguiram os seus próprios caminhos. Naturalmente, foram evoluindo com os tempos. O seu desenvolvimento é, por vezes atribulado, mas constitui uma matéria aliciante de estudo. Este texto, não é mais que um aliciante para o estudo dos Templários, ordens religioso-militares, o alcance do seu pensamento e a singela conclusão que nada surge por acaso.

As procissões, com crianças com faixa de cruzado, relembrando as cruzadas de outrora eram comuns à época e, portanto, não eram obviamente exclusividade de Angueira. Não há registo de fotografias locais do nosso conhecimento [ ou de quem as possa disponibilizar]. 

Porém, esta pequena localidade tem a sua história vinculada à criação das Comendas Novas da Ordem de Cristo do Séc. XVI, levadas a cabo por Dom Manuel.  No texto original refere-se :

"Ex ecclesia autem Sancti Michaelis de Angueira et Pallacoilo cum suis annexis in termino de Miranda de Doyro illius comendatario viginti octo et rectori sesaginta. "

1.  [As Comendas Novas da Ordem de Cristo. Século XV, de  Isabel L. Morgado de Sousa e Silva - Porto, 2012 - Militarium Ordinum Analecta, Vol. 13, pg.46 e 270] .


A bula "Redemptor noster" de Leão X, concedendo a D. Manuel I rendas eclesiásticas até ao montante de 20.000 cruzados para a dotação de comendas na Ordem de Cristo.

Para os interessados, V. referências 1 e 2 , para a implementação detalhada desta medida. 

As somas que reverteram para a Ordem de Cristo destinavam-se ao financiamento das empresas bélicas em  África, à expansão marítima e à evangelização das terras descobertas. Assim a história de uma pequena aldeia se cruza com os grandes desígnios de um povo e um pequeno contributo pode contribuir para grandes realizações. 

As sociedades são dinâmicas e os conceitos vão variando com os tempos. As intolerâncias religiosas também. Desde mudam-se os tempos, mudam-se as vontades dizia, Camões até ao refrão da actualidade: o mundo é composto de mudança. 

Existe um processo judicial, narrado no Jornal do Nordeste, onde se refere um acontecimento trágico da Rua da Costanilha  - Miranda do Douro, envolvendo um rendeiro desta comenda de São Cipriano de Angueira. 

"Para além disso, Francisco Rodrigues também era rendeiro, trazendo arrendada, ao “contador de Tomar” a comenda de S. Cipriano de Angueira, que era da Ordem de Cristo. E emprestava dinheiro, como se depreende dos objetos de ouro e prata que tinha em seu poder, empenhados." 

Clique aqui: Contador de Tomar . 

É sina do mundo de hoje ficar dependente de políticos, que por narcisismo projectam a sua fraca figura por cima de tudo e de todos.  Com base no mundo cósmico, de acordo com um certo político, [é só fazer as contas], para verificar o nível da sua insignificância. Quem sou eu, quem és tu? Há cerca de 200 mil milhões de galáxias. A nossa pequena nave (Terra) gravita em torno do Sol, fazendo parte duma pequena galáxia, na periferia da Via Láctea, constituída por 100 milhões de estrelas [Universo conhecido]. A nossa pequena nave serve de abrigo a cerca de  cerca de 7,5 mil milhões de seres humanos, de entre uma população de seres vivos de vários milhões de espécies. A comparação pode ver-se através do video. Comparação das dimensões do Universo em 3D [Comparação das dimensões de objectos no Universo ].  Portanto, tudo é relativo. Neste período, não há nada mais gratificante que um insignificante passageiro da Terra possa observar e contemplar a obra magnífica do Universo visível, com as incertezas associadas  à nunca respondida pergunta de quem o criou.







quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Voando sobre flores de castanheiro ...

Muitas teorias chocam , em movimentos desordenados, turbulentos, de geometrias e palavreados variáveis, em período de eleições legislativas. De contornos, propositadamente não definidos, apresentam-se ideias simplistas para perturbar mentes adormecidas no tempo para  perpetuação dum porvir desajustado aos novos tempos de grandes acontecimentos, de grande complexidade e incertezas. Proclamam ao povo os políticos cá do burgo, os grandes dogmas para acesso ao mundo de um mundo novo e maravilhoso. Objectivamente, querem conquistar o voto do cidadão com o ilusionismo habitual de um futuro de paraíso cativante, onde todos beneficiarão do leite e do mel produzidos. Neste teatro eleitoral não faltarão políticos de falas mansas, uns gente honesta que pugna pelo povo genuíno que apenas conhece dos rios de mel e de leite, as amarguras de vida, eternamente repetidas. Outros, de pelejas combativas e verbo mentiroso praticam a eterna e sempre escondida malha da corrupção e da impunidade, as ideias interesseiras, as vilanias vãs e cobardes, quase sempre. Muitas delas a coberto das leis, talhadas a medida. Muitos figurantes disfarçam-se nos partidos políticos, cobrem-se de máscaras brilhantes,  quebrando todas as regras da decência, chupando o sangue dos inocentes como as velhas canções cantaroladas no passado. Apontam-lhe o caminho com as premissas das várias teorias económicas.

 O povo genuíno olha, retrospectivamente, para as condições de vida dum soldado da Grande Guerra de 1914-1918, relembrando alguns as suas memórias e o presente estado actual das suas vidas. Alguma coisa mudou, por certo, pois o mundo constrói-se em mudança permanente.  Todavia, os ventos da mudança sopraram sempre de direcção aleatória, mas quase nunca a favor do povo genuíno. Ao mesmo soldado, recrutado para as guerras foi sempre apresentado um prato de lentilhas. Aos soldados da I GG foi oferecido ,como prato de lentilhas, uma ditadura e uma guerra colonial. A caça ao voto nos tempos mais recentes tem sido feito por uma panóplia de  partidos políticos, cujo objectivo é o poder e mando sobre as riquezas do país. Quem manda pode e quem pode manda. A direcção do progresso, à custa de herculeos sacrifícios do povo genuíno, lá vai melhorando em certos aspectos. Por experiência eleitoral, o povo português já vai conhecendo os passarinhos e passarões da política, e já começa a perceber que nem tudo o que luz é ouro. Só através da cultura se pode desmistificar o palavreado oco e vazio de grande parte dos politiqueiros de ocasião. Justificam-se os partidos pela submissão ao voto em eleições, e é com base nisso que fundamentam as suas tropelias repetidas. Sempre a favor dos mandantes e contra os menos poderosos.

Esta conversa, desnecessária para muitos, é dirigida aos habitantes que frequentam a zona das flores de castanheiro, onde princípios básicos de vida são ostensivamente desprezados pelos papagaios cosmopolitas e não só. O voto deve exigir-lhes responsabilidades.

As teorias económicas, nos finais do Séc.XIX, assentam na obra de K. Marx (alemão) teorizada para o operariado do capitalismo industrial de Inglaterra. Ironicamente ,esta teoria foi implantada na Rússia rural de 1917, tendo um dos seus líderes sido financiado pela Alemanha. As matrizes dos partidos reflectem, de maneira difusa as envolventes económicas desta teoria e das suas muitas variantes socialistas, sociais-democratas e outras aproximações social democrata-cristã e as dissonantes correntes liberais. Este simples parágrafo, levaria a anos de estudo e trabalho, e a estudos inconclusivos sobre a melhor proprosta para o progresso da sociedade como um todo harmonioso. As teorias vão sofrendo as metamorfoses necessárias, com o evoluir do tempo e das nações. Os malabaristas da política acenam sempre com estas teorias, como pano de fundo. A maioria deles fazem destas teorias uma dogma de fé, deixando de considerar-se como método de aproximação à verdade para transformação em verdade absoluta.

Para não ficar por frases soltas, considere-se o caso da amazona Cristas que cavalga qualquer solípede na onda da democracia cristã. O ódio ao bloco de esquerda BE e ao PCP é distintivo de raça. Ovo de serpente em pantanal. Amante de bicicletas em territórios de planura marítima, defensora do meio ambiente. Esquece que foi Ministra da Agricultura , mas suas referências cristãs não a impede de alvejar de modo soez os cristãos militantes doutros partidos. Esquece, que deve começar, por catequisar os seus militantes. Por terras transmontanas, um candidato a uma certa Câmara ignorava o seu orçamento anual e tinha como modelo, dito em público, I. Morais. Belo exemplo, comentou-se então. O seu filhote, Nuno Melo defende a ideologia do Vox espanhol. Eis o verdadeiro retrato da Cristas: luta pelo pote público e à custa dos mesmos. Não poderia faltar o ressabiamento contra o Costa, líder duma geringonça que da água entornada do legado do Passos Coelho, e do seu antecessor Sócrates, conseguiu pôr certa ordem na casa, apesar dos reais beneficiários terem sido os mesmos de sempre : banca, EDP e poderosos ao leme da finança e dos serviços deste país. Além desses benefíciários directos, não faltam as comissões, taxas e taxinhas dos Bancos.

A geringonça, assim apelidada para acalmia dos derrotados Passos Coelho e a sua troupe, onde o CDS do P. Portas não faltou, acabou por contrariar as previsões  do impreparado Passos Coelho para a governação. As várias geringonças que dominam os partidos facilitaram o acesso à Presidência de Governos da República, tal foi o caso do PSD e das suas juventudes, formatadas e moldadas  em Universidades de Verão. Contou a militância como factor decisivo e não o trabalho intelectual, árduo e prolongado no tempo. Tudo à custa, dum povo amorfo que tudo aceita,  num laissez-faire, laissez passer.

Estes jovens turcos, desde Sócrates a P. Coelho, apoderaram-se do aparelho estatal, e enquanto ignorantes não confessos, associam os seus erros a um pobre povo, que nunca quis pôr estes abencerragens na ordem. Agora, perante os factos consumados, está perante problemas de muito difícil resolução: Dívidas acumuladas e tecido social fragilizado. A dívida gere-se e o povo viveu acima das suas posses, diz-se. É claro que o centrão PS-PSD permite e facilita a legislação da corrupção e de interesses instalados. A geringonça arranhou, ao de leve esta filosofia da degradação do estado e do erário público. Todavia, o povo não tem como desmontar as subtilezas das teorias económicas, a sua preocupação imediata e essencial consiste no ganha pão para os filhos e nas coisas mais essenciais da vida: saúde e educação. A crise da Cristas é ligeiramente diferente. Preocupa-se com o modelo de penteado, com a defesa da educação com colégios particulares e as diatribes incendiárias contra o Serviço Nacional de Saúde (SNS), que com dificuldades várias vai resistindo.
Por experiência, só tenho a elogiar o grau de profissionalismo dos profissionais de saúde no sector público, e disso é necessário ter consciência. Como também é verdade, existirem casos escabrosos mormente na província onde a ausência efectiva de meios humanos e materiais conduz ao desespero e impotência. Com lágrimas de crocodilo, lamentam os políticos canhestros, gordos e luzidios, o isolamento das populações, a desertificaçãoe outros problemas endémicos. Se é verdade que os políticos manhosos esqueceram a província, cada vez mais despovoada  e a sua fraca economia em detrimento dos grandes polos de Lisboa e Porto, tentam agora vender a ideia da regionalização. Será o prato forte para a nutrida alimentação duma nova etapa desses mesmos políticos manhosos.

 Ao que parece certo, as medidas recentes da facilitação dos transportes pelos polos desenvolvidos esquecem liminarmente que grande parte das aldeias, por terras frias do nordeste não têm qualquer transporte.Conhecem-se os autores do corte de combóio de Bragança e quem desdenha da auto-estrada construída. Neste mundo de desvario dos Trump, dos Blair, dos Barrosos maoistas, dos Boris Johnson entre muitos, sempre há alguém que clama por insignificâncias de longo alcançe. Um homem rijo, agarrado ao corte do duro granito, em frase solta apontou Salazar e Sócrates como intervenientes directos. Disse o que lhe ia na alma e, no entanto, sabia da emigração clandestina  O primeiro nunca foi julgado, a não ser pela história, e o segundo aguarda pela decisão da justiça.

Não são apenas os políticos da capital responsáveis pela divisão litoral favorecido, interior abandonado. No burgo das Câmaras fazem exactamente o mesmo. Embelezam o burgo camarário, metamorfoseam minúsculos recintos, de cascatas a jardins de sequeiro até exuberante paineis de azulejo. Deixam as aldeias ao capricho de aldrabões Relvas e não há nada que se mão resolva com uma simples delegação de poder.

Vende-se escola em silêncio, no caminho seguidista da F. Leite. Com obra feita se engana quem se puser a jeito. Há gente técnicamente competente no meio, que vê, observa e sabe, que o ribeiro ou regato infeliz do Pio não pode ser aprisionado. Regato semelhante em Alcanices tem tratamento diferente. A cruz da fonte do Pio foi testemunha de caudais imensos, por vezes testemunha solitária  e observadora temente.
As comunicações  e as infraestruturas de base são caprichos de selvagens que desejam, tal como qualquer cidadão deste país acesso a Internet rápida, a telecomunicações móveis funcionais, a canais de comunicação TV , dignos de registo.  Existem montes elevados, linhas de energia e prática excessiva de politiquês submisso ao poder central, aos bajuladores do poder de insignificantes relvas , que ora vão ora vêm. Porém, esta prática, vai levar à bebida do seu próprio veneno. Extinção do burgo, onde o próprio manto de castanheiro vai ser invadido pelo matagal romano de carvalhiço, as suas rotundas engolidas pelo tempo,as suas largas avenidas referências pontuais a animais perdidos no espaço.


A teoria do capitalismo industrial primitivo, já nada tem a vêr com o capitalismo actual globalizante, onde o capitalismo financeiro já se sente capaz de liquidar estados e nações, tal o seu poderio. A crise financeira de 2009 enredou facilmente Portugal nas suas malhas. Acompanhado pela crise da Irlanda (sector bancário) e da torturada Grécia. Membros em posição de fraqueza, de certo modo não protegidos pela EU, lançados para as mãos do FMI e para um regime de austeridade implacável. Independentemente dos responsáveis envolvidos e com responsabilidades directas no embróglio-Sócrates e a Europa da sugestão despesista do Estado, a crise recaiu implacável sobre os menos responsáveis: cidadãos portugueses. A teoria imbecilóide do Passos Perdido culpou de imediato o cidadão, afirmando que o cidadão viveu acima das suas posses, acrescida da proverbial asneirada da afirmação: ir além da troika. A historieta da governação do Passos Perdido traduziu-se na política agressiva contra o cidadão português, com incidência particular sobre os  funcionários públicos. Às lições magistrais de rectificações sucessivas do Orçamento de Estado, contrapõe-se o desempenho do vilipendiado Centeno, felizmente ficando o facto registado para a posteridade:

Passos e anjos da guarda pretoriana
A caça ao voto, preconizado por Rui Rui, tem de lidar com os antecedentes deste trio maravilha. O Rui Rio já tem histórias para contar sobre os anjos da guarda e é bom que haja aspirinas por perto não vá o diabo tecê-las. A teoria da vinda do diabo, fortemente apoiada pelo cristão CDS, era tida como certa numa conjuntura de geringonça. O conteúdo programático do trio maravilha prometia não o inferno mas o paraíso celestial para os apaniguados do Passos, aqui de sorriso largo e em posição petulante perante o divino. Acontece que fez mal as contas, não leu a constituição, a geringonça lá se foi aguentando, os dados económicos foram surgindo e o degelo das relações humanas lá se foi processando sem descontinuidades de maior. Como sempre, os méritos são seus e ao Governo da geringonça não pode ser atribuído qualquer mérito. Os politicos, em vez de falarem a verdade, refugiam-se em palermices tipo Passos e seus acólitos. O cidadão comum já começa a  perceber os mecanismos da ilusão dos partidos. O mérito é obviamente, em grande parte atribuível ao Banco Central Europeu e ao esforço dos cidadãos, materializados numa depauperação dos serviços públicos, na falta de investimento em sectores chave como o da Saúde (SNS), da Educação, do corte de salários (iniciado por Sócrates) e desenvolvido por Passos, à revelia das normas constitucionais. .Convirá não esquecer a situação do legado da pafiosa PaF, desde o emigre até ao desespero da falta de financiamento das Universidades. Todavia, dinheiro para os Bancos sempre existe e os Catrogas deste mundo continuam pulando com salários chorudos. E, todavia, nada se move. A Justiça , objectivamente, tem acusado à esquerda e à direita, mas julgamentos (com condenações ou absolvições) esperam pelos tempos do fim do mundo.  Todavia, não se esquece de dinamitar a acalmia de umas eleições legislativas, onde os reais problemas do país fossem discutidas. É claro que as polícias e o Ministério Público conhecem factos, não acessíveis ao cidadão comum. Os pasquins  a mando avançam com suspeitas, fundadas ou não fundadas, sobre todo e qualquer cidadão.

A tábua de salvação foi lançada ao PSD e CDS.  Rui Rio tomou a barca do Inferno, e à custa de mais alguns votos , vai desembarcar a um porto, por entre arribas ingremes e funestas, de onde provavelmente não escapará. Os portugueses já não vivem em tempos da pré-história, e sabem distinguir diferentes factos. O caso Tancos é, de facto um caso sério se traduzido à letra, mas retrata fielmente o nacional porreirismo, a intriga espertelhona, o ódio da PaF,  PSD-CDS sobre a geringonça. Quanto a tachos de clientelismo partidário estamos conversados. O centrão fala por si.

Que dirá Rui Rio de Durão Barroso quando mentiu nas Lages ao povo português sobre o armamento do Iraque, do Blair do partido trabalhista inglês, e do homólogo espanhol?  Para quem tem dúvidas, o Barroso voou directamente para a Banca Internacional, o Iraque destruído chora os seus mortos, a Líbia sofre a sua primavera política. Os vendedores alemães cumprem penas de prisão por corrupção em negócio de  submarinos.

O homem não é perfeito, e fraqueza e o erro faz parte de todas as actividades humanas. Porém, já os políticos, supostamente sérios, que tentam o aproveitamento político e  cínico, como no caso de Tancos, acabam por ser vítimas deles próprios. Bastava para tanto, afirmar que a última palavra é dos tribunais. Nem a desculpa de mau pagador o iliba, eu disse o que não disse, o PS diz o que não diz, disse que disse. E assim se constrói uma narrativa. O voto deve ser exigente e para evitar texto maçudo, diga-se em abono da verdade que Sério foi jogador do Belenenses e da Maria Luís e swaps sabe um dos vice-presidente do Rio de águas turvas, correligionário do trio maravilha, eterno deputado pelas terras frias transmontanas, onde o sol abunda, o dinheiro escasseia nos bolsos de muitos, o antigo castanheiro já se extinguiu e o novo aguarda  pelas políticas progressivas do meio ambiente. E que as vacas mirandesas se cuidem, não vá a população portuguesa seguir os doutos conselhos dum reitor populista. Assim vão os novos tempos.

É fácil prever o resultado das eleições legislativas, pelas terras frias do nordeste. Requere-se um voto exigente. A verdade absoluta não existe e é na diversidade de opiniões que muitas vezes nasce a luz. Mas claramente fundamentadas num reconhecimento da óbvia melhoria da situação económica do país, mas não necessariamente em termos individuais.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Soldados de Angueira da Grande Guerra: 1914-1918

Soldados de Angueira na Grande Guerra : 1914-1918

Em lista anteriormente publicada não consta o nome de José M. João, soldado condutor (de solípedes) agora já adicionado e  totalizando nove soldados. O percurso militar de cada um deles dependeu duma multiplicidade de causas e episódios vários que, genericamente, aqui se descrevem. A informação acessível depende não só de quem presta informação (soldado) bem como de quem a recebe e passa a letra de forma  (militar). Em tempos tão afastados, como o período da Grande Guerra 1914-1918, na memória dos povos perdura, por norma, a alcunha e não o nome próprio dos intervenientes. Por informação local (N. Gonçalves), à época falar-se-ia predominantemente o mirandês em Angueira e provavelmente a linguagem do soldado e do militar  não estariam completamente em sintonia. Teria sido interessante, ouvir os monólogos entre um soldado de linguajar mirandês e um alentejano, camaradas de armas da 5ª. Brigada, constituída em França.

Feita esta introdução, o soldado José M. João, embarcou em Maio de 1917 para França, tendo sido  colocado no Depósito Misto da Base a 16 de Outubro de 1917, fazendo a sua aprendizagem na área da Engenharia, na Companhia de Pontoneiros

Fig.1. - Exercicios de Pontoneiros-(Tancos)

Seguindo  a evolução trágica da guerra e as condicionantes do seu percurso militar, tomou parte activa na batalha de La Lys,  enquadrado nas Companhias de Pontoneiros, tendo posteriormente sido colocado na 3ª Companhia de Sap.Mineiros.
Fig.2 - Sapadores Mineiros

Há fortes evidências de ter começado pelo B.I. 30 de Bragança, pertencido ao Batalhão de Pontoneiros e acabado no Depósito Misto da Base, em França. O seu trajecto militar é diferente dos seus outros camaradas de Angueira, do qual se destaca do grupo maioritário (Tius: Adriano, Lopes, Galhardo, Bernardo e Sebastião) e dos outros percursos singulares:Fernandes, Lopes, Luís e Martins.

Restam hoje, já poucos testemunhos directos acerca  destes soldados, pelo que quaisquer comentários são sempre bem-vindos. Embora, sendo todos eles de origem humilde, os valores por eles defendidos deveriam fazer corar de vergonha os actuais mandantes da república, onde a ganância, o tachismo e a corrupção impera sobre estes esteios de soldados do passado, humildes e generosos.

As penas militares, a que quase nenhum soldado da GG escapou, deveriam constituir lanças e flechas apontadas à impunidade dos corruptos que não respeitam nada, nem ninguém. MM João foi punido por falta injustificada ao trabalho em 16-2-1918, apontando-se-lhe a falta de cumprimento do dever do Artº. 5 do R. D. E. Longe vão estes tempos distantes, hoje esquecidos numa República das bananas, à beira mar plantada.

Complementa-se, assim, a informação da nota anterior [9 de Novembro de 1918].