domingo, 12 de julho de 2009

Nota1 : O Castro da Cocolha

Povos descritos pelos historiadores romanos.



A localização de Angueira, abrigada da Cordilheira Cantábrica e ligeiramente afastada de coordilheiras montanhosas menores (Serra da Culebra, ) está inserida numa extensa cova protectora, limitada pela Serra de Nogueira, Serra do Mogadouro, Rio Douro, Rio Esla, Serra de Culebra e de uma cadeia montanhosa que se dirige para Bragança. O mapa ao lado, indica os povos descritos pelos historiadores romanos. É fácil verificar que é um ponto sensível da confluência de vários povos ou tribos. O seu comportamento para com o poder invasor, em geral cooperante, sugere ter levado uma vida de relativa tranquilidade, por oposição clara à descrição dos atritos decorrentes da expansão romana, nomeadamente com os Astures e os Lusitanos na Península Ibérica.

A existência dos dois castros em Angueira é um facto indesmentível, em termos históricos. Traços do Castro da Cocolha ainda hoje persistem , sendo os fortes muros do Castro do Gago referenciado apenas pela anterior geração. Hoje os traços ainda persistem mas são pouco visíveis como consequência directa da destruição natural e da destruição forçada pela necessidade imperativa da sobrevivência . Nas proximidades, houve recurso ao uso de maquinaria moderna em trabalhos agrícolas e de regularização do terreno.

Os castros têm, certamente, histórias distintas e a sua caracterização passa pela compreensão da zona territorial onde Angueira se enquadra. A sua história e destino foram provavelmente muito diferentes. O da Cocolha está invariavelmente ligado ao domínio romano, na parte final da sua existência, e dum certo ponto de vista fornecerá a informação mais abundante baseada em achados arqueológicos, alguns já revelados. O do Gago aponta para uma antiguidade maior, desconhecendo-se as causas do seu completo despovoamento e abandono.


Angueira e o seu território está implantada numa pequena zona fronteiriça, conhecida por Aliste e os estudiosos espanhóis têm procedido nos anos mais recentes a um estudo sistemático desta zona territorial. Angueira, antes do Tratado de Alcanices (1297), fazia parte duma vasta zona anterior à nacionalidade portuguesa e, por esta altura, era dominada pela influência do Reino de Leão/Castela e seguia as oscilações de fronteira em consonância com a oscilação do poder nas várias Espanhas. Em particular, fez parte muito provavelmente da herança do Infante Afonso Henriques, como legado de seus pais Henrique de Borgonha e D. Teresa.

Naturalmente, antes do aparecimento de um poder genuinamente hispânico-leonês, a sua história mergulha na influência e domínio do poderio romano sobre as tribos autóctones: pré-existente às invasões romanas e, aquando do colapso da romanização na zona, à invasão dos povos bárbaros.

.

Citânea de Briteiros (Foto ao lado)

Será licito pensar que a história verdadeira nunca seja de facto conhecida na sua totalidade, mas será possível descrever os pontos capitais da sua história e evolução ao longo dos séculos.Para isso, é imperioso enquadrar o pequeno território de Angueira como integrante de outras zonas mais vastas e apoiarmo-nos nas descrições históricas romanas e em todas as outras fontes, em particular a da arqueologia. Adoptaremos uma atitude semelhante à de Castilho, nos "Quadros históricos de Portugal", onde refere que não é sua pretensão descrever a sua história - que , em boa verdade ninguém conhece, mas descrever a fundamentação consentânea com os factos observados e de algumas lendas que o povo registou. Um pouco de romance, suaviza a escrita.

Casa típica circular, reconstruída (Foto aolado)- Citânia de Briteiros

O Castro da Cocolha tem constituído um verdadeiro manancial de provas arqueólógicas:

  • Mós de granito para trituração de cereais ou outros frutos
  • Vestígios cerâmicos variados

  • Provas de intensa actividade metalúrgica do ferro

  • Existência de estelas funerárias

  • Ondulações de terreno associadas a construções dum passado longínquo.

  • Os mapas de Portugal sempre referenciaram vestígios arqueológicos

Recentemente, os proverbiais fundos da CE serviram para a plantação de arvoredo, contribuindo eficazmente para o materialismo reinante e destruição forçada do património a preservar. Sinais dos tempos. O chico-esperto não se apresse a correr para lá, concluindo apressadamente que ficará subitamente rico dado que os antepassados que nos precederam certamente viviam em condições de precaridade extrema. Exemplo de uma outra casa (Castro de Sanfins), reconstruída, com cobertura de materiais típicos.

Já agora, a C.M.V. deve ter um olho no gato e outro no peixe ...




Em traços largos, até à chegada dos Romanos com as suas legiões, Angueira faria presumilvelmente parte do que se considera a civilização do Noroeste Peninsular com tipologia de vida semelhante à de outros Castros convenientemente estudados. Existem, actualmente, projectos de Câmaras vizinhas em colaboração com Espanha desta zona. É natural, pois, que nos sirvam de referência.

Teriam uma vida sedentária e certamente viviam da pastorícia e da colheita de cereais. Tal como outros castros, localiza-se num planalto, de dificil acesso por pura precaução. Até já ...

Sem comentários:

Enviar um comentário