1 - Cabeço da Cocolha
Localização: Cocolha, Angueira
Descrição: povoado fortificado assente em esporão, com sistema defensivo composto por duas linhas de muralha concêntricas. Vestígios evidentes de romanização, incluindo epígrafes, e de ocupação alti-medieval.
2 - Castro do Gago
Localização: Gago, Angueira
Descrição: povoado fortificado implantado num esporão, defendido por uma linha de muralha de perímetro subcircular.
3 - Araúja:
Localização: Araúja, Angueira
Descrição: provável necrópole relacionada com a fase de ocupação romana do Castro da Cocolha.
4 - S. Miguel
Localização: São Miguel, Angueira
Descrição: povoado romano e medieval instalado nas vertentes suaves de um vale, sendo observáveis cerâmicas de construção e de uso doméstico das duas épocas, bem como vestígios associáveis às respectivas necrópoles, nomeadamente epígrafes.
Relativamente ao que já se escreveu,confirma-se a existência de muralhas defensivas no Castro da Cocolha por esta outra via, o que adensa a certeza. Será lógico admitir que, quem escreveu as linhas transcritas em 1 e 2 terá conhecimento da sua localização, mas este facto deve apenas ser conhecido de alguns deuses. Quanto ao Castro do Gago, confirma-se o texto, já que a muralha é perfeitamente visível. Há um problema de base que consiste na sua datação aproximada. Talvez, a única coisa que tenha sentido, por ora, é admitir que o do Gago é anterior ao da Cocolha.
Um dos expoentes máximos da cultura castreja é o Castro de Sanfins (Paços de Ferreira), a par com a Citânea de Briteiros.
Fig.1 - Citânea de Sanfins
A boa visibidade de qualquer castro é uma das caracteristícas básicas. Ora o da Cocolha tem por horizontes longinquos, por um lado a Serra de Nogueira (Bragança) e, por outro , os chamados "Cimos do Mogadouro". Há referências de possíveis comunicações entre os castros, admitindo-se o controlo do fumo como elemento fácil de comunicação. As mensagens poderiam ser facilmente enviadas e recebidas. Esta observação é importante, já que permite, de certo modo admitir que o Castro da Cocolha pertenceria a uma zona geográfica única. Faz parte do noroeste oriental transmonstano, e faz parte da zona do Planalto Mirandês. Este Planalto é limitado pelos rios Douro e Sabor, correndo em depressões profundas (equivalente aos canyon americanos). Há controvérsia sobre a abrangência territorial de Trás-os-Montes e da limitação das partes: Terra Quente e Terra Fria. A estes factos, há ainda que juntar o desconhecimento do clima em toda a área, nos tempos proto-históricos de que estamos a falar. São tempos muito anteriores à Nacionalidade e, claro faz naturalmente parte da antiga Ibéria ou Celtibéria, onde apenas as fronteiras naturais contam e as fronteiras políticas ainda não existiam. O achado de estelas romanas similares na zona planáltica mirandesa, permite com certo grau de probabilidade enquadrar o Castro da Cocolha nesta sub-zona da Terra Fria transmontana (Planalto Mirandês). Os estudos arqueológicos tem sido essencialmente dirigidos para a parte Centro e Sul do Portugal actual. Até que ponto a parte Norte teve contacto com o Sul (abaixo do Douro) é controverso. Os estudos arqueológicos recentes do Norte do país actual (Minho,Trás-os-Montes, Alto Douro) enquadram-se no que se designa por "Noroeste Peninsular", abrangendo não só as regiões portuguesas referidas mas também a região da Galiza e região Cantábrica. Porém, estas regiões apresentam certas especificidades comuns, embora outras sejam irreconciliáveis. Há todavia, no período em causa, uma tipificação de um certo modo de vida e que é materializado na descrição da" Cultura Castreja do Noroeste Peninsular". Os casos mais representativos são o da : Citânea de Briteiros e de Sanfins, referidos. O Castro de Santa Tegra está localizado na Galiza. A foto aérea acima (Fig.1) permite ver o grau de organização, a estrutura social e , através dos artefactos achados nas habitações, o seu grau de desenvolvimento tecnológico. Este aspecto não deve ser de todo menosprezado. É o modelo de estrutura social que prevalece nos castros do dito Noroeste Peninsular, tendo sido contabilizados cerca de 7000. O interessante da questão é que, a estrutura social de pequenos castros (tal como o da Cocolha) é aparentemente muito semelhante, descontadas as especificidades de cada um. Em geral, os castros progrediam ao longo do curso dos rios. Em particular, a Cocolha é um dos existentes no rio Angueira:, quase todos de caracteristicas similares ( Gago, Algoso, São Martinho, Alcanices) ou de rios próximos (Santulhão).
A romanização do Castro da Cocolha está bem patente nos artefactos cerâmicos, metálicos e nas estelas, trazidos à luz do dia sobretudo no início do século XX (1900). Ora, se o Castro já era habitado antes da chegada dos Romanos, levanta-se a questão de saber como lá chegaram e quais os seus próprios antepassados. Tentar explicar, sem floreados ou mero palpite, é imperativo. Não existe resposta definitiva, e temos mais uma vez de invocar os conhecimentos arqueológicas estabelecidos para o Planalto Mirandês, não esquecendo as hipóteses discutidas por J. Alarcão para o aparecimento da Cultura Castreja no Noroeste Peninsular.
Em torno de Angueira, existem dois casos conhecidos de monumentos sepulcrais: a existência de tumulli (sepultura individual ou colectiva). São conhecidas por mamoas da Marmolina (aldeia de Malhadas) e da Campina (Genísio). Aponta-se como época provável o periodo corresponte ao Neolítico Final-Calcolítico (ou seja transição dos artefactos de pedrapolida para o cobre). A juntar a estas duas (ambas muito degradadas) existem outras mamoas no distrito de Bragança. As mais estudadadas mamoas,abaixo indicadas, foram datadas com recursos a datação pelo método do carbono C14. São elas :
Em torno de Angueira, existem dois casos conhecidos de monumentos sepulcrais: a existência de tumulli (sepultura individual ou colectiva). São conhecidas por mamoas da Marmolina (aldeia de Malhadas) e da Campina (Genísio). Aponta-se como época provável o periodo corresponte ao Neolítico Final-Calcolítico (ou seja transição dos artefactos de pedrapolida para o cobre). A juntar a estas duas (ambas muito degradadas) existem outras mamoas no distrito de Bragança. As mais estudadadas mamoas,abaixo indicadas, foram datadas com recursos a datação pelo método do carbono C14. São elas :
- Mamoa 3 de Pena Mosqueira (Mogadouro) : datação : 2980 anos (A.C.)
- Barrocal Alto (1º.ocupação) : datação : (3010+/-75 ) anos (A.C.)
- Barrocal Alto (2ª.ocupação): datação : (2450+/-45 ) anos (A.C.)
Os resultados não podem ser extrapolados tout court, mas permitem estabelecer com certa fiabilidade a o periodo de implantação dos primeiros habitantes na região. Porém como cada caso é um caso, há castros como o de Aldeia Nova (Miranda do Douro) em que os artefactos encontrados permitem reportar também o seu povoamento continuado desde o final da Idade do Bronze, passando pela Idade do Ferro e período mais recente da romanização.
O desenvolvimento de centros proto-urbanos, de média dimensão, e da comercialização de alguns minérios deu azo ao aparecimento do poder político. Uma descrição mais pormenorizada pode vêr-se nas referências indicadas. Estes povoados já são muito distintos das pequenas comunidades , dispersas, e de matriz agro-pastoril. Em geral, as necrópoles destas citâneas privilegiam o carácter individual da sepultura, enaltecendo a a heroicidade dos seus chefes guerreiros. As pequenas comunidades dispersas atingiram o seu pleno desenvolvimento com a utilização do bronze, rompendo claramente com o modelo gregário de caçador-recolector, e na estrutura social baseada em torno das práticas agrícolas e cerealíferas e da produção de animais.
Em voo de pássaro, nos finais do 2º.milénio (A.C.) o domínio e conhecimento da metalurgia de ferro veio alterar radicalmente o mundo mediterrânico e europeu. Atribui-se uma influência mediterrânica à parte centro e sul do País, veiculada pelo Mediterrâne, e uma influência mais continental (meseta ibérica) ou europeia à parte do Noroeste Oriental (Planalto Mirandês).
Como texto já vai longo. continuar-se-à a descrição mais tarde. Gravitará em torno de objectos reais encontrados no Castro da Cocolha, nomeadamente a fíbula representada na Fig.2.
Fig.2 - Fíbula de bronze do Castro da Cocolha. |