sábado, 2 de julho de 2011

O silêncio dos inocentes

Publicados os resultados das eleições legislativas e formado novo governo PSD/CDS, as primeiras medidas de austeridade não se fizeram esperar. A linguagem dos políticos é sempre criptada e a verdade económica continua a ser escamoteada dos portugueses.A situação é clara, não há dinheiro a curto termo para o Estado cumprir os seus compromissos nacionais e internacionais.Não discutem as reais causas e motivações que nos conduziram até aqui. Polítíca com conteúdo significa equacionamento dos problemas e sua discussão global, clara e acesa no Parlamento de modo a que as medidas sejam consideradas pelo cidadão resultado de um imperativo nacional para se sair deste imbróglio.
O tempo eleitoral  foi intencionalmente delapidado e desperdiçado com questões de somenos importância. Visitar a propósito deste tema a ligação: Colapso Global. É lapidar a forma como as primeiras medidas de austeridade deste Governo foram tomadas. Não foram explicadas as razões da investida brutal contra o subsídio de Natal. O argumento de que só dois dias antes os actuais governantes se aperceberam de mais um buraco financeiro, nao colhe. Das duas uma, ou o actual Governo sabia e não disse ou se não sabia a confiança depositada por uma significativa parte da população portuguesa foi ludibriada. Depositaram a sua confiança noutra nebulosa. O tempo actual é feito de mudança e, neste sentido, se as medidas eram necessário há a obrigação de uma nota explicativa, que não existiu nem certamente vai haver. O enquadramento também conta: aumento de impostos é uma medida estúpida (ecos do passado) e este imposto tem carácter excepcional (música wagneriana para o presente). Quanto ao futuro, nada se diz, mas de previsão deterministica seguramente sobreaquecido.
Ficamos muito contentes em saber das privatizações da REN, EDP, RTP, TAP, ANA e quejandas. Convenhámos que o nosso contentamento é acrescido por documentos em inglês que grande parte desconhece e pelo facto de termos um governo eleito democraticamente que excede os limites das soluções de cura propostas. É, todavia, interessante comparar os textos da Troika e do programa do Governo. Não é pela extensão dos textos que se vê o real conteúdo.
O liberalismo económico vai libertar o cidadão deste aperto económico, mas num futuro radioso ,que começa desde já com a venda dos poucos dedos dignos de alguns anéis ainda preciosos, à escala do burgo. Uma vez desbaratados, fiquem os cidadãos tranquilos, as facturas mensais irão baixar drasticamnte  pois o bem supremo do capital financeiro vai ser muito generoso, como se pode facilmente testemunhar pelos juros da dívida portuguesa e da Europa vendedora de automóveis de luxo e de submarinos mortíferos. Estes, ao que parece, ainda não são postos a leilão pois servem para a defesa estratégica  das Berlengas.
O cidadão, qual Asterix insuportável, deve continuar a ser punido sem apelo nem agravo e sem qualquer explicação. Deixem os agentes do capital económico resolver tudo, e amanhã todos os cidadãos serão capitalistas ao nível e estilo da Microsoft.
Aos governantes basta falar em Agricultura e Mar. Ao agricultor basta produzir nabos e estes serão automáticamente vendidos nos hipermados actuais, como acontece actualmente. Quanto a idas ao Mar, há um claro exagero, porquê ir pescar se não há combóios para transporte do pescado? Os cidadãos são uns chatos agora questionam qual a diferença entre um pinóquio original e um da actualidade. Os novos mandarins avisam: é preciso cortes nos salários e manter as tropas arregimentadas. Falta preencher ainda, diz-se um buraco de 1000000 €, mas atrás de um buraco outro surgirá. O BPN é um possível território de caça. Mas descansem os portugueses, um canal da televisão já náo irá ser privatizado. Consultados os oráculos, estes decidiram que os proventos da publicidade não dá para mais um jogador (player), o que significa  mudança de 1/2  para 1/3. 
Em conclusão, dirigível à deriva. Sem norte! Tiros sucessivos nos pés. E não se podem queixar da falta de colaboração de todos os portugueses. Falta uma simples folha A4, onde com clareza se esclareça: o  deve e o haver. O deve não é exclusivo do cidadão pagante. O haver não pode ser de alguns. Já toda a gente percebe todo este pantanal. Voltámos, à pergunta anterior: contas claras e depois a exigência de  sacrifício nacional por uma causa justa e equilibrada.
 Deste modo discricionário não se vai a parte alguma e as medidas ora tomadas só vão gerar mais angústia e desespero. Há muito cidadão honrado, não deve o poder político empurrar  estes cidadãos para um outro cenário. Os dados estão lançados. Basta de manipulação de conversas moles como a supressão dos governos civis , de sub-directores, de viagens em executiva (que nem pagas são). Míseros euros. Quere-se uma política de conteúdo, à escala de milhares de milhões! Os desempregados exigem emprego. Da destruição da indústria, da agricultura, das pescas  no passado colhe-se agora o fruto. O que os políticos não dizem é da falta de capacidade do país em meios técnicos, cientificos e humanos. Com programas de sangue,suor e lágrimas. A ganhuça fácil, a ascensão meteórica dos boys e da politiquice de bolso  levou ao fim de linha. Porém, à ida continuada  aos bolsos dos cidadãos, por vias invias, não muito obrigado!

Sem comentários:

Enviar um comentário