As medidas governamentais excedem as da troika, dizem os apóstolos ultra-liberais! Com este raciocinio elementar se permitia supor que os tais mercados iriam obedecer e respeitar esta profissão de fé, decididamente assumida pela actual classe dirigente. Com muito humor negro se verifica que, após o anúncio destas medidas, as agências de "rating" consideram o país arruinado, i.e.técnicamente falido.
O argumento é simples, Portugal não pode satisfazer os seus compromissos com os credores internacionais sem pedido de novo empréstimo. A gloriosa Europa, esquecida das guerras e do sofrimento dos povos envolvidos, compraz-se a assistir cobardemente ao ataque generalizado do euro por parte da face visivel do capital económico, cujo rosto nunca aparece.
Para acalmar os espíritos destes deuses, dá-se ainda mais o flanco concedendo de mão beijada todas as empresas lucrativas do país: EDP, REN e Galp. E todos os restantes fragmentos que ainda terão de esperar por novas oportunidades. Já não são os anéis que estão em causa, é um país à deriva e à mercê de gente sem rosto. O futuro é risonho, dizem eles, e a realidade da recessão económica faz aumentar o cortejo de desempregados até um limite explosivo. A valentia destes apóstolos revela-se no ataque salarial directo, calando o bico sobre a descrição e informação da actual situação económica do País. O velho estilo manhoso continua a não dissipar a neblina. O problema é que onde não há coerência e distribuição equitativa do esforço, pode ocorrer alguma hecatombe imprevista. Os sacrificados de sempre podem chatear-se. Curioso, porém, o Ex-Presidente Mário Soares deixa o aviso de eventual turbulência.
Entretanto, as agências de rating já se arrogam a derrubar países, hoje uns amanhã outros, perante o gáudio do circo europeu. Se a Europa como um todo não reage, então o peso relativo da Europa face ao mundo tenderá para a nulidade completa..Os argumentos de inocência e de choque do PM perante esta posição destas agências só põem em evidência que é pela posição concertada de todos os portugueses que lá se vai e não pela subserviência à troika externa e a prova de fé de radicalismos ultra-liberais leva a juros mais elevados como se vê e à destruição completa do tecido social. Todo o português honrado deseja pagar as suas dívidas, mas resistir às dos banqueiros, especuladores e chico-espertos encartados é um imperativo de estricto bom senso. O A. Barreto reclama responsabilidades.políticas.
Agora, os dados estão lançados. A passagem do Rubicão é a meta.
Sem comentários:
Enviar um comentário