Em primeiro lugar, deverá cumprir as várias condicionantes para a implantação e assentamento de um castro estável:
- Localização num ponto elevado
- Existência de muro(s) artificiais de defesa
- Existência de fossos
- Dimensões médias que podiam albergar grupos de 100 a 200 pessoas
- Posição estratégica nos altos, permitindo uma visão extensa de território.
No estado actual, alguns destes elementos podem ser confirmados. Relativamente ao primeiro, a resposta é trivial. No que toca à existência de muro(s) artificial, também é verificada. Esta informação resulta de comunicação directa, não existindo motivo para que tal informação não seja fidedigna. Conhecida a existência desse muro, pode inferir-se a possível localização do fosso. Através da dimensão de castros estudados e do seu habitat é possível prever o número de habitantes. A boa visibidade, a existência de zonas de pastoreio e cultivo, a proximidade de bosques e a abundância de água tornavam este castro de certo modo apetecível para castros vizinhos. A pilhagem, o roubo e o saque era frequente nestas épocas.
Uma comunicação directa, veio revelar uma observação curiosa: a existência de uma habitação circular localizada relativamente próxima da localização do sobreiro actual. Esta tem um significado especial, pois permite avançar mais um pequeno passo e, de certo modo, suportar a ideia de que efectivamente se trata de um castro pre-romano , embora depois continuasse ocupado durante a ocupação romana.
Não raro, a actividade dos castros se localiza junto de material necessário à produção tecnologica :cerâmica e produção de utensílios de ferro, na sequência dos objectos de cobre.
O castro formava, à epoca pre-romana, a unidade básica do povoamento do território do norte peninsular (ou em sentido restrito) do nordeste peninsular. Este período é conhecido como época do Ferro-2. Encontravam-se isolados, de distância variável entre eles, e constituiam unidades independentes e auto-suficientes. Não se exclui, a existência de contactos externos entre eles envolvendo laços familiares.
O Castro da Cocolha levanta várias questões de difícil resposta. Afinal, estamos confrontados com três assentamentos distintos no actual território de Angueira: Castro do Gago, Cocolha e actual Angueira. Há várias hipóteses que poderiam ter ocorrido. Qual o destino final do Castro do Gago? Pode pensar-se em extinçao natural, pura e simples, em destruição violenta por qualquer castro vizinho, ou deslocamento pensado para uma nova localização (Cocolha) mais favorável. Aliás, a acual localização do povoado é, também ele, muito estranho já que assenta na sua quase totalidade (exceptuando parte de Sayago) em rocha de xisto.A Capela do S. Cristo é disso, apenas, um exemplo. Há casas talhadas em plena rocha. Não se pode excluir, a hipótese da troca dos papéis entre Cocolha e povoado actual, na época pré-romana (segurança na Cocolha, pastoreio no Vale).
A investigaçao das sociedades primitivas, indigenas, apresenta problemas de monta.
Então, a tentativa de descrição do Castro tem que basear-se em factos, artifícios e objectos que permitam suportar essa descrição e tornar a hipótese plausível. Sobre este Castro da Cocolh ,já existem alguns factos sólidos . A existência da casa circular permite simular a sua tipologia e, se não como registo fotográfico, relativamente próximo da realidade. Ainda é necessário consolidar este facto, através de pessoas que o possam confirmar (rarissimas, mas possível). Além do mais, regista-se a obsevação directa no local de material típico de material de trituração de cereais. A representação aproximada, pode verificar-se nas imagens abaixo.A investigaçao das sociedades primitivas, indigenas, apresenta problemas de monta.
- As fontes históricas dos autores clássicos reportam diferentes épocas, não estabelecendo o periodo exacto em que a descrição era feito. Por vezes, constituia um relato do grau de assimilação do modelo romano pelos habitantes.
- Raramente se pode especificar a zona limite dos castros com cultura comum (descrição dos povos)
- Cada castro, constitui um caso e, portanto, é quase modelo único moldado pelas condicionantes da sua formação.
Fig.1 -Modelo típico de uma casa castreja.
Esta imagem poe em evidencia a sua estrutura básica: geometria circular de pedra solta, uma só entrada, telhado de colmo ou arbustos, sustentado por uma haste de madeira partindo do seu centro. Nesta haste iam entroncar as vigas de madeira que ficavam apoiadas na parede circular. A protecçao da entrada da casa poderia existir ou não. A extrapolação de modelos de casa estudados não é válida, daí só tomar como plausível este modelo para a descrição oral descrita acima. Mesmo esta vai ter que ser submetida às lembranças distantes do conterrâneo. Todavia, considera-se como altamente provável esta geometria. Em geral, tinham um diâmetro da ordem de 3,5 m, funcionava como cozinha e descanso e constituia essencialmente a parte associada à família constituída em média por 3/4 individuos. A geometria circular não é exclusiva, aparecendo noutros castros estudados este elemento circular associado a um celeiro (de melhor construção), e um anexo com ligações (curral).
Fig.2 - Modelo de moinho manual
Modelos deste tipo podiam ser observados por qualquer um, em tempos não muito distantes.
A arqueologia, a toponimia (geografia), epigrafia (escrita) e a onomástica(nomes) permitem um grande avanço mas continuam muitos problemas em aberto, não permitindo caracterizar etnica e culturalmente um povoado.Já referimos que que a localização de Angueira fica no vértice da confluencia de vários povos e, portanto, será licito admitir que terá recebido a influência de alguns/muitos deles. Um muito importante, relacionado ou não com os castros tem a ver com o aparecimento de berrões (porca de Murça, como elemento representativo) em aldeias próximas (Parada, em Portugal; porca -Bragança,Metallanes (touro)-Alcanices, entre outros). Os berrões tiveram uma grande expressão em zonas de Espanha e também de Portugal. .Mas esta questão é outro enigma, não abordado por agora.Não é portanto de excluir o seu aparecimento, num qualquer dia pardacento e acaso da sorte.
Este povoado, embora primitivo, cria já no além e adorava os seus deuses. Enterrava os seus mortos. Creio que foi este o objectivo principal da visita de J.L.Vasconcelos em 1902. Andava certamente à procura da cultura celta, e dos deuses. Em termos de simbologia, a rosácea figura na estela granítica e nas demais encontradas próximas do local da Cocolha , levando a supor a origem celta deste povoado. A juntar, às provas comprovatórias sólidas pode juntar-se o conjunto de estelas com a presença das rosáceas. Este elemento símbólico tem perdurado ao longo dos tempos, por vezes suportado por organizações emblemáticas como os Templários entre outras.
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