A personalidade do general
Os termos "General" e " batalha" que constam do texto referido anteriormente requerem uma certa atitude crítica, na medida em que é comummente aceite que "General" comanda um exército de grandeza considerável e consequentemente estariam envolvidos dois grandes exércitos. Ora não parece ter sido o caso, como tentei sugerir, dado que a zona de Angueira faria certamente parte de uma faixa envolvente da via de circulação principal dos exércitos, em torno das vias romanas. A via da Prata que ligava Mérida a Astorga seria, portanto, a via de circulação principal e que os muçulmanos utilizaram a partir do Sul de Espanha para atingir a parte Norte da Peninsula, em direcção a Santiago de Compostela. Estes movimentos militares são mais ou menos bem conhecidos. A partir do declíneo do poder romano e com a chegada dos bárbaros-Suevos, é natural que toda a zona tenha entrado também em declíneo, com degradação da vida alcançada pelo Séc.III. Paulatinamente, os Suevos foram-se implantando no Norte, com capital sediada em Braga. Dada a característica deste povo migrante, viria a ser dominado por outro povo afim - Os Visigodos, que fizeram de Toledo a sua capital e acabariam por dominar os Suevos. O carácter belicoso dos Suevos para com as populações locais, acabou por envolver directamente o poder religioso na contenda em defesa das populações, tendo-se destacado o Bispo Idalécio de Chaves. Ora no seio da Igreja existiam várias contendas religiosas, derimidas nos Concílios. Esta perturbação deu origem a uma certa dissolução de poder e consequente insegurança das populações. Ter-se-ão vivido tempos conturbados desde as invasões bárbaras até a invasão muçulmana ocorrida em 711. Esta invasão muçulmana foi fulminante, pois, em poucos anos tinha assumido o controle de grande parte da Hispânea, devido à desordem e debilidade do Reino visigótico.
Uma nova realidade,cultural, política e religiosa, estava a instalar-se na península ibérica: designada por El-Andaluz. O poder remanescente do poder visigótico foi o núcleo inicial da resistência ao poderio muçulmano.O que restou do reino visigótico ter-se-ia organizado nas Astúrias, acontecendo o primeiro embate entre Cristãos e Muçulmanos em Covadonga. As populações começaram por aceitar a situação, pois entre um poder e outro venha o diabo e escolha. Foram tolerantes quanto à religião no início, mas impostos e rendas pesadas sobre os cristãos ajudaram ao movimento organizado de rebelião: A Reconquista. Em traços muito largos, com a morte de Afonso III das Astúrias, os seus filhos partilharam o território, vindo o seu filho primogénito Garcia a intitular-se Rei de Leão (910-914). Por exemplo, Rabanales aparece citado num documento de Afonso III. Entretanto o centro decisório passou das Astúrias (Oviedo), para a cidade de Leão. Zamora foi repovoada no ano de 912, e terá sido por esta altura que se teria revitalizado esta região. É neste contexto, que a influência leonesa se estende à zona de Angueira, trazendo consigo a matriz da língua mirandesa. Nesta indefinição, a possessão desta vasta extensão territorial era dominada pelos Bragançãos, com grande peso e influência política no reino de Leão. Estes Bragançãos iriam ter uma grande importância no nascimento da nacionalidade com D. Afonso Henriques. Não detalhámos a evolução político-militar do Reino de Leão e Castela, pois o nosso objectivo primordial é tentar saber em que contexto poderia ter surgido o citado "general". Dentro da problemática do Reino de Leão, procurou colmatar-se o despovoamento de algumas zonas com a vinda de populações francesas, da Borgonha, ao que parece com excesso de população e garantir a sua defesa por intermédio das Ordens Militares. Alcanices foi uma defesa muralhada da Ordem dos Templários, dela dependendo ainda em 1210. Da muralha apenas resta a Torre do Relógio. Transitou de mãos quando da extinção trágica da Ordem.
Do bom relacionamento político do Reino de Leão com o condado da Borgonha, acabou por vir neste pacote, o pai de D. Afonso Henriques, com casamento aprazado com Dona Teresa. Dona Teresa tem sido maltratada, por vezes, mas foi a genuina motora da criação de um reino próprio seu, sob o qual ardentemente desejava ser futura rainha. Lutou, sendo seguido neste caminho pelo Infante Afonso Henriques. Divergências políticas colocaram-nos em confronto (batalha de São Mamede), sob a influência religiosa do Arcebispo de Braga.
Do meu ponto de vista, este é o factor relevante para a conjectura sobre o General que tentarei fundamentar. Desde Salamanca, a via da Prata dirige-se para Zamora, daqui podendo derivar para Bragança, através de Alcanices. De notar que a unidade romana de distância entre as "mansões ou paragens" era de 42 milhas romanas, que corresponde a 62 Km actuais. Estas paragens acabaram por transformar-se nos núcleos centrais das cidades actuais : Salamanca, Zamora e Benavente entre outras.
Uma nova realidade,cultural, política e religiosa, estava a instalar-se na península ibérica: designada por El-Andaluz. O poder remanescente do poder visigótico foi o núcleo inicial da resistência ao poderio muçulmano.O que restou do reino visigótico ter-se-ia organizado nas Astúrias, acontecendo o primeiro embate entre Cristãos e Muçulmanos em Covadonga. As populações começaram por aceitar a situação, pois entre um poder e outro venha o diabo e escolha. Foram tolerantes quanto à religião no início, mas impostos e rendas pesadas sobre os cristãos ajudaram ao movimento organizado de rebelião: A Reconquista. Em traços muito largos, com a morte de Afonso III das Astúrias, os seus filhos partilharam o território, vindo o seu filho primogénito Garcia a intitular-se Rei de Leão (910-914). Por exemplo, Rabanales aparece citado num documento de Afonso III. Entretanto o centro decisório passou das Astúrias (Oviedo), para a cidade de Leão. Zamora foi repovoada no ano de 912, e terá sido por esta altura que se teria revitalizado esta região. É neste contexto, que a influência leonesa se estende à zona de Angueira, trazendo consigo a matriz da língua mirandesa. Nesta indefinição, a possessão desta vasta extensão territorial era dominada pelos Bragançãos, com grande peso e influência política no reino de Leão. Estes Bragançãos iriam ter uma grande importância no nascimento da nacionalidade com D. Afonso Henriques. Não detalhámos a evolução político-militar do Reino de Leão e Castela, pois o nosso objectivo primordial é tentar saber em que contexto poderia ter surgido o citado "general". Dentro da problemática do Reino de Leão, procurou colmatar-se o despovoamento de algumas zonas com a vinda de populações francesas, da Borgonha, ao que parece com excesso de população e garantir a sua defesa por intermédio das Ordens Militares. Alcanices foi uma defesa muralhada da Ordem dos Templários, dela dependendo ainda em 1210. Da muralha apenas resta a Torre do Relógio. Transitou de mãos quando da extinção trágica da Ordem.
Do bom relacionamento político do Reino de Leão com o condado da Borgonha, acabou por vir neste pacote, o pai de D. Afonso Henriques, com casamento aprazado com Dona Teresa. Dona Teresa tem sido maltratada, por vezes, mas foi a genuina motora da criação de um reino próprio seu, sob o qual ardentemente desejava ser futura rainha. Lutou, sendo seguido neste caminho pelo Infante Afonso Henriques. Divergências políticas colocaram-nos em confronto (batalha de São Mamede), sob a influência religiosa do Arcebispo de Braga.
Do meu ponto de vista, este é o factor relevante para a conjectura sobre o General que tentarei fundamentar. Desde Salamanca, a via da Prata dirige-se para Zamora, daqui podendo derivar para Bragança, através de Alcanices. De notar que a unidade romana de distância entre as "mansões ou paragens" era de 42 milhas romanas, que corresponde a 62 Km actuais. Estas paragens acabaram por transformar-se nos núcleos centrais das cidades actuais : Salamanca, Zamora e Benavente entre outras.
Os costumes e a espiritualide religiosa de Cluny prevaleceram durante o reinado de Afonso VI (1065-1109), imperador de toda a Hispânia e conquistador de Toledo em 1085. As sortidas militares e o seu avanço para o Sul, forçou os reis muçulmanos das taifas de Granada, Sevilha e Badajoz a pedir ajuda aos Almorávidas. As investidas cristãs eram ,em geral, parceria de vários reinos cristãos e de reinos muçulmanos aliados. Destaca-se El Cid na liderança das hostes cristãs. Porém, Afonso VI foi derrotado pelos muçulmanos na célebre batalha de Zalaca (1086). Avanços e recuos das forças cristãs, tornavam todo o território hispânico inseguro e instável. Esta instabilidade permanente desde o Sec. VII até ao XI, conduzia em termos religiosos a um certo isolamento do mundo real, ou seja o fenómeno eremita era bastante frequente e admite-se que a associação de alguns poucos eremitas estivessem na origem de pequenas capelas ou lugares de culto onde fosse possível praticar e assistir a actos religiosos fundamentais.
Os acontecimentos do El-Andaluz e do avanço da religião muculmana ao continente europeu vieram despertar algumas consciências europeias, tornando-se os pensadores proeminentes da Europa, em particular São Bernardo de Claraval. Ora este Santo procedia de família influente do Condado da Borgonha, tal como D. Henrique da Borgonha. Há aqui laços familiares com D. Afonso Henriques que alguns historiadores consideram relevantes, por duas ordens de razão: o aspecto religioso e o militar. Sem entrar em pormenores, Angueira acabou por ser associada ao Mosteiro de Moreruela - cistercience (parte religiosa e organização económica) e D. Teresa (1127) foi a primeira doadora de bens à Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão-Templários (Fonte Arcada em Penafiel, seguida de Soure), estatutos que São Bernardo redigiu. Distinguiu-se na tomada de Jerusalém (1096) aquando da 1ª. Cruzada. Esta ordem contava apenas com 9 membros em 1118, transformado-se numa organização poderosa, temida e invejada,em menos de 200 anos. A implantação dos mosteiros cistercienses em Espanha parecem ser de data tardia, mas estes mosteiros tiveram uma influência capital no repovoamento e na defesa cristã contra os mouros. Os Templários de Alcanices deram o seu contributo para a defesa, sendo apesar de tudo uma fronteira mais ou menos segura, àparte as investidas das hostes muçulmanas. O próprio Afonso Henriques foi armado cavaleiro em Zamora (1125), e segundo alguns historiadores era um dos Templários. Os Templários sofreram uma pesada derrota em Soure, vindo D. Afonso Henriques a doar-lhe Tomar (1159), sendo seu primeiro mestre Gualdim Pais. D. Afonso Henriques não apenas recorreu aos Templários como componente defensiva do território cristão (inseguro a partir de Coimbra) mas como parte integrante de conquista.
A Ordem foi extinta em 1307 por Filipe o Belo em França e o seu Gão Mestre, julgado e condenado à fogueira. Os seus membros dispersos e perseguidos, tudo sob o beneplácito do Papa Clemente V. Houve uma excepção de desobediência inteligente à ordem de Filipe o Belo, respaldada pelo Papa Clemente V. O então Rei de Portugal, D. Dinis, que conseguiu convencer o Papa Clemente V que os Templários em Portugal seriam enquadrados por uma nova Ordem - A Ordem de Cristo, dando assim protecção aos cavaleiros templários foragidos e impedindo a confiscação dos seus bens com base numa argumentação jurídica da sua posse. Os bens dos Templários seriam da Coroa, conservando eles apenas a sua delegação de posse. Quão distante estamos dos yes-man dos tempos de hoje!
Regista-se o fragmento do texto que refere o aparecimento de uma lança nas imediações da Capela de São Miguel, e que faz também parte do património histórico de Angueira e depositado no M.A.B.
Conclusão: A conjectura sobre a personalidade do general referido enquadra-se nos primórdios da nacionalidade portuguesa, sendo do nosso ponto de vista dar como data possivel em que esses acontecimentos tenham ocorrido no intervalo : 950-1140. O artigo indicado anteriormente, deve ser ele próprio, inspirado nos escritos ou transmissão oral do Mosteiro de Moreruela (?documentos). Sabe-se que o Museu Abade de Baçal possui o fragmento de um objecto - lança encontrada nas imediações da Capela. Ora se houve uma batalha, deve haver vestígios e, por informação de um conterrânea, há vestigios de achados não totalmente explicados nas imediações. A referência a eremita poderá ter a ver com os votos da Ordem (castidade, pobreza, obediência), e do monje -militar, o da defesa da cristandade , não só dos mouros como de simples salteadores. Dada a complexidade deste tema, não deve descurar-se a leitura da bibliografia sobre estas questões.
Para finalizar, uma outra questão se levanta: o da provável edificação da Capela original. Tudo leva a crer, que sofreu várias reconstruções ao longo dos anos, estranhando-se o facto dos monjes de Moreruela - tão diligentes na escrita das normas do Foro de Angueira, não se refiram a esta questão.Voltarei ao assunto (V.E._2011).
Os acontecimentos do El-Andaluz e do avanço da religião muculmana ao continente europeu vieram despertar algumas consciências europeias, tornando-se os pensadores proeminentes da Europa, em particular São Bernardo de Claraval. Ora este Santo procedia de família influente do Condado da Borgonha, tal como D. Henrique da Borgonha. Há aqui laços familiares com D. Afonso Henriques que alguns historiadores consideram relevantes, por duas ordens de razão: o aspecto religioso e o militar. Sem entrar em pormenores, Angueira acabou por ser associada ao Mosteiro de Moreruela - cistercience (parte religiosa e organização económica) e D. Teresa (1127) foi a primeira doadora de bens à Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão-Templários (Fonte Arcada em Penafiel, seguida de Soure), estatutos que São Bernardo redigiu. Distinguiu-se na tomada de Jerusalém (1096) aquando da 1ª. Cruzada. Esta ordem contava apenas com 9 membros em 1118, transformado-se numa organização poderosa, temida e invejada,em menos de 200 anos. A implantação dos mosteiros cistercienses em Espanha parecem ser de data tardia, mas estes mosteiros tiveram uma influência capital no repovoamento e na defesa cristã contra os mouros. Os Templários de Alcanices deram o seu contributo para a defesa, sendo apesar de tudo uma fronteira mais ou menos segura, àparte as investidas das hostes muçulmanas. O próprio Afonso Henriques foi armado cavaleiro em Zamora (1125), e segundo alguns historiadores era um dos Templários. Os Templários sofreram uma pesada derrota em Soure, vindo D. Afonso Henriques a doar-lhe Tomar (1159), sendo seu primeiro mestre Gualdim Pais. D. Afonso Henriques não apenas recorreu aos Templários como componente defensiva do território cristão (inseguro a partir de Coimbra) mas como parte integrante de conquista.
A Ordem foi extinta em 1307 por Filipe o Belo em França e o seu Gão Mestre, julgado e condenado à fogueira. Os seus membros dispersos e perseguidos, tudo sob o beneplácito do Papa Clemente V. Houve uma excepção de desobediência inteligente à ordem de Filipe o Belo, respaldada pelo Papa Clemente V. O então Rei de Portugal, D. Dinis, que conseguiu convencer o Papa Clemente V que os Templários em Portugal seriam enquadrados por uma nova Ordem - A Ordem de Cristo, dando assim protecção aos cavaleiros templários foragidos e impedindo a confiscação dos seus bens com base numa argumentação jurídica da sua posse. Os bens dos Templários seriam da Coroa, conservando eles apenas a sua delegação de posse. Quão distante estamos dos yes-man dos tempos de hoje!
Regista-se o fragmento do texto que refere o aparecimento de uma lança nas imediações da Capela de São Miguel, e que faz também parte do património histórico de Angueira e depositado no M.A.B.
Conclusão: A conjectura sobre a personalidade do general referido enquadra-se nos primórdios da nacionalidade portuguesa, sendo do nosso ponto de vista dar como data possivel em que esses acontecimentos tenham ocorrido no intervalo : 950-1140. O artigo indicado anteriormente, deve ser ele próprio, inspirado nos escritos ou transmissão oral do Mosteiro de Moreruela (?documentos). Sabe-se que o Museu Abade de Baçal possui o fragmento de um objecto - lança encontrada nas imediações da Capela. Ora se houve uma batalha, deve haver vestígios e, por informação de um conterrânea, há vestigios de achados não totalmente explicados nas imediações. A referência a eremita poderá ter a ver com os votos da Ordem (castidade, pobreza, obediência), e do monje -militar, o da defesa da cristandade , não só dos mouros como de simples salteadores. Dada a complexidade deste tema, não deve descurar-se a leitura da bibliografia sobre estas questões.
Para finalizar, uma outra questão se levanta: o da provável edificação da Capela original. Tudo leva a crer, que sofreu várias reconstruções ao longo dos anos, estranhando-se o facto dos monjes de Moreruela - tão diligentes na escrita das normas do Foro de Angueira, não se refiram a esta questão.Voltarei ao assunto (V.E._2011).
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