Na ausência de perspectivas de exploração arqueológica imediata, resta um estudo comparado das fíbulas encontradas em castros da região (Espanha e Portugal). Fundamentada esta orientação, vamos descrever em termos sintéticos o estádio da descrição de fíbulas por peritos vários. O assunto é matéria de controvérsia acesa entre estes peritos, e as conclusões contraditórias entre si. Por isso, a nossa própria análise não está isenta de erro, e portanto, só poderá valer como evidência relativa, e como conhecimento fornecido aos conterrâneos da existência e localização actual do seu património.
Fig.1-Fíbula de ponte encontrada na Cocolha(Angueira)
Feito este pre-âmbulo, remetemos para os extensos escritos de Armando Coelho F.S., e seus colaboradores sobre este tema e outros afins.
A fíbula é um artefacto, de uso pessoal e carácter decorativo, e em certa medida um carácter distintivo de quem o utiliza. Permite inferir dados sobre a comunidade que os utilizou e/ou os produziu ou comercializou. A fíbula em causa é descrita como do tipo transmontano. Se foi produzida ou não no Castro da Cocolha depende da informação complementar que certamente ainda permanece escondida no Castro da Cocolha. Estranha-se o posicionamento do Igespar,admitindo omo facto consumado a degradação recente do seu perímetro, e não impondo regras claras para a sua manutenção, ao menos, no seu estado actual. Joga-se também o interesse das populações em termos económicos. Tal como os romanos aí interferiram, não foi à procura de produtos resultantes da comercialização da pastorícia, mas dos metais de mais valor acrescentado. Ora o interesse actual, aponta para a conservação do património histórico e cultural como um dos factores de desenvolvimento. Mais quatro pinheiros plantados nada resolve, e além do mais, os pinheiros actuais não têm sequer saída comercial. Sobre este aspecto, estámos conversados: Estado de conservação: Mau! Péssimo, diria, qualquer um!
J.Fortes (1904) emitiu ã opinião que as fibulas do tipo "transmontano, de largo travessão" dificilmente se poderiam classificar como anteriores ao periodo da romanização. Segundo este autor, estas fíbulas poderiam ser datadas dos Sec.I e II da nossa era. Porém, esta opinião não é partilhada por outros autores, e a data poderá varrer o período de IV Sec.(AC) até o Sec. II, (D.C.). A. Coelho parece apontar para o Sec.II (A.C.), 138 anos (A.C.) - associada de algum modo à campanha militar de Décimo Júnio Bruto na Península, ideia partilhada por J. Fortes num caso específico, e que poderia resultar de um processo de comercialização. Esta fíbula foi também objecto de estudo de caracterização metálica (%Cobre (Cu), %-Chumbo(Pb); %Estanho (Sn)) de Salete da Ponte M. A nossa perspectiva não está voltada, nesta fase, para esta controvérsia, mas tão somente, indagar onde para o património histórico de Angueira.
O eventual achado de moedas no local poderia contribuir para o esclarecimento desta e doutras questões, mas isso só se conseguirá através de escavações orientadas no local, sob responsabilidade directa de autoridades competentes na matéria.
Refere-se, de modo recorrente, ao achado de moedas no local ,até pelo Igespar. Tal como fizemos até aqui, vamos tentar localizar o seu paradeiro. Cremos, que serão mais as vozes que as nozes.
Conclusão: A fíbula referida permite confirmar que já nos distantes anos dos Sec. I e II (A.C.) existiria uma certa diferenciação da comunidade local, em termos de classe social, e já se estaria longe do primitivo igualitarismo de uma comunidade agro-pastoril. A certeza, pelos vestígios abundantes, de escórias de ferro levanta uma questão sobre o grau de desenvolvimento dessa mesma comunidade. A recorrente e sistemática delapição do património aponta para os já longínquos anos do fim do Sec. XIX e início do Sec.XX (1900), onde a febre da procura do "minério" da Cocolha começou e de que há registo. Áparte o propalado achado (mas nunca confirmado, por via directa ou indirecta), do célebre objecto de ouro não consta que alguém tenha enriquecido por esta via, por oposição ao trabalho árduo e constante, ao longo dos anos.
Este texto não tem carácter definito e absoluto, pelo que está aberto a todas as sugestões e críticas (via comentário).
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